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A Pedidos: Lima Barreto
SINOPSE ENREDO 2021

A Pedidos: Lima Barreto

(…) sonhara as glórias de Casemiro de Abreu e acabara contínuo de secretaria, e assassinado, devido à grandeza do seu caráter e à sua coragem moral. Não fez versos ou os fez maus; mas, ao seu jeito, foi um herói e um poeta… Que Deus o recompense!”

(Clara dos Anjos, por Afonso Henriques de Lima Barreto)

RESUMO DO ENREDO

No Carnaval Virtual 2021 a Sociedade Virtual Imperatriz Nordestina vem, orgulhosamente, homenagear um dos mais importantes – porém esquecido – personagens brasileiros. Jornalista, escritor e negro, Afonso Henriques de Lima Barreto. Ou apenas Lima, ou Isaías Caminha, ou Jonathan, ou Eran, ou Inácio Costa, ou, apenas os “a pedidos”.

SINOPSE

Na busca pela compreensão do passado a Imperatriz Nordestina encontra-se com o escritor Lima Barreto. Nascido em 13 de maio de 1881, há exatos sete anos da abolição da escravidão, (seria coincidência ou premonição?), afrodescendente por origem, combateu todas as formas de racismo no Brasil, guiado pelos ensinamentos do Velho Cabinda. Foi morador da Vila Quilombo, apelido que deu a seu lar apenas para “incomodar Copacabana”, ele desenhava seus personagens de uma forma diferente dos contos de sucesso, uma África afetiva e bastante pessoal.

Sempre inquieto, Lima, mergulhou de fato nas leituras fundamentais do Brasil que acomodava muitos “Brasis”, custou, mas, ganhou espaço como uma das principais vozes da resistência do País. Sua condição de classe não permitia “colocar os pés” fora da sua cidade, porém, à sua maneira, viajava no tempo, no seu tempo. Em sua época, narrou acontecimentos como a Abolição da Escravidão, a Revolta da Vacina e o modo como a população insurgiu contra o governo; a Revolta Armada, que atingiu a Ilha do Governador; a Reforma Urbana, que consistiu na expulsão da população pobre dos casarões; e a modernização exacerbada do Rio de Janeiro que, para ele, era um Rio de Janeiro Belle Époque, quanto a isso, Lima sentia-se incomodado com o hábito brasileiro de medir-se pelo que acontecia na Europa e nos Estados Unidos.

O mesmo Lima que se emocionava com as demonstrações “cultas” da população afro-brasileira, muitas vezes, marginalizadas no Rio de Janeiro, era o que partia além. Apesar de já residir na região central, sua segunda casa – se é que podemos chamar assim –, eram os subúrbios que ele percorria pelos trilhos da Central do Brasil. Era no vagão da segunda classe que ele tinha a oportunidade de observar a realidade (muitas vezes triste e infeliz) dos “tipos suburbanos”, encontrando conteúdo para seus personagens: modinheiros, boêmios, comerciantes, operários e donas de casa. Eram negros, todavia, escritos e descritos com enorme riqueza!

Na época que escreveu seus livros, em um claro sinal de autonomia intelectual, Lima tratou questões como o preconceito racial, com um olhar mais contundente, privilegiando-o em um lugar fora do comum, sobretudo por ser um negro culto vivendo cenário de hegemonia europeia. Combateu, também, as injustiças sociais, os privilégios da classe política, a violência contra a mulher, a reforma agrária, criticava, até mesmo, o futebol. Aos 41 anos foi o “Triste Fim”, Lima, consumido pelo álcool e pela miséria veio a falecer. Morreu abraçado a uma revista, teve um enterro humilde, acompanhado por bêbados, tipos suburbanos sempre tão bem escritos por ele em seus livros. O triste fim de Lima Barreto ficou mais melancólico com o beijo de um desconhecido que nem a história, nem a família sabem dizer quem foi. Num registro de seu diário íntimo, Lima desabafara: “Gosto da morte porque ela nos sagra”. Para Lima, a literatura tinha uma missão. Talvez por isso tenha se recolhido em um isolamento artístico, não compondo o “hall” do literário nacional por um bom tempo. Foi, injustamente, esquecido, silenciado. Hoje, descoberto, com carinho, pela Imperatriz Nordestina.

Pesquisa e texto: Alexandre Caitano e Charlton Júnior
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, L. Clara dos Anjos. 1 ed. São Paulo: Penguim Classics Companhia das Letras, 2012. 273 p.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2011. 368 p.
SCHWARCZ, L. M. (2017). Lima Barreto: triste visionário. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. 645 p.

Autores do enredo: Alexandre Caitano e Charlton Júnior