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SINOPSE ENREDO 2009 Somniu Aeternitatium Imperiale – Só quem é pode saber! Autor Não sei ao certo como nasci....para lhes mostrar minha
sinceridade, nem sei ao certo se nasci, se fui nascida, se há
nascimento para mim.
Estive em tantos lugares e assisti a tantas coisas que olhos comuns não poderiam contemplar. No mesmo instante em que vi explosões de estrelas nos confins do universo, vi uma ave partir de seu ninho e pessoas buscando desesperadamente voltar ao seu ninho. Os ponteiros para mim não avançam nem retrocedem. Nunca fui... nunca sou e nunca serei.... pois sempre fui, sempre sou e sempre serei! Salpiquei minha essência por onde a Humanidade um dia engatinhou e deu seus primeiros passos aprendendo a andar. E já de pé, os Homens criaram idéias sobre mim. Ah, esses filósofos... roubei-lhes o sossego! Quantas idéias rolaram de mentes brilhantes, mas, ainda sim, mentes mortais. E todo esse rio fluente de idéias sempre desaguou em um local onde reino soberana. Um local onde o tempo eu destruo com minhas presas de fera! Lá... onde habito, entre o aqui e o ali, as idéias não morrem jamais! Um dia assisti os Homens criarem símbolos... criarem deuses. Os seres divinos seriam imortais, ou seja, fariam parte de mim. Que estranha forma dos humanos me buscarem! E afinal, o que seria um Deus? Símbolo da humanidade? Seria um jogo de espelhos, onde o próprio Homem não vê em seu reflexo a essência divina? Pobres mortais que vagam pelas eras sem saberem ao certo o que são... Se um dia as divindades pudessem se pensar... se pudessem se encarar, perceberiam a verdade maior: não passam de imagens criadas pelos seres humanos e por isso também seriam mortais e finitos. Suas faces envelhecidas, antes atemporais, iriam se desfazer e o mundo divino ficaria em silêncio e vazio. Sim, sou o espelho dos Deuses, pois quando me encaram, vêem em mim tudo aquilo que não se encerra, que o fim não pode tocar. O reflexo do eterno. Sem mim, o dom divino sucumbe e explode em uma nuvem de poeira!! Mas... a humanidade insiste em me buscar. Nesta busca, os mortais enlouqueceram. Chegaram a se proclamarem como únicos, indestrutíveis e imensuráveis. Criaram verdades que não poderiam ser contestadas e sonhos imutáveis. Mal sabiam eles que os Homens são a caricatura da própria pequenez! E foi assim que assisti tantas ruínas. Discursos rasgados, soberbas afogadas nas ondas do mar, sons emudecidos... sonhos que vieram e que foram ao sopro dos ventos. Ventos que soprei com meus lábios... sonhos humanos que por serem humanos, são apenas sonhos e termináveis! De tudo que já vi os Homens fazerem, nada superou o que testemunhei ao longo das eras em nome de um sonho maior: a juventude imutável. Acompanhando a interminável busca por mim, contemplei como a humanidade sonhou e agiu para que fosse sempre jovial. Foi assim que assisti a delírios mil! Exploradores atrás da fonte de águas eternas, médicos que realizavam estranhas experiências... todos, em um grande bloco de desvairados, jamais puderam perceber que quanto mais velhos, mais distantes de mim! Não puderam contemplar a jovialidade dos ideais da juventude que queria mudar o mundo. Jovens que marcharam, de braços dados ou não, que abalaram o Brasil, a linda Paris e o planeta. Grandiosa geração 68 que acreditou ter todo o tempo do mundo! E foi acreditando... alimentando a mente com bons pensamentos, que percebi aquilo que nenhum ser humano contemplou. Os únicos viventes sobre a face da Terra capazes de me verem, me tocarem são as crianças. Elas que sentem o mundo à flor da pele... que vêem a realidade como grandes devaneios. O tempo não existe para eles... o amanhã é repleto de hoje e vazio de ontem. A eles eu me curvo e me aproximo. Tomo-lhes em meus braços para embalá-los e junto alçamos vôo para o lugar que um escritor, de alma repleta de jovialidade, um dia narrou e deu vida. Junto