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Odé, Dedé veio brincar… de África para o Brasil no Balanço do Irajá (Balanço do Irajá - 2021)

Odé, Dedé veio brincar… de África para o Brasil no Balanço do Irajá (Balanço do Irajá - 2021)

Quando eu crescer, quero ser criança.
Joseph Heller
(Escritor estadunidense)

É na fartura de brincadeiras que encontramos, com as crianças o caminho para a liberdade!
(Re) existindo em “Oxóssi” menino, somos embalados pelo samba em Irajá.
Omilemi – Ellen Lima Souza
(Ekede de Oxum Ilê Axé Omo Oxe Ibalatan; Profa. Dra. Universidade Federal de São Paulo)

Introdução ¹

“Oxóssi, rei da mata, me dá licença pra chegar…”

Partindo da premissa de que Odé nasceu, logo não nasceu adulto.

Esse enredo é uma grande brincadeira, porque as principais coisas da vida a gente aprende brincando.

Entramos na mata para desvendar as travessuras do menino Odé, que, com seu jeito sapeca, vivia em África, no mais puro sentido da liberdade.

Já em solo brasileiro, conhece dois amiguinhos, que lhe apresentam aos costumes daqui, ao mesmo tempo em que vão aprendendo os costumes de além-mar. A infância e o que há de sagrado neste período da vida inspirou nossa agremiação (recém-nascida) a fazer sua estreia na pista de desfiles, festejando o lúdico e o fantástico, e, apoiando-se na fé de seu padroeiro São Sebastião (sincretizado no Rio de Janeiro como Oxóssi), contar ficcionalmente a infância de Odé, cuja as narrativas, em sua maior parte, foram perdidas no Brasil.

Então, por que não imaginá-la e sonhá-la no universo colorido da fantasia? Com profundo respeito aos fundamentos, mas sem nos prendermos a eles, nosso projeto de apresentar um enredo afro-infantil se constitui como a “construção” de uma ficção do passado, que mira a universalidade da infância e pede proteção à nossa ancestralidade.

No viés de uma grande brincadeira, vamos juntar todas as pequenas mãos e refazer a ciranda: mas, em vez de ser em branco e preto, “arco-irisá-la”, com todas as vozes e de todas as formas. Oxalá criou a criança, e ela “recriou” tudo, e chamou isso de “fantasia”. E Oxalá riu, porque viu que era bom….

Aqui menina veste azul e menino veste rosa!

Agora é a vez de cantarmos a infância de Odé, o arqueiro de uma flecha só, aclamado como Oxóssi quando adulto, que se tornou “um grande homem” porque pôde ser, antes de tudo, uma criança. Plenamente.

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1 Esta introdução trata-se de um argumento.

Sinopse

Moleque traquina correndo na mata, zombando de tudo, menino inocente.

Na juba do leão fez uma trança; no som do agueré criou sua dança. Do chifre do antílope fez seu arreio; do rabo do touro fez seu chicotinho.

Embala seus sonhos em um céu estrelado, acorda o menino em solo brasileiro.

Chegou chegando “Oxóssi”-Menino, chamado Odé, que lá na favela virou Dedé.

Nas ondas do mar, veio do antigo reino de Ketu para brincar no Irajá. Logo fez dois amiguinhos: um, chamado Damião, outro de nome Cosminho.

Ensinaram-se seus brinquedos e brincadeiras: os de lá e os de cá: abayomi, babalotim, cavalinho de pau e atiradeira, correr atrás de borboletas, jogar bola, “pentear macaco”, pique-esconde… De tudo brincando. Fazer desenhos com as cores do arco-íris, fazer coroas com flores, pular corda com Dan…, fazer um balanço nos braços de Iroko, soltar pipas nos ventos de Oyá… Com estilingue lançar as pedrinhas de Xangô na colméia e correr, jogar milho pro pombinho de Oxalá comer…

Na festa de seus amiguinhos, conhecer nova cultura; com os balões coloridos, imaginar aventuras.

Se lambuzar no melado, comer curau da gamela; bolo de fubá, guaraná, balas e cocada… Raspar o fundo da panela… quindim, caruru, pirulitos, fazer algazarra, brincar, pular e correr.

E depois, quando o sono chegar, tomar a bênção do vovô Omolu e sonhar os sonhos mais lindos nos braços de mamãe Iemanjá.

Ela ninando e ele reinando, na Balanço de Irajá.

Este enredo é uma homenagem a todas as crianças do lado de lá e do lado de cá.

Pesquisa e desenvolvimento: Alexandre Devecchi, Ellen Lima, Fabrício Amaral e Satu

Texto: Alexandre Devecchi e Satu

Carnavalescos: Alexandre Devecchi e Fabrício Amaral