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Ewe, a Cura vem da Floresta (Inocentes de Belford Roxo - 2008) A Floresta, fonte inesgotável de sabedoria e mistérios. Nela escondem-se cultos ancestrais originários de povos de culturas milenares, a crença nas ervas e na essência de plantas e flores. Tudo na mata trem vida e respira e nos faz respirar, desde o chão, rico em nutrientes orgânicos que alimenta fortes e frondosas árvores que abrigam espíritos protetores do mundo, e curiosos seres que sugam e alimentam-se de plantas, tanto animais famintos e ferozes quanto nós, seres humanos que necessitam da floresta para respirar, nos alimentar e proteger. Nesta grande nave verde, temos a certeza de que há milênios os negros, com grande sabedoria e resistência, cultivam rituais religiosos acreditando na cura de seu povo, através de banhos, ungüentos, caldos e magias para confortar a todos, com folhas maceradas, piladas ou embebidas em álcool natural e água límpida das nascentes, preparavam banhos e bebidas para adquirirem a cura, folhas reservadas somente aos grandes curandeiros, que recebiam nomes como Elesijé, Babá Ewe ou YaOsaim, sacerdotes responsáveis pela sabedoria das ervas e seu significado, para que servia cada uma das folhas, nesta cultura criaram mitos e ritos surgindo divindades mágicas em seus cultos, com a fé, crença e respeito. Surgiam na África em diferentes regiões, Orixás com diferentes nomes para com eles reverenciarem o pai da floresta: Osain
vindo de Irão Com a crença cada vez mais forte na religião das folhas, os negros não perderam a fé nem quando num dos momentos mais terríveis de suas vidas, a travessia África/Brasil, não esmoreceram e nem se deixaram abater, chegando em nosso continente e implantando sua sabedoria e costumes religiosos, unindo ainda mais a sua força. Ao chegarem, deparam-se com o desconhecido amedrontador, mas algo lhe era familiar, o infinito mundo verde de folhas, caules e flores, cascas e sementes, o colorido da floresta brasileira que acolhia com canto, dança e indumentária natural tribal e culta entre os gritos dos animais e o coaxar das águas, protegidas por divindades caboclas, seres indígenas com grande sabedoria, desnudas e destemidas, sem o medo do novo e não se deixando escravizar. Uniram-se culturas, misturaram rituais, e nessa mágica oriunda coordenada por Deus, os povos negros passaram a conhecer novos Deuses e seres encantados, que caminhavam da mesma fé e crença no poder das ervas, embrenhando-se mata adentro, conheceram pajés e caciques responsáveis dos cultos e segredos nativos, pajelanças e rituais fúnebres ou de nascimento, folhas sagradas para afastar espíritos maus ou aproximação de energia boa, folhas que curavam mordidas de animais ou beberagem que curavam inflamações ou mal súbito; incensos e defumadores para purificação de ocas e rituais festivos dos Deuses brasileiros. Com cascas medicinais e sementes, garrafadas para todos os tipos de doenças assim negros e índios criaram religiões tipicamente brasileiras, plantando futuro da nação. E o tempo passou... A escravidão acabou... Os índios quase dizimados... Mas a herança firme e rica no seu propósito resiste e vive nas almas de poderosas velhas negras que simbolizam que simbolizam a imagem do folclore nacional. As vovós persistentes e descendentes das guerreiras africanas implantam seu culto e respeitadas, são procuradas por todos para a cura através das folhas em rezas, de quebranto, mau olhado, espinhela caída e tantas crendices. Com chás e rezas, banhos e fumaças, as duenças vão se dissolvendo e conhecimento se firmando e aumentando o interesse de povos evoluídos ema creditar a cura de novas doenças está nas ervas e mais propriamente falando, nas folhas milagrosas da floresta amazônica. Com milhares de exemplos, a novalgina, alcachofra, folhas sensitivas e anestesias em comprimido para dores e antiinflamatórios, xaropes de folhas, cremes e pomadas a base folha, e flores, sabonetes e perfumes. A indústria farmacêutica explora em busca da cura do câncer quase finalizada, a cura para doenças degenerativas, contagiosas e alérgicas, e a tão sonhada cura da AIDS, que hoje parece ser a pior das doenças que assombra a humanidade e é por acreditar em tudo isso que escrevi e transformei esse sonho em realidade, para que através do carnaval, festa de veículos mundial, sirva de alerta e incentivo para que governantes, empresários e o poder público se interessem no investimento de preservação ambiental de florestas, desde canteiros de praças ou frentes de rua até grandes recantos do descanso da vida verde, para que o mais rápido possível possamos viver em paz e harmonia, homem e floresta. Por isso hoje, a terceira esccola de maior importância da baixada flluminse a escola de samba de maior importância do distrito de Belford Roxo, situada em área de cultivo e ambientação sócio cultural e com grande área de pólo agrícola, se importando com a questão de moradia, educação e reeducação cultural de religião, alfabetização e diminuição do índice de pobreza e violência, abraça este enredo muito mais do que somente a parte folclórica e carnavalesca, mas sim de apelo e grito popular para todos que virem, ouvirem ou lerem sobre este tema, se sensibilizem e se encorajem, para juntos, tomarmos medidas sérias e cabíveis com a natureza. É preciso preservar e semear para que em um futuro próximo, possamos fazer enredos que falem de um passado tão distante de tantas coisas ruins que não nos pertencerão mais. É com fé e muito respeito, que o Grêmio Recreativo Escola de Samba Inocentes de Belford Roxo, traz para este carnaval, sabedoria de negros, índios, orixás e caboclos, curandeiros e pajés, médicos e bioquímicos e o povo da baixada, o enredo: Ewe a Cura vem da Floresta. Para alegria e satisfação de todos, certos de que faremos um bom trabalho e confiantes na vitória, pedimos a licença à imprensa escrita, falada e televisada e informatizada, para a passagem da Inocentes de Belford Roxo. Com muito carinho e respeito, venho defender as cores azul vermelho e branco da escola e agradecer a confiança em meu trabalho, para mais uma vez escrever meu nome nas páginas mágicas de um livro chamado carnaval... Jorge Caribé (carnavalesco) |
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