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O Encontro das Águias no Templo de Momo
(União da Ilha - 2023) A Águia é a ave que possui maior longevidade da espécie.
Para conseguir esse feito, precisa tomar uma séria e difícil decisão. Com o passar do tempo suas garras enfraquecem e ela não consegue mais dominar as presas das quais se alimenta. O bico se curva, as penas tornam-se mais densas e pesadas. Voar já não é tão fácil. A Natureza ensina que é hora de enfrentar as adversidades. É tempo de renovar para dar início a um novo ciclo. A Águia se recolhe no alto da montanha, até que recuperé a força das garras e do bico, adquira uma nova plumagem e se encha de brios para alçar um voo triunfal, na direção do infinito!. Nossa história reúne duas Águias que se reencontram para renovar os compromissos com a Bandeira do Samba e a alegria do Carnaval. (1) I. O GRANDE BAL MASQUÉ Hoje é um dia especial. O Templo de Momo está em festa para celebrar o encontro de duas Águias, símbolos da dinastia do Samba. Uma delas, fará um voo pioneiro. É uma Águia centenáría, que domina experiências acumuladas ao longo de uma vida. Vem visitar a sua afilhada e, juntas, cumprirão uma jornada inesquecível: alçarão um voo mágico para resgatar a alegria. A alegria de brincar o Carnaval! O Tempo parou porque a festa não tem hora para acabar. Momo abriu os portões da folia e vestiu a sua ilha de magia. É tudo tão bonito, tão intenso, tão romântico, que não dá para separar a realidade de um sonho. Engalanou os salões do palácio para um grande baile, onde casais. mascarados dançam ao som de uma orquestra arlequinada. Há uma intensa troca de energia entre seres apaixonados, que se envolvem em segredos nessa aventura momesca para celebrar o amor! O verdadeiro amor à Escola de Samba! - Mas... Quem é você? - Sou a União da Ilha, meu amor. II. CERIMÔNIA DE BATIZADO Ela não podia ser mais carioca. Nasceu no Carnaval de 1953, na batucada do samba, inspirando a rapaziada de um time de futebol do Cacuia. Foi na porta de um armazém de secos e molhados, entre versos inspirados e uma palavra que virou obrigação: União... União da Ilha... Ritmando as batidas do coração. (2) Ainda estava aprendendo a voar quando foi batizada. Como descobridores de um Novo Mundo, portelenses traziam as glórias da Avenida. As duas bandeiras se entrelaçaram, misturando as cores da vida. Sambistas se abraçaram e abriram o caminho para ouvir o padrinho. Era o famoso Natal, emocionado, comovido. Apontou para o pavilhão tricolor, e fez um pedido: que a Águia pousasse para sempre naquele brasão! E assim foi, desde então, (3 e 4). III. O CORTEJO DE MOMO Momo ordena que soem os clarins. Abrem-se as cortinas do Templo, e o povo se aglomera para ver o cortejo... Bufões se espalham na galhofa do entrudo. Vêm o Zé Pereira, cucumbis, cordões, as grandes sociedades, o corso, blocos, foliões fantasiados, ranchos e uma intensa batucada, que desce dos morros e transforma as ruas em uma procissão de fé, esperança e amor à Escola sagrada! É de lá, do outro lado do mar, que vem toda essa magia, que se espalha pelos quatro cantos da Ilha. É o coro, a dança, o giro das baianas, o gingado dos passistas, e o pulsar da bateria, que faz o corpo vibrar: no altar do Samba, forma-se a curimba. Segura a marimba! É o elixir da alegria... Nos versos de Didi... Na voz de Aroldo Melodia! Ouçam o apito... IV. A BARCA DO INFINITO Lá vem a barca, meu bom Jesus, trazendo no agito o "Conjunto Oswaldo Cruz", "Quem Nos Faz É o Capricho", "Vai Como Pode"... O mar sacode, tremulam bandeiras. Abram alas para a madrinha "Portela"! Gente amiga de Oswaldo Cruz e Madureira! (5) As duas Águias se encontram no alto do campanário, guardam as glórias num relicário e selam