Sinopse Imperatriz 2009
Imperatriz....
só quer mostrar que faz samba também! (Imperatriz - 2009)
Basta um rápido olhar sobre o
presente para constatar a importância de Ramos na geografia
carioca do samba. São deste bairro uma das principais escolas de
samba, um dos principais blocos, o Cacique de Ramos, e um dos dos
principais grupos - O Fundo de Quintal. Mas essa realidade de
hoje tem origem num passado culturalmente rico, extremamente
musicial, marca da região da Leopoldina.
O bairro surgiu com a chegada do trem em 1886, quando a Estrada
de Ferro do Norte, futura Leopoldina Railway, precisava de passar
no meio das terras que haviam pertencido ao capitão Luiz José
Fonseca Ramos. Seus descendentes concordaram com a obra, desde
que fosse criada uma parada bem ali, na fazenda, para facilitar a
vida da família. Nasceu então a Parada de Ramos, e com ela o
nome do bairro, que começaria a ganhar ruas, luz, esgoto, na
virada do século.
Ramos foi deixando rapidamente de ser uma vila rural, tornando-se
um centro metropolitano. Surgem as primeiras ruas: professor Lace
e Uranos, entre outras. Nelas, foram construídos os primeiros
casarões.
A praia de banhos era a praia de
Ramos, também conhecida como Mariangú, nome de ave abundante no
local. O balneário tinha até cabines para troca de trajes de
banhos e uma elegante avenida beira-mar. A Praia de Ramos, única
da região da Leopoldina, era um lugar muito aprazível, com seus
cajueiros e caça aos caranguejos, além dos banhos de lamas
medicinais, pouco a pouco foi abandonada... sobrevive apenas na
memória de quem um dia conheceu a "Copacabana do
Subúrbio".
O samba sempre teve presença forte em Ramos. No início, ainda
não era o que chamamos de samba, mas já era um carnaval de rua
fortíssimo. Na fecunda década de 1910, foram criados, sob
inspiração dos ranchos, os clubes carnavalescos Prontos de
Ramos "Promptos de Ramos") Ameno Heliotropo e
Endiabrados de Ramos. Mais tarde, entre 30 e 50, quando o
carnaval já era sinônimo de samba, os blocos mais conhecidos da
região eram: Sai como pode, o Razão de Viver, o Paixão de
Ramos e o Paz e Harmonia.
Outro bloco, o Recreio de Ramos, recebeu até o luxuosíssimo
auxílio musical do maestro Villa-Lobos, assíduo, freqüentador
do bairro, por causa dos encantos de uma moça, com a qual se
casaria D.Lucília Guimarães. Villa-Lobos aderiu
entusiasticamente ao bloco Recreio de Ramos, muito bem
acompanhado por Pixinguinha, Mano Décio da Viola, Heitor dos
Prazeres, Marçal e Bide. Inclusive o primeiro sucesso da dupla,
surgiu no Recreio de Ramos, quando cantavam a primeira estrofe do
grande sucesso - agora é cinza... O Bloco chegou a ser campeão,
com o enredo sobre Machado de Assis: Que conseqüência teve o
Bloco Recreio de Ramos?
Uma foi direta - o aparecimento do Grêmio Recreativo Escola de
Samba Imperatriz Leopoldinense. A escola nasceu de uma
dissidência do bloco, combalido, no final da década de 50. Foi
o farmaceûtico Amaury Jório que reuniu um grupo de foliões do
bloco e assim criaram a escola de samba de Ramos.
A novata Imperatriz, alcançou notoriedade em 1972, ao servir de
cenária para a novela Bandeira Dois, de enorme sucesso. A
história tratava do amor de dois jovens, filhos de famílias
inimigas. Uma livre adaptação da imortal história de
Shakespeare ? Romeu e Julieta. Nesta história, Zé Catimba,
compositor da Imperatriz, foi representado por Grande Otelo. Quem
não se lembra de trechos da música, que tocava na novela? Lá,
lá, lá lá lauê fala Martim Cererê.... Embora a trama de Dias
Gomes tenha obtido muito sucesso. Foi a partir de 1980, com a
chegada de Arlindo Rodrigues, contratado como carnavalesco da
escola, que ela chega ao patamar tão almejado de campeã do
Grupo Especial, superando as tradicionais Portela, Mangueira,
Império Serrano e Salgueiro.
Arlindo, deu a escola dois títulos (com um tema sobre a Bahia e
outro, sobre Lamartine Babo - respectivamente com os títulos de
"O que é que a Bahia tem" e "O teu cabelo não
nega" e muitos outros carnavais inesquecíveis, colocando a
escola no patamar das grandes campeãs.
O sucesso foi adiante, com seu substituto, Max Lopes, e mais um
primeiro lugar com o enredo sobre a "Proclamação da
República", a que se deu o nome de "Liberdade,
liberdade, abre as asas sobre nós", campeã no ano em que a
Beija-Flor desfilou com seus Ratos e Urubus, de Joãosinho
Trinta.
Viriato Ferreira, foi o carnavalesco de 1991, conquistando um
honroso terceiro lugar. Por motivo de saúde, chamou Rosa
Magalhães, com quem fez parceria até 1993.
A escola continuou conquistando títulos em 1994, 95, 99, 2000 e
2001.
Este ano chega a maturidade,
completando meio século de existência, com oito campeonatos,
conquistados com a garra de seus componentes, a dedicação de
seus diretores e sobretudo com a inspiração de seus
compositores.
Ramos brilha no carnaval com sua escola de samba, com seu bloco
mais famoso, o Cacique de Ramos e com o grupo mais conhecido, o
Fundo de Quintal.
Pois que viva a Imperatriz, por seu aniversário e que Viva
Ramos, celeiro de bambas!
Rosa Magalhães, carnavalesca
Bibliografia Consultada:
- Livro produzido pela ala dos compositores do GRES
Imperatriz Leopoldinense - segunda edição - tiragem limitada.
2006