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O
Quinto dos Infernos (Unidos de Padre Miguel
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2016)
Estória tirada da História. Reflexão humorada do povo de quem tudo se arranca, menos a Uma fábula sobre o tamanho da mordida, sobre o tanto que nos tiraram e tiram. Reinconfidência! A Unidos é a irresignação do povo. Prontinha para refundar o Brasil. Liberdade ainda que folia! Sim, corremos perigo. Nossa fábula pode custar cabeças e mutilação. Mesmo nos dias de hoje é um ato de insurreição! Os personagens de nossa estória – políticos, burocratas e vendilhões – são ainda personagens que encontramos nos salões. Meditação com cabimento que não pretende ser lamento. O tamanho da mordida (um quinto? vinte e sete e meio?) deixa a vida ser vivida? Olho vivo em quem disfarçando seus farrapos com as imagens dos retratos, finge pompa e circunstância para disfarçar a ganância... Estávamos aqui quando chegaram. Esposaram as mulheres e contaram com hospitalidade. Tomaram de início as árvores. Encantados com a cor da madeira, chamaram-nos Brasil. Restou-nos o ardor que abrasa nossos corpos tropicais. Quiseram também as almas. As almas puras da gente “dos infernos”. “Infernos”. Porque terras assim tão quentes incomodaram à gente tão fria. Banharam-nos de sangue e exportaram o doce de nosso açúcar. Deixaram-nos a “massa negra” com a qual orgulhosamente forjamos nossos corpos e nossos hábitos. Acorreram em quantidade quando o amarelo do ouro brotou nos aluviões da ribeira. Mas reduziram a beleza das minas aos limites da datação. E quiseram mais. Quiseram o quinto. Essa parte grande do seio de nossa terra. Acharque de nossa inocência que fez bradar lá e cá: o Quinto dos Infernos. Quiseram a finta, a capitação, e para que nada ficasse de fora: a derrama. E o sonho, em partes de carne do alferes, dependurou-se silente diante da liberdade. Um rei frouxo chega ao largar seu reino e depois parte deixando um outro. Que louco! Pressionado pela Capital, esvazia nossos cofres e retorna a Portugal. E o povo, com seu trabalho, vê forjar-se a mãe gentil cunhando nessas terras a independência do Brasil... O problema, que é bem atual, é retratado simbolicamente pelo período colonial. História repetida pelos motivos da vida. Testemunhada antes por índios e bandeirantes. E como hoje nos privam de novo, a Unidos conclama o povo! O povo, sempre alferes, com a corda no pescoço! O povo que rói o osso. Em nosso protesto folia, travestido de carnaval, a Unidos manda aos quintos a ambição infernal. A quem não trabalha ou inventa o povo não sustenta! Somos povo brasileiro. A alma de nosso sorriso não se mede por dinheiro. Folião é cidadão e exige mais do que pão. Nossa “marseillaise” é o samba que “derrama” hoje por esta cidade um sonho de igualdade. E a Unidos, reinconfidente, troca cicatrizes históricas pela redenção de nossa gente! |
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