um compromisso tão claro como a luz do dia: o de enfrentar qualquer sacrifício, para que o Samba - por dever de ofício - seja sempre uma realidade e não fantasia. A Majestade abre as asas, e antes de partir, diz à afilhada: "Você sempre foi determinada. Comece uma nova jornada. Sua história é fantástica! A legião insulana é aguerrida. Descubra a sua verdade e não tenha medo de ser feliz. Faça como eu fiz: olhe para trás e reencontre o fio da meada. Ele está em cada componente, no sorriso inocente, no suor dessa gente que não se cansa de sonhar... Em trazer a Ilha de volta para o seu verdadeiro lugar!" Bata do peito com orgulho! Cante como se não houvesse Amanhã. É Hoje o grande dia! Os portões do Templo se abrem para que a Ilha passe com o seu mar de alegria, saudando a madrinha que abençoou o seu caminhar... Que momento lindo! É como se a vida fosse o alvorecer de um novo e colorido Domingo! INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES (1) - A parábola da Águia é sempre lembrada em cultos religiosos e palestras motivacionais, com o objetivo de mostrar que o ser humano, assim como a Águia, tem o poder de se renovar para enfrentar novos desafios. Basta determinação e confiança em si mesmo; (2) - A Escola de Samba União da Ilha do Governador foi fundada na noite de 07/3/1953, uma Quarta-Feira de Cinzas, por um grupo de amigos do Cacuia, o point dos desfiles de carnaval na Ilha - que, curiosamente, não tinha uma Escola de Samba, ao contrário de localidades vizinhas. Convidados, os rapazes do União Futebol Clube, também do Cacuia, gostaram da ideia e concordaram com a criação da nova Agremiação, que herdou as cores do clube: azul, vermelho e branco, presentes até hoje na bandeira. A ata de fundação foi assinada por 59 insulanos; (3) A Portela, grande vencedora dos desfiles da época, foi convidada para ser a madrinha da nova Agremiação - o que muito envaideceu o presidente Natalino José do Nascimento, o lendário Natal da Portela. Apesar de ter sido realizada na rua, na esquina das Ruas Itapissuma e Combu, onde ficava o armazém de secos e molhados de Maurício Taufie Gazelle, sede provisória da "União", a cerimônia foi cercada de pompas e circunstâncias. Estávamos em 1958, quando barcas procedentes da Praça 15 ainda cruzavam os mares da Ilha. Liderada por Natal, a comitiva portelense desceu no pier cantando um samba de Monarco e Avelino, retribuído, tempos depois por Elias Januário, quando a tricolor foi a Oswaldo Cruz visitar a madrinha: "A nossa Escola modesta / Vem neste samba agradecer/ Este lindo gesto/Que seu nome enalteceu/ Portela, tu serás a bandeira/ E nossa guia pioneira"; (4) - Na noite do batizado, Natal fez um pedido aos diretores da Ilha: introduzir uma Águia sobre o brasão da então "União", onde figuravam uma lira (em alusão ao Samba), um cavalo marinho (o mar) e folhas de louro (a vitória). "É para dar sorte e orientar para o caminho das glórias" - justificou o portelense. Em 1960, quando a União da Ilha fez o seu primeiro desfile oficial na Praça Onze, Natal se emocionou ao ver, pela primeira vez, a Águia na bandeira tricolor, (5) - A Portela descende do Conjunto Carnavalesco Oswaldo Cruz, criado em 11/04/1923 adotada, oficialmente, como data de fundação da Agremiação, que estará completando o seu centenário em 2023. Depois do Conjunto vieram as Escolas de Samba "Quem nos Faz É o Capricho", depois "Vai Como Pode" e, finalmente, Portela, a partir de 1930. Criada por Antônio Caetano, a Águia foi adotada como símbolo da Portela desde os primeiros anos da década de 30. Sinopse - Cahê Rodrigues e Cláudio Vieira
Desenvolvimento - Cahê Rodrigues Pesquisa e Texto - Cahê Rodrigues e Cláudio Vieira |
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