Sinopse Mocidade 2008
O
Quinto Império: de Portugal ao Brasil, uma utopia na história
(Mocidade - 2008)
Justificativa do enredo:
Apresentaremos a Origem mística de Portugal, quando o seu
primeiro rei Afonso Henriques em 1139, recebe uma mensagem de
Jesus Cristo onde lhe é comunicado que Portugal se tornaria o
Quinto Império Universal. Mostraremos que essa
"missão" divina acompanhou a história portuguesa
através dos séculos e apenas não teve um final trágico com a
invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão exatamente porque
a família real veio para o Brasil em 1808 com o então rei D.
João VI. É lógico que a utopia do quinto império veio também
à bordo das caravelas e aportou nas terras do Brasil, um país
místico por natureza. Embalado pelo sebastianismo que dominava o
sertão desde o início da colonização, este sonho, agora
brasileiro, ganhou força e passou a representar uma bandeira de
fé e esperança que dias melhores para todos estavam próximos,
com a volta de D. Sebastião e a implantação do "Quinto
Império do Brasil".
Cid Carvalho - Comissão de Carnaval da Mocidade Independente
de Padre Miguel
Sinopse:
Preocupado com os avanços
territoriais promovidos pelos muçulmanos no norte da África,
Dom Sebastião já preparava, desde 1573, uma organização
militar dentro do território português. Portugal pretendia,
então, dar continuidade a uma política de conquistas
territoriais, projeto que visava à volta de Portugal como
poderio mundial econômico e político.
Em 24 de junho de 1578, rumo a Tanger, na África, 847 velas
levaram 24 mil homens aos campos africanos. Finalmente, na manhã
de 4 de agosto de 1578, finalmente é travada uma batalha, em
campo aberto nas Campinas de Alcácer Quibir e Portugal sofre uma
derrota desastrosa.
A notícia da derrota chegou semanas depois, com relatos de
várias naturezas. Imediatamente a nação rangeu os dentes por
causa do desespero e da dor causados pela possibilidade da perda
de entes familiares. Em simultâneo a este impacto, sente-se o
golpe nas esperanças da volta de um caminho glorioso, destinado
a Portugal. A coroa fica, novamente, ameaçada pelo vizinho,
Castela. O caos se instalou na Corte e nas ruas do reino.
Junto às notícias sobre a derrota do exército português,
circulava a informação de que o rei Dom Sebastião havia
desaparecido. De quando em quando, testemunhas afirmavam que o
corpo do rei nunca foi comutado entre os mortos e prisioneiros
feitos na batalha. Um fio de esperança começava a correr por
todo o reino, tecendo o espectro de um rei desaparecido, um
soberano que não permitiria o abatimento completo dos ânimos da
nação, que pressentia a inevitável anexação ao reino de
Castela.
De 1578 a 1580, o cardeal Dom Henrique, tio-avô de Dom
Sebastião, sustentou a coroa em suas mãos, retardando o fim da
independência de Portugal. Porém, após sua morte, em 1580,
diversas batalhas no campo político e jurídico das cortes,
acabam sendo vencidas pela Corte de Castela e Felipe II assume
também o trono português.
Nesse ínterim, a crença de que Dom Sebastião estava vivo, toma
grande vulto, não só por ser ele um monarca herdeiro da coroa
portuguesa, mas por tudo o que já representava para a história
de Portugal. Mesmo fora do território português, Dom Sebastião
teve, e tem presença garantida em literaturas e movimentos que
fazem uma leitura messiânica a seu respeito, ampliando os passos
em direção a uma existência mítica em outro epíteto, o
Encoberto.
Nesse clima, que traduzia um misto de esperança e fé, é que 4
falsos reis se apresentaram como Dom Sebastião. A criação
destes falsos reis não significava propriamente a busca de uma
nova ordem, mas sim, uma tentativa de restabelecer uma ordem
humilhantemente obliterada, e sujeita a outra, a de Castela,
através do forjamento de cópias do rei Desejado,
herdeiro legítimo do trono de Portugal.
A escolha de organizar Cortes paralelas à de Castela
em território português e, mais do que isso, da instalar nelas
falsos reis, na tentativa de promover a imediata restauração do
trono de Portugal, reforçou a consolidação da carismática
imagem de Dom Sebastião como um monarca messiânico e apesar de
ter sua imagem envolvida em casos embebidos em ações
fraudulentas, Dom Sebastião ganhava maior potência no
imaginário português: cada vez mais era tido como um rei
desaparecido, capaz de trazer a salvação para Portugal e
instalar o Quinto Império Universal Cristão.
Mesmo depois de restaurado o trono português, em 1640, o mito de
Dom Sebastião permaneceu vivo e a volta do Encantado aguardada
dentro e fora dos limites territoriais de Portugal.
Especificamente no Brasil a maior colônia portuguesa daquele
tempo, a crença na volta do rei Desejado e a
concretização do sonho de implantação do Quinto Império
Universal, encontraram o terreno fértil entre o povo humilde e
sofrido.
Seja na crença de que Dom Sebastião e toda sua corte
encontravam-se encantados nas profundezas das águas da praia dos
Lençóis maranhenses, seja no sertão pernambucano, este imenso
Brasil se vestiu de esperança sebastianista.
Mas, é no ano de 1808 que se dá o mais importante acontecimento
para a transferência definitiva do sonho do Quinto Império
Universal e a possibilidade de sua concretização nas terras do
Brasil.
Neste ano, depois de praticamente 3 meses navegando, a família
real portuguesa aporta no Rio de Janeiro, fugindo invasão
ordenada por Napoleão Bonaparte às terras lusitanas no Velho
Mundo.
Para o povo do Rio de Janeiro, que presenciava uma incrível
transformação na maneira de viver da cidade, a chegada de Dom
João VI representava finalmente a implantação do próprio
Quinto Império, nas terras tropicais do Brasil, já anunciado
pelos sebastianistas.
A cidade, aos poucos, vai se revestindo de elegância e costumes
nobres. O novo reino parece estar sendo preparado para se tornar,
de fato, o Quinto Império Universal, tal os
expressivos investimentos nas artes, nas ciências e na economia.
Porém o retorno de Dom João VI para Portugal, deixando o filho
Dom Pedro Primeiro como príncipe regente do Brasil, abriu o
caminho para o fim da monarquia.
Mesmo depois do fim do império e da implantação da república,
a volta do rei Desejado, Dom Sebastião,e o sonho do Quinto
Império permaneceram vivos nos cafundós do Brasil.
Neste período resplandece a figura de Antônio Conselheiro, um
profeta popular que pregava, para um grande número de
seguidores, o retorno do Encoberto e finalmente a implantação
do Quinto Império. Como represália a este movimento o
monárquico, a recém implantada República massacra o
assentamento conhecido como Canudos, promovendo a morte de
Conselheiro e de praticamente todos os seus seguidores.
Mas nem a brutalidade e crueldade conseguiram por fim ao mito de
Dom Sebastião e da utopia do Quinto Império. Até os dias de
hoje, eles permanecem vivos em várias manifestações religiosas
e culturais espalhadas pelos recantos do Brasil.
Cid Carvalho - Comissão de
Carnaval da Mocidade Independente de Padre Miguel