Sinopse Grande Rio 2008
Do
verde de Coarí, vem meu gás, Sapucaí! (Grande Rio -
2008)
Intenção
do enredo
A Grande Rio como uma escola engajada com seu o tempo, traz para
o Carnaval de 2008, mais uma vez uma região do Brasil como
inspiração. Nosso país é abençoado com muitas riquezas,
entre elas o pulmão verde do mundo; a Região Amazônica e é de
lá que vem literalmente o nosso "Gás" para cantar
este tema na "Sapucaí". Há algumas décadas já se
trabalha no meio da floresta em extração de petróleo e gás,
principalmente em Urucú, região do município do Coari no
Amazonas, um povo obstinado, não só extrai de um dos maiores
lençóis de gás natural do mundo estas matérias-primas tão
valiosas, como também, preservam de forma inventiva e brilhante
outra riqueza tão valiosa quanto; o nosso formidável ecosistema
amazônico.
O trabalho que está diretamente ligado aos anseios mundiais, na
preservação da nossa atmosfera, aponta para combustíveis pouco
ou não poluentes, assim a enorme importância deste ousado
projeto que trouxe e trará ainda muitos benefícios para o país
com a sua auto-suficiência em gás natural e para o mundo, com
sua visão de preservação ecológica.
Para chegarmos aqui, mostraremos durante o nosso desfile a
importância para a vida, desses gases que nos rodeiam. O
desenvolvimento de técnicas de manipulação e envasamento dos
mesmos e também como a vida do planeta é dependente e
transformadora destes elementos. Novamente a Grande Rio
orgulhosamente levanta a bandeira da conscientização, sabendo
que a nossa mensagem será vista e ouvida por milhões deste
mundo afora, somos Brasil, somos verdes amazônicose o nosso
samba tem essa missão também.
Enredo
Abertura - O início de tudo
Voltando a milhões de anos atrás na formação do nosso sistema
solar, um planeta chamado Geia se destacaria. Era uma bola de
elementos que vieram de uma astronômica explosão de emanações
calóricas inimagináveis. Com o seu gradual resfriamento, estes
elementos começam a consolidar-se. A massa sólida endurece e é
coberta por outra gasosa que, ao bloquear a luz solar ajuda no
resfriamento do solo. Estão criadas assim as condições ideais
para o nascimento da vida.
1º Setor - O surgimento da vida e da morte
Esse novo planeta já ganha novos contornos, os gases se combinam
para o surgimento de outros elementos, agora mais complexos. O
oxigênio combina-se ao hidrogênio formando a água, berço da
vida, onde surgem os primeiros seres; dentre eles alguns já
tinham as propriedades da foto-síntese. Com o passar do tempo,
estes e muitos outros seres vivos se desenvolveram e ganham a
terra firme como plantas e animais dos mais variados portes;
começa assim a era dos dinossauros.
Como sabemos, nosso planeta sofreu um enorme revés quando um
astro chocou-se contra a nossa superfície tendo como
conseqüência à quase aniquilação de toda a vida da terra.
Animais e plantas aos montes foram sedimentados. Todo esse
material acumulado ao longo dos milênios acabou arrumando-se
numa espécie de hidrocarboneto primordial, o querogêneo, que
foi transformado progressivamente, até
dar origem ao metano seco; este processo retrata a origem do
petróleo. Quanto ao GN, não é possível uma determinação
precisa de sua origem, uma vez que nele encontram-se também
gases naturais de origem bioquímica. Está aí o princípio do
nosso Enredo...
2º Setor - O encanto das antigas civilizações
Os homens sempre viveram próximos do Gás Natural, muitas vezes
sem o saber. Registros antigos mostram que a descoberta do gás
natural ocorreu na Pérsia entre 6.000 e 2.000 AC. O Oriente
Médito dito por muitos como berço da civilização logo
descobre as primeiras utilizações para o elemento, que era
altamente combustível e quando em queima gerava grande
quantidade de calor ajudando na confecção dos primeiros vidros,
que, precisava de grandes temperaturas para fundir-se.
Na Babilônia, utilizava-se o combustível para manter aceso o
"fogo eterno", símbolo de adoração de umas das
seitas locais. O fogo propiciado por emanação de gás tem mais
brilho e intensidade e o uso em templos provocava uma aura
mágica e misteriosa no lugar. O seu uso passou a ser prática
quando possível e estimulou estes povos a encontrarem soluções
de utilização e transporte para o mesmo.
