Sinopse Mangueira 2008
100
anos do Frevo, é de perder o sapato. Recife mandou me chamar... (Mangueira -
2008)
Introdução
De onde veio ninguém sabe. Só sabemos que é pernambucano da
gema, nasceu em Recife. Não se sabe em que Beco, Rua ou Avenida
ele apareceu, simplesmente apareceu. Sempre anunciado tal como
uma Majestade, por clarins.
Sua certidão de nascimento...ninguém sabe, ninguém viu. Não
foi registrado em nenhum cartório, "nasceu em recife",
nome não tem, simplesmente um apelido: "Frevo". Quem
deu?
Foi o povo. Frevo que vinha da frevura, lembrava a fervura do
tacho de mel do Engenho de açúcar.
Precisamente no Bairro São José se criou, no meio do povo.
Em 09 de fevereiro de 1907, o maior Jornal da época começou a
fazer referência a ele.
Frevo
(ORIGEM)
Esta dança teve origem nos movimentos da Capoeira. A
estilização dos passos foi resultado da perseguição
inflingida pela Polícia aos capoeiras, que, aos poucos, sumiram
das ruas, dando lugar aos passistas. Em meados do século XIX, em
Pernambuco, surgiram as primeiras bandas de músicas marciais,
executando dobrados, marchas e polcas. Estes agrupamentos
musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeiristas.
Por esta mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval
de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas
(1889) e o C.C.M.Lenhadores, quando capoeiristas necessitavam de
um disfarce para acompanhar as bandas, agora dos clubes, já que
eram perseguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes
acomapanhando a música, originando tempos depois o
"Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas
armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e
Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados
por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como
enfeites.
A sombrinha teria sido utilizada como arma dos capoeiristas, à
semelhança dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a
bangala.a De início, era o guarda-chuvas comum, geralmente velho
e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança,
e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha
é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos
principais símbolos do carnaval de Pernambuco.
O frevo é uma dança inspirada em um misto de Marcha e Polca, em
compasso binário ou quaternário, dependendo da composição, de
ritmo sincopado. É uma das danças mais vivas e mais brejeiras
do folclore brasileiro. A comunicabilidade da música é tão
contagiante que, quando executada, atrai os que passam e,
empolgados, tomam parte nos folguedos. E é por isso mesmo, uma
dança de multidão, onde se confundem todas as classes socias em
promiscuidade democrática. O frevo tanto é dançado na rua,
como no salão. O berço do frevo é o estado de Pernambuco, onde
é mais dançado do que em outra qualquer parte. Há inúmeros
clubes que se comprazem em disputar a palmo nesta dança
tipicamente popular, oferecendo exibições de rico efeito
cereográfico. Alguém disse que o frevo vem da expressão
errônea do negro querendo dizer: "Eu fervo todo", diz:
"Quando eu ouço essa música, eu frevo todo".
O frevo é rico em espontaneidade e em improvisação, permitindo
ao dançarino criar, com seu espírito inventivo, a par com a
maestria, os passos mais variados, desde os simples aos mais
malabarísticos, possíveis e imagináveis. E, assim, executam,
às vezes, verdadeiras acrobacias que chegam a desafiar as leis
do equilíbrio.
HISTÓRICO
Em Boa Viagem e no Pátio de São Pedro, no coração de Recife,
nas ladeiras centenárias e ruelas estreitas de Olinda, em São
José, Santo Antônio, Boa Vista e Praça 12 de Março, ouvem-se
os acordes dos clarins anunciando a chegada do carnaval. É o
"Carnaval Mulato de recife, o melhor carnaval do
mundo".
Vamos ver o que ele tem para nos mostrar:
Antigamente, aspectos fascinantes marcavam os antigos carnavais
pernambucanos. Surgiam correndo pelas ruas os Palhaços do Velho
Recife, rindo em alto "falsetto", fazendo piadas e
inventando emboscadas de grande imaginação. Eram os elogios à
beleza dos carnavais passados e, juntamente com outros grupos de
foliões, faziam a festa popular de rua, espontânea e original.
