Sinopse Império da Tijuca 2009
O
Mundo de Barro do Mestre Vitalino (Império da Tijuca - 2009)
Carnavalesco: Fábyo Santos
*O enredo é uma reedição do Carnaval de 1977.
Vitalino Pereira dos Santos nasceu, em 1909, na cidade de
Caruaru, estado de Pernambuco. Seu pai era lavrador e sua mãe
trabalhava com o barro que buscava nas margens do Rio Ipajuca. As
peças que modelava eram vendidas numa famosa feira folclórica
localizada a poucos quilômetros da capital Recife, onde se
encontrava produtos variados, dentre eles a cerâmica
utilitária.
Para melhorar o orçamento da família, o pai do menino Vitalino
construiu um forno para queimar as peças produzidas pela mãe,
que distraía o filho dando-lhe o barro que sobrava para brincar.
E assim, aos 6 anos, Vitalino teve o primeiro contato com a
matéria-prima que um dia o tornaria um reconhecido, porém
humilde, artista.
O pequeno Vitalino começou modelando com o barro animais como
bois, cavalos e bodes, os quais iam para o forno junto às peças
feitas pela mãe. Além disso, deixou de apenas acompanhar os
pais na feira de variedades, passando a vender seus singelos
boizinhos e os demais frutos de sua imaginação no local.
Aos 15 anos, contudo, deu asas a outro desejo. Motivado a tocar
pífano, montou sua própria banda, a chamada Zabumba de
Vitalino. Cinco anos mais tarde, no entanto, descobrira no
folclore regional aquilo que viria ser sua grande fonte de
inspiração e uma espécie de marca pessoal.
Dessa forma, com seu inigualável estilo figurativo, o jovem
universalizou o cotidiano do homem sertanejo. Nascia, por
conseguinte, o primeiro grupo de cangaceiros, uma de suas tão
inocentes obras. Em seguida, entretanto, Vitalino também se
envolveu com a esfera urbana, gerando, notoriamente, uma nova
linhagem de figuras modeladas com o barro, além de uma série de
auto-retratos.
Sua natural capacidade criadora tornou Vitalino o maior ceramista
popular do Brasil. Algumas de suas peças eram feitas com barro
de diferentes corescomo vermelho tuá e o branco. Depois, o
ceramista passou a usar produtos industrializados na pintura de
seus bonecos que eram assinados com lápis e tinta preta. Enfim,
o genial artista, ainda que analfabeto, aprendia a autenticar
seus trabalhos, adotando mesmo o nome de batismo, V.P.S.
Deve-se destacar ainda a identidade daquele que revelou o talento
de Vitalino para o país, o artista plástico Augusto Rodrigues.
Só a partir de então, ele realizou sua primeira exposição no
Rio de janeiro, o que, aliás, lhe permitira fazer ainda em vida
uma doação para o Museu de Arte Popular de Caruaru. Tamanha
habilidade, inclusive, fez com que seus trabalhos atravessassem
nossas fronteiras continentais.
Ainda assim, Vitalino morreu pobre. Referência e orgulho do povo
brasileiro, saliento, escreveu para sempre seu nome na história
da arte genuinamente folclórica de nosso país. E estimulada por
esse mundo de barros e fitas, animais e gente, artes e festejos,
a Império da Tijuca comemorará na Avenida, durante o Carnaval
2009, o centenário do nascimento deste inquestionável talento.
Para os aplausosde todos, vem aí, O Mundo de Barro de
Mestre Vitalino.