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Caxambu -
O Milagre das Águas na Fonte do Samba (Império Serrano -
2013)
… e da terra brotou água sem parar Revolvendo as entranhas desse chão Rompendo cada pedra e cada grão Doze fontes deram vida a um lugar E da serra da Mantiqueira veio a lenda No solo que se abriu como uma fenda Fez nascer uma nova explicação E a riqueza das águas que hoje eu canto É a fonte para a minha inspiração Dizem que Poseidon, o deus do mar Bateu com toda força o seu tridente O oceano se agitou tão de repente Que as águas no Brasil foram parar Lá na serra entre rios e cascatas Ninfas protetoras lá das matas Viam fontes borbulhando sem parar E a riqueza das águas que hoje eu canto É a magia que o meu verso foi buscar Se assim contou a mitologia A história imprimiu o seu valor Como a alcunha inspirada em um tambor “Cacha Mumbu” traz a forma em poesia Do morro que a cidade hoje nomeia É o corpo ao luar que serpenteia Do negro que a montanha batizou E a riqueza das águas que hoje eu canto “Jonga” na ginga que o mestre me ensinou O batuque que se ouve ali do lado Nas ruas marca o passo em louvação A ladainha que conduz a procissão É a reza para o santo consagrado Devotos percorrendo cada via Entoam a mais bela melodia Junto aos sinos que repicam em devoção E a riqueza das águas que hoje eu canto Traz a fé de todo um povo em comunhão O tempo passa assim mineiramente Conduzido pelo passo do tropeiro Um deles se tornou o pioneiro Destacou-se dentre toda aquela gente De Barão das Águas foi chamado Na Fazenda da Roseta fez reinado No coração de todos fez história E a riqueza das águas que hoje eu canto Mora hoje na mais viva memória Vieram também outros personagens Como Nhá Chica, a famosa milagreira Que ao comover a região inteira Atraiu as mais diversas homenagens Do povo que a fez idolatrada Entre as santas do lugar é recordada Por dedicar a Deus toda uma vida E a riqueza das águas que hoje eu canto É uma canção de louvor nunca esquecida Enquanto se festeja o altar divino Cá na Terra o profano é que é louvado Quem será o rei maior do carteado? Quem vai tirar a sorte grande no cassino? No luxo dos hotéis, todo o sabor Da era Vargas, o poder e o esplendor Do glamour que em Caxambu fez a pousada E a riqueza das águas que hoje eu canto Ecoa Glória de uma época dourada O recanto de um sonho brasileiro Acolheu até mesmo uma princesa Envolvida pelo manto da tristeza Por não poder gerar o nobre herdeiro Mas a força das águas da cidade Concedeu à Isabel fertilidade Veio o filho desejado afinal E a riqueza das águas que hoje eu canto Deu mais vida à Família Imperial Em graças ao presente recebido A princesa fez erguer ali um dia A Igreja Santa Isabel de Hungria Deixando todo o povo agradecido E assim segue o ciclo da vida No vai e vem das águas é trazida A energia que das fontes emana E a riqueza das águas que hoje eu canto É a glória da nação imperiana E da sinfonia que a minh'alma hoje entoa Mina versos para a Serrinha desfilar Na avenida novamente a celebrar A mais rara joia da coroa Sou reizinho, sou povo, sou patente Do verdadeiro samba, o expoente De todos os amores, o mais franco E a riqueza das águas que hoje eu canto É a fonte do meu samba em verde e branco! Carnavalesco: Mauro Quintaes Texto: Gustavo Melo Pesquisa: Esther Maria Duarte Lúcio Bittencourt Colaboração: Rachel Valença |
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