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O Último dos Profetas (Império da Tijuca -
2017)
A Judeia
está em festa. Na noite límpida do deserto, desce das
estrelas a luz que anuncia a chegada de um profeta de fé e amor.
Esta noite esperada e iluminada festeja com alegria o nascimento do
emissário da esperança. Conforme anunciou o amigo
Gabriel, nascerá João!
Gerado no útero de Isabel, que saudou Maria, mãe de Jesus: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Veio ao mundo em uma pequena aldeia de Judá. Filho de uma terra árida, ponteada por rochedos, de calor intenso e vento cortante, habitada por camelos, ovelhas, cabras e beduínos de vestes escuras e pele curtida ao sol, cobertura por vegetação tímida e rara, mas que garantia o sustento à gente sofrida. Criado na tradição judaica foi viver com a mãe no deserto, após a morte do pai, Zacarias. Ao perceber que chegara a hora de cumprir sua missão, de anunciar a vinda de um Messias que estabeleceria o Reino do Céu na própria Terra, passou a peregrinar junto aos povos que perambulavam pela região. Assim surgia o profeta da esperança: homem simples, que vestia peles de animais e se alimentava de gafanhotos e mel. Porque era a fé o seu principal alimento. Sob o sol escaldante do árido deserto, fazia suas preces e seus sacrifícios, pregando o arrependimento e lições de amor. Humilde, João dizia que não era digno nem sequer de apertar as sandálias do Messias. Batizava a todos que se arrependiam e multidões sempre iam ver suas pregações no rio Jordão - o mesmo em cujas margens, tempos depois, apoiou Jesus em suas mãos e o mergulhou em suas águas claras, das quais emergiram o Cristo Salvador. Rei guerreiro que conquistou reinos e enriqueceu seu povo iorubá, a missão de Xangô é cobrar de quem deve e premiar a quem merece, agindo sempre com sabedoria. Seu poder queimar e destrói todo o mal, transformando-o em todo o bem, conforme nosso merecimento. É isso que se pede à beira das labaredas no mês de junho, de acordo com a simbologia ancestral das fogueiras. Grande, poderoso, vaidoso, implacável e valente, Xangô é também exemplo de compaixão e justiça - simbolizada pelo seu machado de duas faces, que a todos julga, sem distinção. O fogo de Xangô nos leva novamente do nascimento de João - data que, para os povos da Antiguidade, coincidia com a proximidade das colheitas e os rituais dos camponeses para afastar os maus agouros, as pestes, a estiagem. O fogo tinha, também, a simbologia de purificação dos pecados. Nos dias de hoje, é isso que se pede ao pular as brasas das fogueiras no mês de junho. Tradição essa celebrada em muitos país da Europa (Portugal, Espanha, França, Rússia, Polônia) e das Américas (Paraguai, Argentina, Cuba, Bolívia, Chile, Peru e Venezuela). Além, é claro, do Brasil. Nas nossas terras, a devoção e a tradição trazidas pelos portugueses seduziram nosso povo, fazendo das Festas Juninas uma das maiores homenagens a São João Batista - e seus companheiros Santo Antônio e São Pedro. Festas que alegram o país com suas cores, luzes, comidas, bebidas, danças e músicas típicas, adivinhações e crendices - principalmente no Nordeste, em cidades como Campina Grande (Paraíba), Caruaru (Pernambuco), São Luiz (Maranhão), Mossoró (Rio Grande do Norte) e Salvador (Bahia). Pelas pregações dos jesuítas, o caráter religioso dos festejos juninos europeus passou a celebrar a vida, os costumes e as tradições do homem simples, principalmente do campo. É a vida do caipira, do bacamarteiro e do violeiro; do sanfoneiro, do tocador de triângulo e de zabumba. Gente que dança forró, baião, arrastapé, xaxado e quadrilha; Que faz adivinhações, enfiando a faca na bananeira ou jogando papeis em bacias d´água para saber o nome do grande amor: Que solta rojões, foguetes, buscapés e salta a fogueira; Que sobe no pau de sebo em um arraial ornado por bandeirolas; Que veste roupas coloridas, às vezes remendadas com retalhos de tecido; Que usa chapéu de palha e admira os balões no céu; Que come pamonha, canjica, munguzá, pipoca, pé-de-moleque e milho assado na fogueira. Gente humilde como o próprio João - aquele menino da Judeia, cuja vida e cujo sangue serviram para anunciar a chegada de um novo tempo. Um tempo de salvação, um tempo de fé, um tempo de esperança. Texto: Júnior Pernambucano Bibliografia - Dicionário do folclore brasileiro.Luís da Câmara Cascudo. Editora Global, 2012. - A gruta de São João Batista Shimon Gibson. Record, 2004. - Guia visual da história da Bíblia. National Geographic/Nova Fronteira, 2008 - O profeta que veio do deserto. João Batista Megalhe. Edições Paulinas, 1978. - O santo do dia. Servílio Conti. Vozes, 1997. Sugestão para os compositores: Para aprofundar o conhecimento sobre a história e o tempo de São João Batista; e também sobre os principais aspectos descritos na sinopse, sugere-se assistir ao filme O Evangelho Segundo João (diretor: Philip Saville, duração: 2h10) e o vídeo Evidências - a história de João Batista, 2013 TV Novo Tempo. |
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