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O Pequeno Grande Rei (União de Jacarepaguá - 2012)
O Pequeno Grande Rei (União de Jacarepaguá - 2012)

-"O REI está nu!"

O que está acontecendo? No meio da multidão, grita de lá o menino, prestando atenção naquela encenação que ele não entende a intenção. Percebe que aquela figura, que é destaque daquela escola, conta na sua história, as artimanhas da vida, onde a encenação, atende a uma especulação da sociedade anarquista, derrubada pela sua observação.

Quando o povo grita -"menino louco, menino burro, não vê A ROUPA NOVA DO REI?

Tamanho é o envolvimento, com aquela situação, que o menino assustado, percebe que o REI pelado responde a uma intenção, que vem da multidão, que quer ser vista com aceitação, pois tem o dinheiro acima de qualquer questão. Aquela história, alegoricamente apresentada, retrata a grande cilada de uma sociedade, escrita e desenhada pelo autor Hans Christian Andersen, numa grande sacada, de forma figurada.

O impacto causado, pela experiência de assistir da arquibancada, o maior Espetáculo da Terra, passando pela maior passarela que se tem notícia, faz qualquer um delirar, imagina se esta pessoa é um menino? Sua imaginação voou, voou, voou, sem controle, conduzida unicamente pela emoção, que o remeteu a uma questão: Pensou distanciado da razão, qual é a finalidade dos reinados existentes, com os seus reis imponentes?

REI? Quem é esta figura? Onde estão, onde se encontram? Espalhados pelo mundo, existem muitos reinados, que representam as fantasias, os sonhos, os desejos, através de seus autores, que relatam as História, ou criam estória, não importa, relatos reais ou imaginários são mensageiros de ensinamentos, reflexões, situações e lições de vida.

Estas emoções remetem naturalmente a um fundo musical, associado a cada situação, reforçando a emoção, vem a música do REI do Baião.

Esta história, que começa no sertão, é guiada pelo astro REI, que conduz pelo interior, morrendo de calor, para aquele que todos têm medo do traço, pois ele é o REI do Cangaço. Este calor sufocante, que desidrata a qualquer instante, remete à secura do lugar, ao sofrimento do povo, no meio de tanta pobreza, no interior e na Fortaleza é preciso melhorar. Muito tem que se trabalhar!

Este contraste permanente, das ausências e dos ausentes, mostra o potencial do povo daquele lugar, que sem recurso algum, apresenta a todo o momento, uma forma de conhecimento, a cultura popular.


O colorido do Nordeste toma conta da imaginação, e que festa melhor pode traduzir esta situação? A folia de REIS que é uma festa com tradição. Com suas fitas e babados e todos rodando ao som do xaxado. Quantos REIS existem nesta situação? Protagonistas nesta festa, atrás da estrela guia, no cair da noite eles chegam e ficam a esperar...

A natureza se apresenta forte, colocando o pé no chão, a terra é a confirmação, a estabilidade desta situação que também dá asas a imaginação. Cadê seus REIS? Olhando para o alto, para a grandeza da pedra que desponta entre a mata, o menino vê o REI da Floresta. É a brincadeira entrando na imaginação, tudo parece uma grande confusão. O que nos resta? Admirar o REI da Selva, pendurado no cipó, voando de galho em galho, com os músculos a mostra, onde ele vai parar? Vai observar a terra que era virgem, símbolo da liberdade, que acolhe todos os seus filhos, nativos e fugitivos, não importa de que lugar.

O REI do Quilombo, ali decidiu ficar, como um filho querido, sentiu-se finalmente acolhido, na terra que lhe prometeram, que dela não teve medo, mas que nela encontrou o seu oposto, na cor e na decisão, lhe deu a impressão, que aquele que o recebeu, não veio como irmão, mas o viu como trabalhador, para servir a um senhor.

De longe, algo brilhante reluz e faz ofuscar, o olhar de quem com certo medo busca entender este segredo que reluz neste lugar. O brilho da natureza não trás tamanha clareza, mas alguém tem que falar. Uma espada reluzente, de um REI ainda menino, mas que veio para ajudar, protegendo os filhos, que a terra quer guardar.

De longe a fumaça aponta, é o sentimento da floresta, traduzido pelo seu leitor, o dono da Pajelança, quem abre a roda da lembrança, trazendo a esperança ligada a este lugar. A terra não vai parar!
No tabuleiro da vida, existem momentos que parecem feridas que não têm fim nesta vida. Naquele momento, destruído pelo sentimento, a negociação pode apontar uma solução. Nem sempre se consegue ganhar. Perder é uma situação, que dói dentro do coração, que transtorna um ou uma multidão, mas faz parte da criação.

O Jogo, momento de grande emoção, se afina com esta situação e o baralho animado, conduzido pelos REIS que formam os 4 reinados, copas, ouros, paus e espadas, permite uma das duas sensações: vitória ou derrota? Nestas duas sensações, que podem ser verdadeiras, ou parte de uma figuração, é preciso ter clareza, para não perder a certeza que esta é uma forma de finalizar uma questão.

Nas jogadas da vida, quem não quer uma história bem sucedida, que lembra uma pessoa querida, que nos gramados se formou e o reinado comemorou como REI do futebol. Esta paixão nacional, que além de arrebatar a torcida, entrou na imaginação, se misturou com a paixão, revivendo a emoção por este homem do Brasil, que aqui cresceu e não fugiu da sua sina verdadeira, finalizar a partida, com uma goleada certeira, sacudindo a rede inteira e terminando como um REI, levando ao xeque mate no final do combate.

É com esta vibração que a galera sempre animada, espera que na arquibancada, possa ver de enxurrada, uma grande goleada, na Copa que se anuncia, tornando ainda mais famosa a Cidade Maravilhosa.
Qual é a lógica desta situação? Voando sem uma condução, passando pela escolha da imaginação, dirigido apenas pela emoção, o menino cai dentro de uma questão. É o REI nesta situação, puxado sem permissão, entronado pela questão, representando uma figuração, apoiado pela multidão. É a consagração!!! Com o delírio da população.
O menino entronado, agora é o REI na Festa do Divino. Passa nesse momento a viver o REI da sua imaginação, na sua coroação. Este momento especial, precisa de um REI espiritual, para a sua proteção, pois os reinados encantados, por onde ele viajou, não tinha esta situação, ele não estava na questão. O menino assustado, que não foi perguntado, se queria aquela coroação, entende que agora ele faz parte da representação. A multidão levanta uma questão: -"Quem é ele?" -" Quem é você?" O menino responde: -"Ninguém nunca perguntou o meu nome. Para o Hans Christian Andersen sou apenas um menino...

Saindo daquele susto, dominando a situação, no calor da emoção o menino estendeu a sua mão:

-"Muito prazer sou O PEQUENO PRÍNCIPE". Mas esta já é outra história...

Sua estrela iluminada lhe dá uma grande sacada, cada um tem seu lugar e uma história para iluminar. Cada um tem uma estrela conduzindo para um lugar. Onde vai dar? Onde o coração apontar? Onde a lógica determinar? Ou onde a emoção imperar?

Cada um, o seu REI quer buscar. Como achar?

O GRANDE REI é invisível para os olhos... Só se vê bem, com o coração...