Sinopse Renascer 2009
Como
vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem? (Renascer de
Jacarepaguá - 2009)
Carnavalescos: Paulo Barros
e Paulo Menezes
Durante milhares de anos, o homem caminhou sobre a Terra. Hoje
alguns povos ainda se deslocam lentamente, passo a passo, como os
ciganos e peregrinos. Caminhar é o meio de locomoção mais
antigo e rudimentar. Vencer longas distâncias carregando sua
bagagem sobre os ombros, ou arrastando-a. O peso aumentava e as
dificuldades de carregar artefatos, alimentos e utensílios,
também.
O transporte terrestre cresceu com a domesticação dos animais,
tais como cão, cavalo, rena, burro, camelo, boi, búfalo,
elefante, lhama etc, pois o homem percebeu que poderia usar a
força animal para sua locomoção e o transporte de carga. Uma
mão na roda passam a ser os carros de boi, as carroças, as
carruagens. O conhecimento se funde e os bichos que levavam o
peso no lombo começam a puxar os primeiros veículos. Picadas e
trilhas viram caminhos e estradas. A viagem segue.
Até a era pré-moderna, as pessoas passavam uma vida inteira
restritas a viagens de poucos quilômetros. Para vencer pequenas
distâncias, atravessavam meses de viagem, em andanças
intermináveis que pouco influenciavam a mudança de paisagem.
Velas ao mar, o vento favorável conduzia a terras distantes,
línguas incompreensíveis, culturas diversas. As grandes
navegações criaram novas rotas, périplos perigosos; múltiplos
trânsitos revelaram um mundo desconhecido. As viagens
científicas foram as primeiras a traçar os mapas, desenhando e
nomeando baías, enseadas, rios, montes e praias.
Naus e caravelas enfrentam os perigos dos mares, onde realidade e
fantasia se confundem, tornando ainda maior o desafio: o medo dos
monstros marinhos, dos naufrágios e do fim do mundo na linha do
horizonte não impediu os navegantes de buscar ilhas desertas,
terras perdidas.
Aportaram em outras cantos povoados por animais e plantas
exóticas, gente estranha. O interminável oceano conduziu os
viajantes a tantos outros mares, outros continentes, outras
culturas. Países invadidos, trocas culturais, científicas e
econômicas. Novos horizontes se abriram e o homem explorou o
mar, dominou a sua superfície, mergulhou no seu mundo silencioso
e escuro.
Esse desejo insaciável de explorar o desconhecido, ultrapassar
fronteiras e limites, levantou âncoras e asas. Poderiam os
navegantes que se orientavam através das estrelas imaginar que o
homem, séculos depois, estaria navegando pelos céus? Que todo o
conhecimento extraído das viagens náuticas seria utilizado para
cruzar os ares e pousar nas estrelas? Planos invertidos, os
navegantes dos céus contemplam os mares de suas aeronaves.
Observam o planeta azul e, mais uma vez, se emocionam com suas
conquistas.
O ímpeto da vitória conduz a muitos lugares, produz visões e
emoções que só serão vivenciadas por aqueles que não temem o
perigo, a altura, a velocidade. Que paixão é essa que leva o
homem a correr riscos inaceitáveis em busca da superação?
Movido pelo mesmo desejo de descobrir novas emoções, o homem se
desloca em motos envenenadas, salta pelos ares em pára-quedas,
coloca asas e experimenta um vôo solitário. Pilota carros de
alta tecnologia, em que uma fração de segundos o separa do
grito da vitória. Ciência e tecnologia são investidas no ganho
de melhor desempenho nas pistas.
Todo esse conhecimento, pouco a pouco, vai sendo incorporado ao
cotidiano. Os novos veículos criados permitem uma melhor
locomoção e os antigos caminhos se transformam em verdadeiras
estradas, para permitir acesso mais rápido entre cidades. Os
carros deslizam nas avenidas, se multiplicam. Correm histórias e
identidades pelas pistas.
Passado e presente se sobrepõem nas ruas. Caminhos que contam a
história da humanidade. Um enredo que narra mais uma paixão.
Aquela que atravessa séculos conduzindo o homem chega à
Sapucaí: "Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de
trem?" A Renascer cruza a Avenida.