Sinopse Unidos de Lucas 2008
Piauí,
filho do Sol do Equador - Teresina, terra do sonho e do amor
(Unidos de Lucas - 2008)
O Piauí, terra querida, filha
do sol do equador, segundo os versos de Antônio Francisco Da
Costa e Silva para o hino do estado, e sua capital, Teresina,
estão sob foco central de nosso desfile no carnaval de 2008.
Localizado no Nordeste do país, é o estado litorâneo com menor
extensão de costa: apenas 66 km. Esse pequeno trecho, porém, é
privilegiado. Na fronteira com o Maranhão, a oeste, fica o Delta
do Rio Parnaíba, o único em mar aberto das Américas. Seu
ecossistema lembra o da Amazônia, com inúmeras ilhas, lagoas,
igarapés e praias de areia fina, tomadas por dunas e coqueiros.
Mas a maior parte do território piauiense está sob a ação do
clima semi-árido.
Teresina, às margens do Rio Parnaíba, é a única das capitais
nordestinas que não está localizada à beira-mar. Sua escolha
como capital se deve não só à forma como o Estado foi
colonizado, mas principalmente a uma decisão geopolítica.
A cidade é uma síntese da cultura do povo piauiense e eixo
turístico obrigatório da região.
Para realizarmos nossa homenagem ao estado do Piauí e sua
capital, dividiremos nosso desfile em quatro fases, onde serão
mostrados seus aspectos históricos, culturais e
sócio-econômicos.
Fase I
A Pré-História no Piauí
O Piauí abriga 1.215 sítios arqueológicos de importância
mundial e que podem explicar a formação do homem americano. Na
Serra da Capivara, foram encontrados vestígios da existência do
homem há cerca de 50 mil anos. Tamanha riqueza atraiu a
atenção de arqueólogos do mundo inteiro, além da imprensa
nacional e internacional. Pela primeira vez havia evidências
científicas de que o homem penetrou no continenteamericano muito
antes de 12 mil anos atrás, como afirmavam os pesquisadores.
No local foi encontrada Luzia, o fóssil do ser humano mais
antigo das américas. Luzia, negra por essência e excelência,
é provavelmente o elo comum de toda a civilização americana.
Estudos realizados na década de 60 pelo peruano Eduardo Habich
comprovam que negros africanos estiveram na América, como
conquistadores entre 20.000 e 50.000 anos antes de nossa era, ou
seja, antes de Cristo.
Encravado nesta região, encontramos também o Parque Nacional
Sete Cidades, habitat de diversas e raras espécies da fauna e da
flora, e abrigo de um dos mais belos conjuntos de formações
geomorfológicas do Brasil, as Sete Cidades de Pedra. Em suas
paredes, inscrições rupestres são temas de estudo e motivo
para suscitar as mais diversas e intrigantes lendas sobre o
local.
O pesquisador francês Jacques de Mahieu que esteve em Sete
Cidades em 1974 atribui as inscrições e pinturas rupestres aos
vikings, pela semelhança com os caracteres rúnicos.
O suíço Ludwig Schwennhagen considera os fenícios um dos
primeiros povos a habitar Sete Cidades. Eles teriam atravessado o
oceano em busca de novas rotas comerciais, devido à Guerra de
Tróia e acabaram fazendo de Sete Cidades um grande palco para
cerimônias religiosas.
Tribos Tupinambás e Tabajaras relataram ao padre jesuíta
Antônio Vieira que os tupis chegaram ao norte do Brasil
provenientes de um país que não existia mais. Schwennhagen
considera este fato indicação de que a raça Tupi é
remanescente do continente perdido de Atlântida
Outros arqueológos percebem também a passagem dos egípcios
pelas terras do Piauí.
Na verdade, a passagem destes povos pelas terras que hoje são
denominadas Piauí R11; e sua conseqüente miscigenação R11;,
fazem de seu solo o berço da civilização americana.
Fase II
A História chega ao Piauí
No início do Século XVII, mais precisamente em 1606, a
R20;história oficialR21; promove suas primeiras incursões ao
território piauiense, quando o Piauí funcionava como
"ponte" entre as Capitanias de Pernambuco e Maranhão.
Um bandeirante paulista, Domingos Jorge Velho, penetrou por estas
terras, desbravando o território, cultivando a terra,
construindo currais e criando gado, mas logo seguiu seu caminho,
desbravando novas regiões. Foi ele quem deu a atual
denominação de Parnaíba ao rio que antes era conhecido por uns
como rio Grande dos Tapuias, por outros como rio Pará, ou ainda
como rio Punaré. Novas notícias surgem apenas em 1656, quando
um grupo de pessoas fez o trajeto inverso, ou seja, do Maranhão
para Pernambuco, sob a chefia de André Vidal de Negreiros.