a eles embarco para o mundo de piratas, de garotos perdidos, de fadas e sereias. Terra onde o sempre é inexistente, afinal o nunca é reinante. Sou o que sou e as crianças são o que são por um único motivo: sempre podemos retornar à Terra do Nunca! Apesar de tudo isto, sentada em meu trono, continuei testemunhando a busca humana para tocar com seus dedos minha essência. Talvez, por tanta proximidade, acabei admirando esses mortais que, apesar de finitos biologicamente, são infinitos na capacidade de se recriarem e surpreenderem. Quantos tornaram-se criadores eternizados por suas obras! Mas como o destino é meticuloso, as criaturas (suas obras) acabaram roubando o brilho de seus criadores, criando um jogo macabro de criaturas-criadoras e criadores-criaturas. No entanto, foram poucos os Homens que perceberam que através de suas obras poderiam se apossar de um pouco da magia que me compõe. E eis que me surpreendi, uma vez mais, com a juventude! Em uma manhã fria de abril, dois jovens criaram um sonho para tentarem eternizar a amizade que os unia. Confesso... me comovi com tal atitude após presenciar milênios de ações horrendas e mesquinhas dos seres humanos. Assim, decidi descer ao plano dos Homens e fiz de morada aquele sonho nascido em um dia 19 de Abril.... sonho-menino que fiz de berço... que fiz de casa no alto das nuvens onde os sonhos vagam... Casa Branca!! Branca de paz na brancura abstrata do irreal! Tomei assim minha primeira forma... floresci ao mundo terreno através da mente-menina que nunca abandonou o dom de imaginar! Mais próxima dos jovens, pude acompanhar quantas sensações e utopias se armazenavam nos peitos de cada um. Vi a saudade na forma de um pierrô... foi no carnaval que o criador-menino calou suas dores e dissabores. Estive junto dele, pois nos tornamos um só através de sua obra abstrata. Passeei de mãos dadas contigo, fui teu brinquedo predileto, afinal sabia que jamais te abandonaria. Em evolução, me coroei com teus sonhos e com tua utopia. Cruzei vales e montanhas em ricas terras mineiras. Olhei de frente o início do céu através dos anjos barrocos. Fui uma nova luz além do sol... reluzi mais que o sol! Me fiz celeiro de bambas, afinal só eu poderia colher um futuro melhor, pois o futuro está entre meus dedos! Proclamei o cio da terra que fez florir de alegria o teu coração de imperador! A tua esperada primavera chegou em forma de vitória! Uni passado e presente, em azul e violeta, sob as bençãos de Afra, o patrono da negritude, pois o passado e o presente eu reduzo em agora! Fiz os tambores rufarem em tua glória!! Também ri do que é boçal... ri do que reduz um mortal a ser mortal!! Ria da mediocridade alimentada pela corrupção. Fiz escárnio e feri a realidade com meu sorriso. Vi no Brasil o país das maravilhas, grandes e absurdas!! Com tua ousadia consegui salpicar minha emoção nas tintas de Salvador Dali. Diante da grande tentação embarquei na mais surreal magia do teu mago maior! Com seus feitiços criei o painel de um tempo onde o sonho jamais acabará! Afinal... sambista que é sambista não se engana... sou teu sonho de verdade!! E prossegui... me alimentei de tua indignação e tua fúria diante da injustiça! Como fera ferida, cumpri o destino! Me incinerei para que sua obra pudesse renascer e se transformasse. Mais do que nunca tornamo-nos uma única essência. A morte sucumbiu e se curvou diante de mim! É chegada a hora então do grande sanatório geral desfilar! A sua insanidade de menino-criador vai passar em louvor à minha história, grandiosa e imutável! Enfim, posso me revelar. Sou eu, Imperiais do Samba!! Sou eu que brilho mais que sol, que roubo teu juízo, te faço rir e chorar, te ensino como uma única fagulha pode fazer incendiar antigas cinzas!! Sou eu o eterno celeiro de bambas!!! Eu sou a eternidade!! Sou a voz de todos os tempos!!
Mas o que é ser Imperiais?? |
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