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A Invenção da Amazônia - Um Delírio do Imaginário de Julio Verne (Porto da Pedra -
2023)
Apresentação do Enredo O
imaginário humano sempre foi permeado de mitos e lendas dando
forma a fabulações que construíram o entendimento
da humanidade sobre fatos e lugares. O delírio sempre foi
parceiro dos viajantes, principalmente, por potencializar os seus
imaginários, e assim, transformar o real em
extraordinário. Desta forma, simples relatos se tornaram
histórias que, por longos períodos, foram a única
forma de revelar lugares desconhecidos ao redor do mundo.
Foi assim, fascinado pelo poder de inventar, que Júlio Verne transportou leitores em viagens extraordinárias. Em uma destas aventuras delirantes, a mente inventiva do francês cria uma jangada – título de um de seus livros – para navegar a gigantesca extensão do Rio Amazonas. A bordo deste louco maquinário, o G.R.E.S. Unidos do Porto da Pedra, lhe convida a embarcar neste “delírio-enredo”, que apresentará as figuras que deram forma ao imaginário amazônico. A floresta, a hileia, a mata que se ergueu feito labirinto verde. As vezes paraíso perdido, outras inferno ardente e febril. A Amazônia sempre foi objeto de cobiça pela utopia de um novo mundo imaculado. Deslumbrante, exótico, misterioso. Este fascínio pela floresta deu forma a ilusões que viraram contos, e estes, se cristalizaram no imaginário popular através dos contadores de histórias. O pavilhão vermelho e branco de São Gonçalo, encantado com “aura de guerreiro e alma de artista” (Assayag, 1995, pg. 26), e inspirado pelo poder inventivo e criativo de Júlio Verne, celebra no Carnaval de 2023 os contadores de história da Amazônia. Figuras simples dos beiradões ou escritores. Reconhecidos ou anônimos. Mestres que repassam através das gerações o encantamento com as palavras que se eternizam na sabedoria popular e na arte cabocla entre festas, luzes e pajelanças. É assim que essa história começa! Os mistérios da floresta vão nos guiar. Eis a “Invenção da Amazônia”, A jangada vai partir! Baseado no livro “A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas” de Júlio Verne Sinopse Abra os olhos para ver, O que Júlio Verne um dia imaginou, É extraordinário o poder da criação! Explorar, descobrir, sonhar, Viajar à lua, mergulhar no fundo do mar, Ou quem sabe parar no centro da terra? Girar em uma rosa dos ventos, Seguir, mirar, guiar-se, Um mundo sem fronteiras, sem rota, Sem certeza! Essa é a mente do aventureiro! Mas é preciso criar! É preciso viajar! Rascunhar, traçar, inventar! A fantástica máquina que irá conduzir a jornada, Uma jangada com destino à Amazônia, Partindo deste Porto rumo ao desconhecido, Onde a realidade é tomada pelo delírio. A floresta se funde a mente do sonhador, A mata em revolução delirante devora o metal, Une-se ao devaneio, dá forma ao que nunca se viu. Rompe os limites da fantasia, embrenha-se no maquinário, E para quem ousar seguir viagem: Liberte a imaginação! Entregue-se ao fantástico! Ouça as vozes da floresta! Ela é parte de você, parte de nós! Ela está viva, ela vai se revelar! A viagem principia navegando em águas de encantaria, Que extasiam os olhos por sua gigante imensidão. Águas que se confundem com tantas histórias, Pois o rio é o caminho, estrada da vida e memória, É Zeneida quem fala da formação de toda essa gente. Da migração secular, Amazônia primitiva, Andarilhos no recorte da mata, marcas das caçadas. Marañon e Ucayali, Solimões e Negro, encontro enfeitiçado, Lágrimas cristalinas, lua de prata, sol ardente de saudade. Tens a beligerância da mulher indomável em seu nome, Amazonas das terras do sem fim, força e bravura, Tens o poder da cura, que está guardado no fundo, Profundo, reino dos encantados, energia caruana, Rio de mistérios que revigora o ser e fortalece a alma. Zarpa o aventureiro para o próximo destino, Baku é quem o recebe nas barrancas do rio-mar, Para revelar os segredos da grande floresta. E no ermo da mata o xamanismo revela a visão, Invocando os protetores em defesa desse chão. Combatendo a profanação da mata, Jurupari, bicho folharal, caa-cy e curupira, Matinta perera e boitatá, eis o levante! Lutando contra a devastação da vida, Pois este é o seu lugar! Onde o curumim vira animal! É ritual! E o espírito do grande felino rompe a noite, Tatua na pele dos jovens o poder das feras, É preciso demonstrar coragem, não temer a dor. É a força da ancestralidade marcada na pele, Que guarda no mito o ensinamento de eras, Homem e floresta são apenas um, Corpo e terra. Morada e verdade, Flecha que aponta a eternidade. Na reta final da jornada, a natureza inspira, Lendária e mítica, cenário perfeito, encantador. Girais feitos jardins suspensos, piracema de peixes, Canoa de sonhos e esperanças ribeirinhas. Serpenteiam igapós e igarapés, lagos infinitos, Mãe d’água, beiradão em festa, bandeirinha e balão, Boto romanceiro, vitória-régia a flutuar, Tão calma, serena, cumprindo seu destino de flor, Enquanto Verne atraca a jangada em um velho cais, Pra ouvir Tonzinho Saunier contar essas histórias. Inebriante poesia ao pôr do sol que mergulha nas águas, Ao longe rufam tambores, há festas, luzes e encantamento, No coração da floresta a arte exalta a magnitude verdejante. Identidade, brasilidade, arte cabocla de alma indígena, Que faz arena de sonhos para os folguedos dançarem, Fé e Tradição. Encena o auto da cultura popular, Cores da emoção, amor e paixão. A aventura chega a sua conclusão delirante, Verne se entrega a pajelança que o transforma, Ao som dos maracás, transcende, finca raízes, Vira gente-floresta, eterniza um novo conto, Manifesto em favor dos povos amazônidas. Se torna bravo e forte, mais um filho do norte, Faz deste delírio-enredo a “Invenção da Amazônia”, Que resiste no saber dos contadores de história, Que nunca se encerra e nem dá ponto final, Afinal, há sempre uma nova jangada neste Porto, Aguardando o seu próximo destino, Especial. Referências Bibliográficas / Créditos ANDRADE, Mário de. O turista aprendiz / Mário de Andrade; edição de texto apurado, anotada e acrescida de documentos por Telê Ancona Lopez, Tatiana Longo Figueiredo; Leandro Raniero Fernandes, colaborador. – Brasília, DF: Iphan, 2015. ASSAYAG, Simão. Boi Bumbá: Festas, Andanças, Luz e Pajelanças. Rio de Janeiro. Funarte. 1995. BOTELHO, André. A viagem de Mário de Andrade à Amazônia: entre raízes e rotas. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 57, p. 15-50, 2013. CUNHA, Euclides da. À Margem da História. São Paulo. Cultrix/INL/MEC. 19375. In: GONDIM, Neide. A Invenção da Amazôna. 2ª edição / Neide Gondim. Manaus. Editora. Valer. 2007. GONDIM, Neide. A Invenção da Amazônia. 2ª edição / Neide Gondim. Manaus. Editora Valer. 2007. VERNE, Júlio. A Jangada: 800 léguas pelo Amazonas. Tradução de Maria Alice Araripe de Sampaio Dória. Planeta, São Paulo. 371 p. 2003. G.R.E.S.U. Porto da Pedra / Carnaval 2023 “A Invenção da Amazônia” Mauro Quintaes Carnavalesco Diego Araújo Enredista |
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