Inicialmente, as terras do Piauí receberam a denominação de
Piagüí, nome dado pelos seus indígenas. Mais tarde,
chamaram-nas Piagoí. Somente depois é que ficaram conhecidas
por Piauí, que quer dizer rio (i) de piaus (uma espécie de
peixe de água doce).
A colonização do Piauí deu-se do centro para o litoral.
Fazendeiros do São Francisco, a procura de novas expansões para
suas criações de gado, passaram a ocupar, a partir de 1674, com
cartas de sesmarias concedidas pelo governo de Pernambuco, terras
situadas às margens do rio Gurguéia. Um desses sesmeiros,
Capitão Domingos Afonso Mafrense, também conhecido como
Domingos Sertão, fundou trinta fazendas de gado, tornando-se o
mais eminente colonizador da região. Por sua própria vontade,
as fazendas foram legadas, após sua morte, aos padres da
Companhia de Jesus. Hábeis gerentes, os jesuítas contribuíram
de forma decisiva para o desenvolvimento da pecuária piauiense,
que atingiu seu auge em meados do século XVIII. Nessa época, os
rebanhos da região abasteciam todo o Nordeste, o Maranhão e
províncias do Sul.
O Piauí esteve sob a bandeira de Pernambuco até 1701, quando em
3 de março daquele ano uma Carta Régia enviada ao Governador de
Pernambuco anexava o Piauí ao Maranhão. A autonomia veio em
1761, por meio de uma Carta Régia, datada de 19 de junho. Por
aquele instrumento, a Vila do Mocha ascendia à condição de
cidade e oito povoados foram alçados a condição de Vila. Em 13
de novembro do mesmo ano, o Governador João Pereira Caldas
impunha o nome de São José do Piauí à Capitania e mudava o
nome da capital de Vila do Mocha para Oeiras.
A completa independência em relação ao Maranhão somente
aconteceu em 26 de setembro de 1814, quando, por força de um
Decreto Real, o Governo Militar do Piauí foi separado do Governo
Militar do Maranhão e, em 10 de outubro, nova Carta Régia
isentava o Piauí da jurisdição maranhense.
O Piauí aderiu a declaração de independência política de D.
Pedro I, feita em 7 de setembro de 1822, e foi palco de
memorável batalha contra o jugo português, em 1823, a Batalha
do Jenipapo, em oposição às tropas de Fidié, que defendia a
manutenção da Coroa Portuguesa.
Em 1852, em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina, é fundada a
cidade de Teresina. Conhecida como "Cidade Verde" por
causa das águas verdes do rio Parnaíba, que se encontram com as
do rio do Pote.
Fase III
A Arte e a Cultura do Piauí
O Piauí possui uma das mais ricas diversidades de dados de
enfoque cultural e folclórico do Brasil. Lendas, ritmos e
danças, parecem se misturar com singular maestria à arte de seu
povo. O que seria do piauiense sem a Procissão do Fogaréu, em
Oeiras, a lenda do Cabeça de Cuia, em Teresina, a arte santeira,
a religiosidade de Santa Cruz dos Milagres, a deliciosa cajuína
e até mesmo o tradicional mastro de Santo Antônio, de Campo
Maior?
É a esta porção intangível da herança cultural do povo
piauiense que vamos homenagear neste quadro.
Destacaremos os inúmeros folguedos, pagodes (ritmo de origem
africana nascido no Piauí e que teria sido o precursor R11; ou
pelo menos o inspirador; do samba de roda mais cadenciado),
quadrilhas, bumba-meu-boi, reisado, marujada e pastoril.
Homenagearemos também as mãos deste povo artesão. Mãos que
tecem tapetes e cestos. Que esculpem e retratam a fé, a
esperança e o vigor de um povo lutador que não abre mão de sua
cultura e sua arte.
Fase IV
Piauí do Brasil
No fechamento de nosso desfile, revelaremos um pouco do cotidiano
do Piauí moderno e de sua capital. O Piauí que apresenta sua
própria tecnologia em biocombustíveis; O Piauí do
desenvolvimento rural, o Piauí de riquezas minerais, do Turismo
e a Teresina do sonho e do amor, refletidos em seus eventos R11;
como o salão do humor, o festival de cinema e o encontro
nacional de folguedos R11; que representam os maiores valores de
sua gente.
Este é o Piauí. Filho do sol do equador.
Este é o Piauí da Unidos de Lucas.
E esta é a Unidos de Lucas. Desde já, só Piauí.
Enredo: Renato Bandeira
Carnavalescos: Renato Bandeira e Oziene Furttado