- Os Blocos da Saudade - de muita originalidade e beleza,
constituíram, também, uma das mais belas e poéticas
tradições, hoje não mais existentes, que foram cantados em
versos e prosa por poetas e compositores: Rancho das Flores,
Andaluzas, Pirilampos, Pavão Dourado, Lira da Noite, Flor da
Lira, Apôis-Fum, Flor de Magnólia.
- O Encanto do Bal Masque Pernambucano, criatividade e fantasias
que deram à imaginação e criaram um mundo de magia e
originalidade; momento máximo de delírio, onde revivia-se a
mais antiga festa do carnaval de Clubes do País, com suas
belíssimas e suntuosas máscaras, que representavam um
verdadeiro show de luxo e elegância;
- Os Caboclinhos, ou mais carinhosamente Caboclinhos, bailado de
sabor indígena - como o próprio nome, famosos e luxuosos,
cheios de riqueza folclórica e tão bem dotados de imaginação;
representam uma pedra fundamental para o carnaval pernambucano.
Dançam e pulam, passando tão rápidos, que é difícil captar
toda a beleza de sua coreografia. Constituem, sem dúvida alguma,
o traje folclórico mais original do nosso hemisfério;
- O Maracatu, que continua a ser uma das maiores tradições, é
um sentimento, um motivo de vibração. Os intelectuais, os
jornalistas, a classe média, o povo em geral, todos sentem o
Maracatu peculiarmente seu: "ser pernambucano é sentir o
Maracatu!". É originário da África, é um cortejo simples
que, do sagrado passou para o profano, para o carnavalesco. O
Maracatu marca a sua passagem lembrando a Coroação do rei e da
Rainha do Congo, vestidos à moda européia, mostrando suas alas,
com luxuosos estandartes rebordados de fios e franjas douradas
sobre veludos e cetins. Os soberanos passam dignos e respeitados,
saudando a multidão;
- "Eu frevo, tu freves, ele freve" - É o frevo a
expressão máxima desse carnaval. Vem com sua música
ensurdecedora, hipnotizante, com alegria transbordante e com um
calor físico somente superado pelo calor humano. Sua
comunicabilidade é tão contagiante que atrai quantos o esteja
apreciando, arrastando multidões em delirantes passos
acrobáticos, que chegam a desafiar as leis do equilíbrio. O
frevo é a grande alucinação. A multidão ondulando, nos
meneiros da dança, fica a frever. É tão frenético que cada
um, por si, egocentricamente, freve ao seu modo, até a
exaustão. Mas quando os clubes de frevo aparecem nas avenidas e
ladeiras é uma consagração. Continuam ocupando o lugar de
destaque no carnaval e no coração do povo, sempre arrastando um
maior número de foliões em delirantes ondas de frevo;
- As Tradicionais Alegorias ou Clubes de Alegorias, são bonecos
gigantes que vêm para fazer sua apresentação, enchendo as ruas
da mais pura fantasia. São: O Homem da Meia-Noite, levando a
chave da cidade, acompanhado da Mulher do Meio-Dia, do Menino da
Tarde, do Barbapapa, de Seu Malaquias e outros. Eles estão nas
ruas, agitando as massas e enaltecendo a folia, arrastando a
multidão, fazendo uma festa ao ar livre, com a fanfarra tocando
o intoxicante frevo e, todo mundo dançando, bebendo, comendo,
rindo, relaxando e se divertindo;
E assim, para quem conseguir chegar inteiro na quarta-feira de
cinzas, brincará ainda, ao som de muito frevo, é claro, no que
os pernambucanos apontam como o melhor carnaval de todos os
tempos. Surge o Bloco carnavalesco Bacalhau do Batata, criado por
Isaias Pereira da Silva, que por ser garçom e trabalhar durante
todos os dias do Rei Momo, fica impossibilitado de brincar, só
podendo fazer na 4ª feira de cinzas. Fechando, assim, com seu
desfile, o Carnaval Mulato do Recife.
A Festa do Frevo empolga multidões, numa incrível FREVANÇA,
desenhando um mosaico de cores, luzes e malícia,
transformando-se numa passarela, onde só importa a alegria,
encerrando oficialmente o exuberante carnaval pernambucano.
Autores: Max Lopes
(carnavalesco), Celso Barbosa e Sônia Correia
Revisão do Texto: Conselho de Carnaval