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Bate na Madeira três vezes, me dê meu patuá pra fazer meu amuleto (Imperadores Rubro Negros
- 2020)
Histórico do Enredo:ANDAR COM FÉ (Gilberto Gil) Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá Que a fé tá na mulher A fé tá na cobra coral (Ô-ô) Num pedaço de pão A fé tá na maré Na lâmina de um punhal (Ô-ô) Na luz, na escuridão Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá A fé tá na manhã A fé tá no anoitecer (Ô-ô) No calor do verão A fé tá viva e sã A fé também tá pra morrer (Ô-ô) Triste na solidão Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faiá Certo ou errado até A fé vai onde quer que eu vá (Ô-ô) A pé ou de avião Mesmo a quem não tem fé A fé costuma acompanhar (Ô-ô) Pelo sim, pelo não... Andá com fé eu vou Que a fé não costuma faia... Em junho de 2018 nasceu uma nova fonte de amor no carnaval. Esta festa que conquista e arrebata, que encanta e arrasta multidões, que envolve paixões e seguidores, viu nascer, então, o GRES Imperadores Rubro Negros, cujos fiéis tem na sua bandeira rubro-negra seu maior voto de adoração. E seu escudo, uma coroa, com um urubu pousado e ramo de louros brinda a todos com elementos de culto e grandiosidade. Esta jovem nação Imperadora se protege com seu manto sagrado, seu pavilhão, para, nos dias da folia de Momo, ver seu pedido virar realidade: ser campeã! E quem não tem seus objetos protetores? Isto não é coisa só dos Imperadores... Há quem projeta a casa e o emprego; outros pedem proteção pessoal e pros familiares. Mas tem quem procure um novo amor e mais dinheiro. E os carros não precisam apenas de seguro. Sem contar os muitos que, nos dias de hoje, pedem paz... Cada um dentro de sua fé carrega objetos, crenças, atos e fatos que coexistem todos os dias do ano, dando forma a um mosaico cultural de origem ancestral, revelado em pequenos objetos que vinculam o homem ao sagrado, propagando sua fé. Esses fiéis pouco se importam com a lógica do mundo real. Quem crê de verdade expõe (ou oculta) sua fé em pequenos objetos carregados de sentimentos. E tem fé para todo lado, a cada esquina, a cada templo, a cada casa, em cada pessoa... Os índios cultuavam seu Tupã e se integram com as florestas; os brancos chegaram com seu Cristianismo e objetos de adoração; os negros, carregados de ancestralidade, louvam antepassados, orixás e elementos da Natureza. E desde então diversas outras expressões religiosas e de fé foram se fixando e se espalhando pelo nosso país. Pedindo proteção para as demandas do dia a dia, todos carregam cristais, pés de coelho, arruda e Guiné; formas de se conectar com a força natural em busca de segurança. São os amuletos do cotidiano, todos com sua origem na Natureza. Mas também temos espadas, espelhos, figas e até diamantes lapidados. Formas elaboradas pelo homem e com objetivos específicos; esses são nossos patuás... e outros tantos construídos pela mão do homem. É muito comum ver pessoas utilizando trevos de quatro folhas, ervas, flores, incensos, olhos gregos, figas, crucifixos, escapulários, terços, elefantes, sapinhos, incensos e os mais diversos objetos como catalisadores, filtros de energias, protetores espirituais. Outras pessoas utilizam ainda objetos de decoração como estátuas, quadros, jarros, e objetos de arte para aumentar, anular ou estabilizar certas energias. Sem contar todas as velas acesas todo dia... Toda forma de Axé coloca cada um em contato com sua espiritualidade, crença, fé, misticismo, religião. Alguns destes objetos ficam às claras, outros bem perto de nosso corpo. A fé se revela no mar, nas matas, cachoeiras, banhos de erva... Se revela nos templos, igrejas, sinagogas e nos terreiros de axé. Mas também se revela no relicário de objetos de adoração que é construído pelo homem e que, ungidos, carregam e simbolizam a força que move os Homens de Fé. E o que vemos com nossos fiéis rubro-negros?...e o que não