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Olélé, Olélé: Uma herança do continente africano (Imperadores Rubro Negros - 2021)
Olélé, Olélé: Uma herança do continente africano (Imperadores Rubro Negros - 2021)

Num tempo de calmaria – antes da chegada e fixação dos portugueses em Guiné-Bissau
– na paz das águas mansas de uma comunidade chamada Cacheu, rodeada por um rio de mesmo nome, habitavam negros pesqueiros que sobreviviam com o muito que a natureza oferecia.

A comunidade era cercada por belos rituais cheios de cores das estamparias do lugar e era embalada por cantorias, danças e batuques.

Nossa agremiação em 2021 vem se inspirar numa tradicional cantiga deste povo negro.

Narram os ancestrais que na época anual da cheia, quando as águas subiam, as comunidades das áreas mais baixas compreendiam que era a hora de deixar tudo para trás e buscar lugares mais altos.

Para encorajar a todos, o Kala – homem mais velho da aldeia, ser de luz dotado de toda
sabedoria ancestral, guia espiritual e também a liderança do lugar – entoava o cântico “olelé, olelé” e todos entendiam que a partida para novos horizontes estava chegando, mas que para isso era preciso entrar na canoa e remar forte nesta intensa e perigosa travessia.

Por serem pescadores, desde a infância, todos construíam suas próprias canoas para a caça e também para atenderem aos avisos do Kala.

Sempre que a água deixava a mansidão para invadir a comunidade, Kala pedia coragem para todos partirem, migrarem para lugares melhores e seguros. Andando com calmaria pela aldeia, o guia entoava um canto que se repetia:

Olélé olélé moliba makasi

mboka na yé

Mboka mboka Kasai

A correnteza está forte

Ei barqueiro

Pegue seus remos

E empurre a água para trás de você

Houve um dia, porém, que o Kala avistou a chegada de homens brancos portugueses em uma margem do Cacheu. A força da ventania avisou ao sábio que uma partida fora do tempo estaria chegando.

Os portugueses chegaram para construir um forte que assegurava a presença militar portuguesa na região, fomentando o comércio de negros para as então terras do Maranhão, no Brasil. Ao cair da tarde, Kala tomou a decisão: “olelé moliba makasi”. O anúncio era para que todos embarcassem para a travessia em busca de lugares mais altos. E assim foram, remaram sem parar até um ponto de paz.

Kala tinha razão. Sua sabedoria salvou os negros de sua aldeia do comércio da escravidão.

Muitas outras aldeias foram capturadas pelo colonizador e seus negros partiram da Guiné, aportando, também, no Maranhão, momento em que foram comercializados.

Ao chegarem ao Brasil, semearam sua cultura e não abandonaram seus cantos de alegria, seus costumes e seus batuques, e então também se encheram de coragem, sorrindo, para não sucumbirem.

O negro, se veste de encorajamento, alegria e empoderamento em todas as profundas travessias.

O sentimento “moliba makasi” nos fortalece para esta escalada, para a nossa subida por lugares mais altos. A coragem do sábio Kala acomete nossa comunidade para este momento de forte desafio. Que tenhamos força, sabedoria e união para esta travessia. É hora de remar! E nossa história rubro-negra já é consagrada por estas vitórias.

Remamos!

Remamos com a força dos nossos ancestrais negros.
Remamos com a força dos nossos esportistas rubro-negros.

Remamos guiados pela sabedoria do Kala.
Remamos guiados com a coragem dos canoeiros do nosso clube de regatas.

Podemos escutar um chamado: OLÉLÉ MOLIBA MAKASI, IMPERADORES.

Se a correnteza está forte, não tenhamos medo, sejamos unidos na luta por vencer, vencer e vencer.

“O meu maior prazer, é vê-lo brilhar, seja na terra, seja no mar… vencer, vencer, vencer”.

A travessia de agora é para a chegada à nova avenida: a Marquês de Sapucaí.

OLÉLÉ MOLIBA MAKASI, IMPERADORES. É o nosso mantra da vitória.

Olelê

A correnteza está forte

Barqueiro! Você rema forte!

Você rema rápido!

Sua canoa desliza na água!

Vamos, Imperadores. Cantando para vencer. Sorrindo para vencer. Remando para
vencer.

Coragem na travessia, rubro-negros.

MOLIBA MAKASI, IMPERADORES.

 

Informações importantes sobre a pronúncia:

OLÉLÉ MOLIBA MAKASI
se lê: olêlê molibá makássí

MBOKA NA YÉ
se lê: boca na iê

MBOKA MBOKA KASAI
se lê: boca boca kássaí

KALA
se lê: Kálá

Dedicatória

Este texto é também uma homenagem aos negros da Guiné-Bissau e de todo continente africano. É uma homenagem ainda aos rituais, cânticos e danças deste povo negro, forte, valente e resistente.

Referências

Musicografia
– Olelê moliba makasi – ARBMusic

 

 

Resumo da Sinopse do enredo

Olélé, Olélé: Uma herança do continente africano

Nossa agremiação em 2021 vem se inspirar numa tradicional cantiga do povo negro de Guiné-Bissau.

Num tempo de calmaria – antes da chegada e fixação dos portugueses em Guiné – na paz das águas mansas de uma comunidade chamada Cacheu, rodeada por um rio de mesmo nome, habitavam negros pesqueiros que sobreviviam com o que a natureza oferecia. A comunidade era cercada por belos rituais cheios de cores das estamparias do lugar e era embalada por cantorias, danças e batuques.

Narram os ancestrais que, na época anual da cheia, quando as águas subiam, as comunidades das áreas mais baixas compreendiam que era a hora de deixar tudo para trás e buscar lugares mais altos. Para encorajar à todos, o Kala – homem mais velho da aldeia, ser de luz dotado de toda sabedoria ancestral, guia espiritual e também a liderança do lugar – com calmaria entoava o cântico: Olélé olélé moliba makasi mboka na yé Mboka mboka Kasai e todos entendiam que a partida para novos horizontes estava chegando. Por serem pescadores, desde a infância, todos construíam suas próprias canoas para a caça e também para atenderem aos avisos do Kala.

Houve um dia, porém, que o guia avistou a chegada dos portugueses em uma margem do Cacheu e ao cair da tarde, Kala tomou a decisão: “olelé moliba makasi”. O anúncio era para que todos embarcassem para a travessia em busca de lugares mais altos. E assim foram, remaram sem parar até um ponto de paz. Kala tinha razão. Sua sabedoria salvou os negros de sua aldeia do comércio da escravidão. Muitas outras aldeias foram capturadas pelo colonizador e seus negros partiram da Guiné para aportar no Maranhão, momento em que foram comercializados. Ao chegarem ao Brasil, semearam sua cultura e não abandonaram seus cantos de alegria, seus costumes e seus batuques, e então também se encheram de coragem, sorrindo, para não sucumbirem.

O sentimento “moliba makasi” nos fortalece para esta escalada, para a nossa subida por lugares mais altos. A coragem do sábio Kala acomete nossa comunidade para este momento de forte desafio. Que tenhamos força, sabedoria e união para esta travessia. É hora de remar! E nossa história rubro-negra já é consagrada por estas vitórias. Remamos! Remamos com a força dos nossos ancestrais negros. Remamos com a força dos nossos esportistas rubro-negros. Remamos guiados pela sabedoria do Kala. Remamos guiados com a coragem dos canoeiros do nosso clube de regatas. Podemos escutar um chamado: OLÉLÉ MOLIBA MAKASI, IMPERADORES.