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Vixe Maria (Acadêmicos de Niterói - 2025)
Vixe Maria
(Acadêmicos de Niterói - 2025)



Vixi Maria!

Olha quem vem chegando para a maior festa da cidade: a Acadêmicos de Niterói!

Cheia de balancê, an avant (ê), returnê. Chegou a hora do anarriê!

Essas palavras dão pistas das origens europeias de uma dança que move os brasileiros na solenidade de São João. Ao contemplarmos a sua fogueira festiva, alguns afirmam recordar que foi Santa Isabel quem a acendeu para anunciar o nascimento do filho. Aquele que traria a “boa-nova”, a vinda de Cristo.

O “luzeiro do anúncio”, símbolo representativo desse chamado, brilha na escuridão, abrindo a presença divina para o nosso festão.

Mas nem sempre foi assim.

Das festas pagãs das antigas civilizações, ligadas aos ciclos da natureza, diversos rituais foram apropriados pelo catolicismo e incorporados em celebrações nas cortes monárquicas do Velho Mundo. Nos séculos 18 e 19, o hábito de dançar quadrille fazia parte das animações na Europa. Era um costume entre os nobres franceses de se reunir em pares de homens e mulheres para uma dança com passos marcados.

Já a quadrilha, como dança e também como música, vai entrar para o repertório brasileiro após a chegada da família real portuguesa. Os instrumentos de orquestra passam a ser substituídos pela sanfona, triângulo e zabumba. Aqui, as festas juninas foram reinventadas e se tornaram uma exaltação das raízes caipiras.

Bolo de fubá, canjica, milho, paçoca, pamonha, pé de moleque, maçã do amor. Vinho quente e quentão. Chapéu de palha, camisa xadrez, calça com remendos. Bombinhas e rojões, fogos de artifício. Bandeirinhas coloridas penduradas em varais de barbante.

Tudo virou folclore, tradição.

Mesmo nascida em outro continente, as festas juninas assumiram uma identidade própria em território nacional. Virou um evento imperdível. Internacional. Como o meu, em Maracanaú (Ceará), o maior São João do planeta.

A festa popular também virou festa católica, a quermesse das igrejas acompanha alguns ritos e rituais.

Santo Antônio, por exemplo, é o casamenteiro.

São Pedro é quem controla o tempo.

São João traz a característica da fartura [que remete aos períodos de plantio e de colheita].

Para São José, levo meu arrasta-pé.

A “Padim Ciço”, garanto minha proteção.

A fé permeia a cultura. A religiosidade se mistura ao populário. Essa crença que se manifesta de forma tão singular e bela, tão simples e rica nas festas juninas, é a expressão de um desejo latente na alma de nossa gente que busca um mundo melhor, que nunca perde a fé e a capacidade de se divertir.

A devoção junina é a síntese da alegria do brasileiro de poder festejar e rezar.

“A fogueira tá queimando Em homenagem a São João O forró já começou Vamos, gente, rapa pé nesse salão”
Luiz Gonzaga – São João na Roça

Para a minha querida e eterna professora Rosa. Seus ensinamentos e histórias estarão comigo para sempre. Obrigado por tudo!

Carnavalesco Tiago Martins