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Eu que te Benzo, Deus que te Cura (Renascer de Jacarepaguá - 2020)
Eu que te Benzo, Deus que te Cura (Renascer de Jacarepaguá - 2020)

JUSTIFICATIVA DE ENREDO

Quebranto, cobreiro, espinhela caída, erisipela, vento virado.

Quem quer que percorra os povos das pequenas cidades do interior ou mesmo das periferias das grandes cidades vai se deparar, em um momento ou outro, com alguns desses nomes que fazem parte de um mundo mágico-religioso, povoado de rezas, crenças, simpatias e benzeções. Uma mãe quando diz 'Eu Te Amo' para o filho, isso é um bem dizer.

A "BÊNÇÃO" na liturgia vem de 'Bene-dicere' (em Grego, Eu-loguéo) e significa: 'Falar bem de, desejar algo bom a alguém, louvar, abençoar'. O benzimento é um costume antigo que significa tornar algo bento ou abençoado, mas é muito mais que isso. É um ato de fé!

Então, se deixe levar pela magia e espiritualidade aflorada das benzedeiras dessa terra chamada Brasil.

A Renascer de Jacarepaguá traz a energia e o encantamento desse universo mágico religioso.

O Benzedor, benzedeira ou benzedeiro, rezador e até mesmo raizeiro, como são conhecidos, fazem parte da cultura popular e da história, são também patrimônio imaterial.

A benzedeira nos serviu como inspiração para mostrarmos essa manifestação da pluaridade espiritual que vai do louvor aos cultos de feitiçaria. Passa pela prática indígena e seus rituais. Pelas bênçãos do Preto Velho e as energias do Passe. Entraremos na magia das ervas, dos objetos catalisadores, do benzimento. E até as casas com seus altares domésticos, que traduzem perfeitamente a sua fé, com arranjos estéticos que misturam as imagens de santos católicos, das entidades de umbanda, dos orixás do candomblé, fotografias pessoais, ex-votos que fazem com que a energia que mora no espaço desse altar seja sagrado.

Até fevereiro de 2020.
Agradecemos!

Leia-se como prece de uma senhora rezadeira:

"Em nome do Pai e da Virgem Maria",
Te rezo e te benzo com o sentimento mais puro.

Rogo a graça da bondade,
Peço compreensão, isso não é bruxaria não.
Velha parteira como muitos diziam,
Não me queime viva, pois nada de mim você sabia.

Pajé libertador, Preto Velho, sábio senhor,
Espírito puro, carregado de amor.
É preciso acreditar nas orações. É preciso ter fé!
Senão a oração não tem valia não.
Meu conhecimento vem da mistura de crenças, das tradições e religiosidade.
Minha herança é europeia, indígena e africana de verdade.
Senhora rezadeira de muita brasilidade.

Trago rezas e benzeções para aliviar seus desconfortos físicos e do coração.
Quebro e desligo de toda e qualquer maldição, feitiço e sedução.
Sinta o cheiro das ervas, de incenso e de defumador.
Sou também raizeira, sim senhor.
Tenho nas mãos objetos simbólicos como arruda, terço, ramos de folhas, crucifixos e vela.
Tenho na fala, no gesto, e nos olhos fechados, o dom de curar o irmão.
De amenizar as mazelas!

A Deus rogo que te cure de espinhela caída, mau olhado e ventre virado.
Corto cobreiro bravo. Corto cabeça e corto o rabo.
Te rezo no meu humilde altar.
Que Cristo te olhe e te proteja em teu caminhar.

Vai Renascer das graças, na fé de Maria, na palavra que corta inveja,
Maldade e feitiçaria.
Em minha passagem como a Pomba da paz nessa terra,
Que encaixe a alegria desse instante.
Gloria a Deus! O mal se desfez e a luz Renasceu!
No mundo pintado, sonhado,
Dedicado, feito de Fantasia e Fé,
Na Avenida, que Deus te deu.

'EU QUE TE BENZO, DEUS QUE TE CURA.'

"Em nome das três palavras da Santíssima Trindade,
Meus irmãos, tá feito o pedido.
Peço que seja firmado com Deus, nosso Senhor Jesus Cristo.
Até segunda ordem daquele Pai, enquanto meu aparelho na terra viver, tô junto com todos os nossos irmãos. Em nome de Jesus.
Deus é quem abençoa. Deus dá paz, dá harmonia, dá conforto para que sejamos todos felizes. Peço a Deus por todos, em nome de Jesus".

(Caboclo Pena Branca)
Dona Odília, "Engenheiro Paulo de Frontin - Rezadeira", 2012