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Bananas para o Preconceito (Rocinha - 2019)

A Guerreira Negra que Dominou os Dois Mundos (Rocinha - 2020)

O presente enredo busca evidenciar a cultura negra em um espaço de resistência, a história dos valentes heróis do Brasil Negro, dos quais muitos desconhecem, ou insistem em não reconhecer. Memoráveis por trajetórias de lutas, do sonho da liberdade e igualdade. Nessa ambiência, Maria da Conceição, a Maria Conga, que teve a vida norteada por tais ideais, apesar de todas as adversidades e sofrimentos, terá a história, baseada em fatos e livremente adaptada, alçada à luz.

Nossa guerreira sofreu perseguições por causa da luta pelos direitos e ideais em nosso mundo. Fundou um Quilombo de resistência e acolhimento que, atualmente, e uma comunidade (Quilombo de Maria Conga) habitada por uma população majoritariamente negra, e foi a primeira comunidade quilombola reconhecida na Baixada Fluminense. Proclamada heroína da cidade de Magé, em 1988, no centenário da abolição da escravatura, Maria Conga, por volta de 1895, após seu falecimento, tornou-se um espírito de luz. Consagrada por Oxalá e coroada por Zambi, ela continua sua missão, seu legado, ao receber os que precisam.
 
Por tudo isso, a guerreira negra que dominou os dois mundos, Maria Conga, terá a trajetória de vida, em nosso mundo, e sua importância no mundo espiritual, contada no maior espetáculo a céu aberto da Terra. O palco será a Marquês de Sapucaí, no festejo momesco da cidade do Rio de Janeiro, nossa Cidade Maravilhosa.

Desenvolvimento
 
Festa para a princesa congolesa

No continente africano, na região do Congo, uma tribo congolesa está em noite de festa. É o nascimento da princesa da tribo. Festa, canto e dança, com muita fartura, para receber a princesa que nascia sob a luz do luar. Festejos que seriam repetidos sete anos depois para o batismo nominal da alteza. Ela seria apresentada sob a luz da grande lua cheia que, em um sopro do vento, traria seu nome, como reza a lenda dos costumes da tribo local.

Erguida para ser banhada com a luz da grandiosa lua cheia, antes que o vento soprasse seu nome nos ouvidos de seu pai, toda alegria de uma noite farta e feliz foram brutalmente interrompidas, e todos ali foram agressivamente aprisionados e escravizados. Empilhados em centenas, em condições desumanas, e piores que as de outras mercadorias, onde pouco mais da metade das pessoas aprisionadas sobreviviam a bordo de um navio de incertezas, sofrimentos e muita dor, desde a Costa do Congo até o desembarque na Bahia de Todos os Santos.

O Destino e o batismo, Maria da Conceição
 
Em terras brasileiras, por volta de 1804, no Porto de Salvador, na Bahia, o destino da pequena princesa mudaria novamente.

Separada da família, vendida para um senhor que a batizou de Maria da Conceição, a guerreira negra começa o novo caminho de luta, resistência e proteção aos seus pares. Viveu todas as agruras comuns aos escravos e fez da liberdade a causa da sua vida inteira. Com cerca de 18 anos de idade, chegou a Magé, vendida a um fazendeiro alemão, dono de uma fazenda de café. Ela se destacava pela liderança entre os escravos na senzala, na luta pelo fim da escravidão.

Alforriada após anos de trabalho escravo, por volta de 1854, Maria não se dá por satisfeita, continua sua luta pela liberdade e também se depara com uma nova realidade: a falta de direitos dos alforriados, que, após serem libertos, eram jogados nas ruas e muitos voltavam ao trabalho escravo por falta de opção.

O Quilombo de Maria Conga, luta, resistência e acolhimento

Agora chamada de Maria Conga, como preferia, perseguida por sua luta, apesar de alforriada, fundou um Quilombo que servia de abrigo e dava proteção aos negros refugiados da guerra contra jagunços e capitães do mato.

Magé/Guapimirim, onde morreu no final do século XIX. A brava lutadora não deixou descendentes e nunca reencontrou sua família novamente.

Guiada por espíritos de luz ao reino das almas

A guerreira Maria Conga deixa nosso mundo para ser guiada por espíritos de luz ao encontro da consagração feita por Oxalá e sua coroação por Zambi. Ao exemplo de toda sua luta, liderança e acolhimento na terra, recebe em sua consagração e coroação no Reino das Almas, a liderança da linha dos Pretos Velhos de Iemanjá, a mãe de todos. Tudo para dar continuidade a sua missão, ao seu legado, e também, receber os que precisam.

A negra guerreira, líder, passou a maior parte da vida nas matas de Magé/Guapimirim, onde morreu no final do século XIX. A brava lutadora não deixou descendentes e nunca reencontrou sua família novamente.

A Preta Velha Maria Conga se eterniza no plano espiritual com sua doçura e proteção nos calorosos abraços de vovó. Nos concede direcionamento através da luz em nossos caminhos, segurança com seus patuás, curas com suas ervas, benzeduras com suas rezas, e também, a força espiritual para continuarmos na batalha por direitos, justiça e igualdade.

Quando, ainda hoje, na busca por condições mais justas, existem perseguições severas, com tentativas implacáveis de nos calar, ceifando nossas vidas com a moderna chibata de gatilho, pólvora e chumbo, que desfere centenas de chicotadas a bala. Mesmo assim, Maria Conga nos recebe em seu Quilombo de resistência no Reino das Almas e nos acaricia, nos acolhe. E, com um poder inexplicável, faz com que nossas vozes sejam ouvidas, mesmo com a vida ceifada, muito mais alto pelos quatro cantos do mundo, multiplicando a força da nossa resistência, timbrando nossa existência, sempre presente!

“Capturaram meu corpo, mais minha alma seguirá livre pela eternidade.” Maria Conga

Sinopse, Pesquisa e texto: Marcus Paulo