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Arthur X - O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz (Imperatriz - 2014)
Arthur X - O Reino do Galinho de Ouro na Corte da Imperatriz (Imperatriz - 2014)

“A única forma de chegar ao impossível é acreditando que é possível”
De Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas

Autoriza o árbitro! Rola a bola na Avenida.Começa a decisão do Carnaval carioca. Doze escolas estão na briga! Vila quer buscar o feito do último campeonato. Império da Tijuca está na primeira divisão. Mocidade e São Clemente jogam na defesa. Ilha cadencia o jogo! Mangueira e Portela tentam a posse de bola pela intermediária. A sobra é da Grande Rio que chuta pro gol mas bate na zaga do Salgueiro. A torcida grita! Tijuca dispara pela ponta esquerda mas é desarmada pela Beija-Flor. Que jogada! Imperatriz domina com categoria, faz a finta e levanta a torcida. Quanta habilidade! Imperatriz cruza o meio de campo, deixa a marcação para trás e parte em arrancada na direção do gol. O gol é o seu portal! Ela cruza o gol, abre os portões da poesia e mergulha, de braços abertos, na ilusão de um carnaval.

Diante da imaginação permissiva ela não se assusta. Sente-se confortável com o mundo novo que se descortina diante de seus olhos. O País do futebol, que até então muitos falavam, de fato existia e ela estava lá.

Nessa pátria de chuteiras, a nobre representante do carnaval toma conhecimento de histórias populares. Curiosidades em torno da existência de um rei de pernas tortas, fatos sobre a coroação de um rei negro. Porém, entre as muitas histórias, uma lhe desperta interesse: Arthur X que havia nascido plebeu em um subúrbio do país do futebol. A família Antunes Coimbra estava feliz e não conteve a ânsia de espalhar a notícia. Em tempo, damas, bulfões, soldados e plebeus espalhavam o ocorrido pelas casas simples da rua Lucinda Barbosa.

O passar dos anos encarregou-se de transformar o plebeu em rei. Suas conquistas e lutas pessoais lhe conduzem ao trono. Travou e venceu batalhas. Foi condecorado com a farda verde e amarela – a mais alta patente dada a um combatente do país do futebol. Sagrou-se campeão trajando vermelho e negro nas disputas mundiais do octogésimo primeiro ano do século em que vivia. Foi coroado! Rei coroado no templo do futebol. E por ser soberano de uma nação popular, espalha-se a fama e a grandeza de suas glórias.

Diante da história que corre na boca de nobres e plebeus, aumenta o interesse da Imperatriz sobre o rei. no afã de encontrá-lo toma conhecimento da realização de competições que animavam as massas, tendo tal evento o título de “disputas dominicais”. Realizadas em um lugar, que ficou popular como “Templo do futebol” – espécie de arena erguida em torno de um vasto campo verde – onde o povo se encontrava e se divida em diferentes torcidas.

Junto à multidão que se espremia pode observar a chegada de combatentes de bandeiras e cores distintas. Gente que vinha desfilar os cavalheiros do Rei, Avistou ao longe um brasão que como símbolo ostentava uma “estrela solitária”. Ouviu os gritos de euforia que precederam a passagem de uma nobreza fidalga vestida em verde, encarnado e branco. Pôde ouvir o toque que anunciava o atracar de uma caravela portuguesa junto ao porto e o delírio dos que aguardavam sua chegada.

Em meio ao povo que vibrava, não obteve sucesso na tentativa de aproximar-se do soberano. Porém pôde ouvir o anúncio de que o reinado de Arthur X entraria em festa. O aniversário do Rei seria comemorado no auge dos festejos de Momo que estavam por vir. Nobres de ações estrangeiras por onde seus feitos haviam ganhado fama já confirmavam presença e enviavam presentes. Do outro lado do mundo, onde se fazia noite quando aqui era dia e dia quando aqui era noite, a imagem do rei era esculpida em ouro.

No dia em que completava anos, os clarins faziam ecoar uma melodia ritimada que aludia a “vencer, vencer, vencer!” Seus súditos em festa vestiam o vermelho e o negro – as cores do manto sagrado que o Rei tinha predileção. Ela, a Imperatriz, ordenou que sua corte vestisse sua melhor roupa feita em verde, branco e ouro – talvez Arlindo, talvez Rosa – e viesse em cortejo, tecer honras ao monarca. Fez soar a bateria. Chocalhos, tamborins, surdos e cuícas embalaram o momento sublime. Ao Rei como presente, a Imperatriz ofereceu sua valiosa jóia: sua coroa, feita em ouro e pedras verdes. Diante do feito, o povo de Ramos saúda o Rei. Ele, dispensando o tratamento destinado aos soberanos, sorri, quebra o protocolo e responde:

- Sem formalidade! É carnaval. Podem me chamar de Zico!

Carnavalesco: Cahê Rodrigues

Texto de Leandro Vieira

Colaboração: Família Antunes Coimbra