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Xangô, Rei de Oyó - o Orixá da Justiça (Mocidade Unida de Jacarepaguá - 2012)
Xangô, Rei de Oyó - o Orixá da Justiça (Mocidade Unida de Jacarepaguá - 2012)

Autoria: Leandro Mourão e Thiago Meiners

JUSTIFICATIVA

Reviver o passado é construir o futuro. Exaltar glórias, lições, ensinamentos, culturas... A garantia do amanhã. O mundo, a terra, a vida... Sempre precisamos preservar, conhecer o antes, para revelar a nossa emoção para a criação futura. A justiça, coragem, bravura... Ser guerreiro não nos remete apenas a tempos atuais, futuros ou fictícios. A fé e a raiz do nosso mundo trazem histórias fascinantes sobre a propagação de ideais que hoje são à base do nosso chão.

A crença vinda do continente africano representa tudo aquilo que sentimos e tudo que conseguimos trazer para o nosso mundo novo. A fantasia, o misticismo, a herança desse povo, desses guerreiros, são a inspiração da Mocidade Unida de Jacarepaguá. O nosso guerreiro dentro do sincretismo nacional é exaltado de várias formas, porém, a nossa base é a raiz ancestral. Sua vida, luta, vitória, consagração é o nosso carnaval. Salve Xangô. O orixá justiceiro, rei da verdade. Dono do fogo e do trovão. Axé!

Sinopse

1º SETOR: SAUDAÇÃO A XANGÔ

Sinta o toque do Alujá... Toque de raça, com vibração, energia e emoção. Toque que inspira, faz renascer e encontrar a luz divina. Rufam tambores no terreiro... O xirê está para começar... É o retorno do justiceiro, do divino orixá, de Xangô.

O sol passa a brilhar como nunca, o fogo se torna ainda mais ardente... Os trovões anunciam a chegada do guerreiro mais temido de toda a saga do continente africano. Xangô está em terra... Está pronto para contar suas batalhas, conquistas, glórias...

O terreiro se cala, e o guerreiro entra em cena... O rei Yorubá! Kaô Kabecilê, meu rei!

2º SETOR: O LENDÁRIO REI DE OYÓ

Minha história traduz o sentimento de um povo que precisava renascer... Meu destino já estava escrito... A luz do Ifá me guiou e me fez encontrar o meu desafio.

Oyó era a cidade capital do povo Yorubá. Tinha sua força nos ancestrais, quando os guerreiros Odudua e Oranian, haviam sido reis. Tornei-me rei quando vi a herança de meu pai Oranian sendo destruída por meu irmão Ajacá-Dadá, o terceiro Alafim de Oyó.

Segui meu destino e recuperei a cidade de meu pai para seguir os teus ideais. Conquistar, construir, fazer crescer a nossa terra e o nosso povo. E fiz crescer o meu povo... Riquezas, vitórias, terras... Oyó havia se tornado o império mais temido de toda África e eu, havia me tornado o quarto Alafim.

3º SETOR: A FORÇA DA PEDREIRA E A RENDIÇÃO INIMIGA

Devido ao crescimento do meu império, outros povos se juntaram para acabar com a força de Oyó. Sofremos terríveis ataques de povos vizinhos e perdemos muitos guerreiros. A grande guerra estava próxima e fui até a iluminação divina buscar respostas para meu coração. Orunmilá me guiou e com a força da fé me fez acordar para o meu poder... Eu era o escolhido dos orixás.

Para o mal ser derrotado eu precisaria chegar quase aos céus, perto da minha crença. E durante a guerra subi a mais alta pedreira do meu império e lá de cima vi meu Oxê se tornar divino e ter força sobrenatural. A raiva para o bem, a vontade de salvar o meu povo e meu império fizeram meu coração queimar pela vitória. Raios e trovões riscavam o ar... Meu poder superava os limites mortais... E veio a rendição...

Os guerreiros inimigos se renderam ao meu poder, a mensagem dos orixás. Eu era o mensageiro, o escolhido para vencer. Apesar do sentimento de fúria, ouvi a voz da justiça, dos ensinamentos que tanto prego a preservação em meu povo. No olhar dos homens rendidos vi a verdade, vi a luz do perdão.

4º SETOR: O ORIXÁ JUSTICEIRO - XANGÔ NA MORADA DIVINA

Após vencer a guerra, unir povos em prol da justiça e do perdão tornei-me um justiceiro, usando o coração como guia de meu destino... E fui chamado para o céu. Do alto da pedreira segui meu destino e hoje sou orixá. Temido e destemido. Sou o fogo, o raio e o trovão... A força. A liberdade e a paz que reinaram em meu império fizeram perpetuar meu legado e meus ideais.

Hoje, moro nos céus, junto de uma legião de guerreiros, que hoje me saúdam. Justiça para todos, perdão e igualdade. Que o fogo da justiça e o poder do Oxê iluminem o coração de vocês. Que minha história seja exemplo de fé, luta e esperança. Vivo na eternidade, olhando por vocês... Com o meu poder, retorno aos céus e deixo aqui minha herança e força para todos. Axé!

TEXTO, DESENVOLVIMENTO E PESQUISA: LEANDRO MOURÃO E THIAGO MEINERS

GLOSSÁRIO

ALUJÁ - Toques que falam das conquistas, feitos, poder e domínio de Xangô como orixá

XIRÊ - Festa para os orixás

KAÔ KABECILÊ - Saudação a Xangô

IFÁ - Oráculo africano; Guia de Orunmilá

ORUNMILÁ - Divindade da profecia; Capaz de interpretar e controlar o sacerdócio de Ifá

ALAFIM - Nome designado ao atual rei de Oyó

OXÊ - Machado duplo de dois cortes laterais, feito e esculpido em madeira ou metal

APÊNDICE

O enredo da Mocidade Unida de Jacarepaguá para o carnaval 2012 tem como foco a exaltação de um guerreiro que se tornou orixá. Com sua conquista pelo povo e por justiça, pregando sempre a preservação dos ideais de seus ancestrais. A história de Xangô é contada em primeira pessoa, com um clima diferenciado devido ao realismo do texto, que se baseia em uma história real.

Não temos a intenção de transmitir uma idéia de comparação entre religiões ou sincretismos. A idéia é a história do guerreiro Xangô, até se tornar um orixá. A mensagem final é mostrar para o povo que a forma mais adequada de construir o futuro é preservando os ideais e a cultura passada. A luta de Xangô através dos ideais de seu pai, para proteger e fazer justiça para seu povo é uma grande afirmação histórica de construção de futuro.

A divindade que hoje olha por nós do céu, que faz justiça com seu poder é a mesma que guia e abençoa o nosso carnaval. A Mocidade Unida de Jacarepaguá pede licença aos orixás e se prepara para uma nova coroação, de Xangô. Axé!