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Somos parte da Terra... Assim como ela faz parte de nós (Lins Imperial - 2012)
No
início o Criador, com seu coração de sol, soprou
seu cachimbo sagrado e de sua fumaça, fez a Mãe Terra... Chamando sete anciães disse: "Quero que criem a humanidade...".
E com isso os anciões navegaram em uma canoa que era uma cobra
de fogo pelo céu... E a cobra-canoa levou-os até a
terra... Logo criaram o primeiro ser humano e disseram: "Você é o guardião da roça...". Estava
criado o homem... O primeiro homem desceu do céu em um
arco-íris em que os anciões transformaram. Seu nome era "NHANDERRUBUÇU" o nosso Pai Antepassado. E logo depois criaram as Águas do Rio Grande, "NHADERYKEÍ-CY", a nossa Mãe Antepassada... Depois disso então a humanidade foi criada, e "NHANDERRUBUÇU" se transformou no sol e "NHADERYKEÍ-CY" na lua... Os índios foram os primeiros habitantes do território brasileiro, formado por povos com seus hábitos, costumes e línguas diferenciados. Sua rica cultura em detalhes nos fascina com tanta criatividade.
A música e a dança são freqüentemente associadas na sua cultura variando de tribos. Na comunidade indígena a importância que essas artes exercem tem a sua representação em ritos e mitos. Uma das grandes manifestações é o "KUARUP". Em uma cerimônia de mais profundo sentimento humano realizam os "KUÍKURO", sempre em noites de lua cheia, em um cenário fantástico a tribo convida outra para poderem juntos evocar as almas dos mortos mais ilustres. Entre várias tribos é possível observar algumas representações nas partes dos ritos que poderiam facilmente evoluir no sentido do teatro. Muitas são representadas apenas pelos gestos e outras como uma grande "Ópera" com cânticos e expressões que substituem os diálogos. Suas expressões ficam marcadas em suas pinturas corporais. Nem sempre em beleza estética, mas pelos valores que são considerados e transmitindo através dessa arte. Entre muitas tribos a pintura corporal é utilizada como uma forma de distinguir a divisão interna dentro de uma determinada sociedade, como indicar os grupos segundo suas preferências.
Suas vestimentas adornadas em plumas são geralmente utilizadas em ocasiões especiais como os ritos. O uso da arte plumária se dá de dois modos, uma para colagem de penas no corpo e outra para confecção e decoração de artefatos como máscaras, colares e muitos adornos. A madeira, a pedra, o trançado, a cerâmica, seus desenhos e pinturas, são formas de expressão, onde indicam seus costumes, crenças e hábitos do dia-a-dia, revelando uma grande habilidade artística. E dentro dessa cultura tão fascinante, as histórias de grandes lendas que são passadas por várias gerações. Diz uma lenda indígena que, mesmo sendo adorada pela sua tribo, que vivia no meio da Floresta Amazônica, a mais bela índia da tribo dos SATERÉ-MAÉS, CEREÇAPORANGA, um dia se apaixonou por um índio de uma tribo inimiga: Os MUNDURUCUS, que guerreavam ferozmente com o povo SATERÉ-MAWÉ. Assustada e ao mesmo tempo encantada com a beleza do índio, ela cedeu aos seus encantos e resolveram ficar juntos. Mas, cientes de que seu amor jamais seria aceito pelos líderes de suas tribos e enfrentando os irmãos da linda moça, que se opuseram a união, os amantes fugiram para longe. O casal, sendo perseguido pelas duas tribos rivais, se abraçou aos pés de uma SAPUREMA, pedindo a TUPÃ um auxílio para aquele problema.
O Deus TUPÃ, que tudo via, lançou um raio sobre os dois e, no lugar onde o raio tocou o solo, TUPÃ fez brotar um par de olhos negros, que lembram os lindos olhos cheios de paixão e energia da índia CEREÇAPORANGA: A fruta do guaraná. Todos pensaram que eles tinham morrido, mas TUPÃ havia levado os amantes para permanecerem abraçados no céu. Essas sementes, tomadas em chás e infusões ou trituradas, deram à tribo de CEREÇAPORANGA uma grande vitalidade. |
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