vemos?... Neste jogo de revela-oculta, “a fé não costuma faia”. Domingo, por exemplo, um torcedor pode ir ao Maracanã torcer intensamente para o time que é fã. Talvez ele leve foguetes e bandeiras na fé de que...ele vai ser campeão!... Ah, como não torcer para o rubro-negro carioca de tantas glórias de terra e mar, de tantos heróis ungidos pela fé em um pavilhão que carrega com ele raça, amor e paixão? O que seria do “mais querido” sem sua gigante torcida que atravessa todos os continentes, que canta, pula e vibra a cada vitória. Vitórias conquistadas com suor e amor à Bandeira, símbolo maior desta Religião... E seus seguidores, pouco se importam com o que se diz sobre a origem de todas as coisas. Afinal, há 125 anos, um aperto de mão marcou o início de tudo, com remadores que foram os ‘criadores’ deste gigante que arrasta milhões de fiéis pelos quatro cantos do mundo... Nosso manto de missa, nossa camisa rubro-Negra, traz a marca de nosso Deus dos gramados, o número 10 nas costas: Que abençoe a todos e traga muitas outras glórias! Amém... Essa paixão é tão popular que carrega laços profundos com a religiosidade. Milhões de diversos fiéis professam sua fé em vermelho e preto, que congrega essa diversidade. E cada fé tem um pouco de espiritualidade, misticismo, crendice e doutrinas. Tudo se congrega no mesmo porto da fé; tudo e todos se irmanam de forma inseparável sob a proteção do Manto Sagrado, camisa 10, cada um trazendo seus patuás, suas fitinhas de santo, seus amuletos. Cada objeto de fé consagrado e pleno de axé, força mágica do santo católico, Orixá ou Guia de Luz... E assim, todo ano, em 28 de outubro, uma verdadeira procissão de fiéis, repetindo uma tradição iniciada lá pelos anos de 1950, vai louvar o padroeiro desta gigante nação rubro-negra: São Judas Tadeu. Sendo um dos doze Apóstolos e estando presente durante o Pentecostes, tem como atributos a régua de marceneiro, uma maçã e um machado. Todos levam amuletos e patuás buscando unção do Santo... E com grande confiança, fé e certeza de novas conquistas, a fiel Nação Rubro Negra entoa seu hino de louvor: É meu maior prazer vê-lo brilhar, Seja na Terra, seja no Mar, Vencer, vencer, vencer... Mas é Carnaval e lá vem Imperadores! Todos juntos, cada um com sua fé, seu amuleto e seu patuá! Unidos por um bem maior. Mas isso fica entre nós... É melhor bater na madeira... Justificativa do Enredo: Para o carnaval de 2020, o GRES Imperadores Rubro Negros se propõe a fazer uma ode à coexistência de fés. E clamar por paz entre os Homens... Para tal, apresentará o enredo Bate na Madeira três vezes, me dê meu patuá pra fazer meu amuleto não para contar a história dos amuletos e patuás, mas para mostrar que todos carregam os seus, de forma clara ou oculta e com os mais diversos objetivos. E que todos juntos podem fortalecer as relações humanas em busca de um bem maior... Inclusive no futebol! E não é diferente com os Imperadores: o rodar de seu pavilhão empunhado pela porta bandeira revela toda a força da e respeito à ancestralidade do samba. Bailar este protegido pelo seu guardião Mestre Sala. E a cada girar, que o sonho imperador se torne mais real. Para tal, dividimos nosso enredo em três setores, a saber: No primeiro falaremos da origem natural da fé e chegamos à fé dos Imperadores, mostrando que cada um tem sua fé e é guiado por uma luz, quer espiritual, religiosa ou um ser de luz. No segundo, faremos um passeio por objetos de fé carregados por cada um e até mesmo aqueles que estão pelas casas, construindo um imenso relicário da cultura popular. Por fim, traremos a fé que move os fiéis ao “mais querido": começando pela bandeira, passando pelo manto sagrado e chegando ao Santo protetor e, com ele, um grande pedido de paz entre as torcidas. Assim, os Imperadores Rubro Negros colocam toda a fé na avenida com a esperança de alcançar sua maior glória: ser campeões! |
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