O gás natural já era conhecido na China desde 900 AC. Os
chineses foram os primeiros a perceber todas as vantagens que
podiam retirar do Gás Natural. Quando os chineses pesquisavam a
terra à procura de sal, descobriram jazidas de Gás Natural,
dando, de imediato, início ao processo de captação. Mas foi em
211 AC que o país começou a extrair a matéria-prima com o
objetivo de secar pedras desal. Usavam varas de bambu para
retirar o gás natural de poços com profundidade aproximadamente
de 1.000 metros. Também criaram técnicas para a sua
utilização na iluminação.
No século VII,os japoneses já exploravam os poços de
Gás Natural (e de petróleo), construindo verdadeiros poços. Os
japoneses iniciam a primeira exploração racional de Gás
Natural. Todo o desenvolvimento das antigas civilizações tanto
na Ásia como no Oriente Médio nos propiciou grandes mananciais
de conhecimentos, que, nos deram a capacidade de avançar
tecnologicamente na História.
3º Setor - O Gás que ganha as cidades
Na Europa, o gás natural só foi descoberto em 1659, não
despertando interesse por causa da grande aceitação do gás
resultante do carvão carbonizado, o primeiro combustível
responsável pela iluminação de casas e ruas desde 1790. Já
nos Estados Unidos, o primeiro gasoduto utilizado com fins
comerciais entrou em operação na cidade de Fredonia, no Estado
de Nova York, em 1821, fornecendo energia aos consumidores para
iluminação e preparação de alimentos.
No Brasil, quem vê postos de gás natural lotados hoje não
imagina que um dia a população protestou contra a chegada do
combustível. A sociedade se apavorou com a idéia de ser
iluminada pelo gás, em meados do século XIX. O medo culminou
numa "violenta campanha" contra os concessionários
escolhidos por Dom Pedro II, os ingleses Carlos Grace e Guilherme
Gover para que instalassem um sistema de iluminação a gás no
Rio de Janeiro, então capital do País.
No entanto, a sociedade viu no projeto um perigo e reagiu:
"era inadmissível conceber luz sem um grosso pavio de
algodão embebido no azeite de peixe". Vinte anos depois, os
brasileiros passaram do medo ao deslumbre. Coube ao Barão de
Mauá realizar a empreitada, que começou no centro da cidade do
Rio de Janeiro, no largo do Paço Imperial (atual Praça Quinze),
Rua Primeiro de Março, Rua do Ouvidor, Rosário, entre outras.
Eram as primeiras ruas da América do Sul com iluminação a
gás. "Boquiaberto e deslumbrado, o povo assistiu à
inauguração daquele melhoramento"; logo depois, as
residências aderem também ao combustível. Os lustres e
arandelas ganham maior importância na decoração dos lares e
nas cozinhas substitui-se o velho fogão a lenha por novas caixas
de ferro com bicos de gás, tornandoo espaço para cozinhar mais
sóbrio e higiênico.
4º Setor - O Gás é energia
Com a chegada da energia elétrica a demanda de gás volta-se
para outros nichos. A iluminação pública e privada era
substituída; agora grandes termoelétricas geravam eletricidade
para alimentar cidades. Entretanto, a necessidade de utilização
do gás só aumentava; dele se beneficiavam fábricas de vidro,
plásticos, produtos químicos, borracharias, metalúrgicos,
ferreiros, cozinheiros, até na medicina há uma grande
aceitação do gás tratado, cada tipo na sua função incluindo
o gás utilizado em resfriamento mecânico.
Atualmente o gás envasado ou injetado faz parte de nosso
"dia a dia", desde sua utilização no banho até nossa
locomoção por meio de automóveis "GNV" ou apenas no
simples ato de acender um isqueiro de pressão. No início da
década de 90, em decorrência das deficuldades registradas nos
anos 80 com a falta e o alto preço dos combustíveis, o governo,
através de uma série de medidas, procurou viabilizar o uso do
Gás Natural em outros segmentos do transporte rodoviário.
Em 1991, o governo autoriza as distribuidoras de combustíveis a
comercializar o Gás Natural Combustível, libera seu uso nos
táxis, e no mesmo ano é inaugurado o primeiro posto público de
abastecimento de Gás Natural Veicular no Brasil, localizado na
Av. Brasil, em Bonsucesso, no Rio de Janeiro. A conversão para o
gás natural tornou-se, então, extremamente atrativa para a
frota nacional. E hoje é uma realidade Brasileira.
5º Setor - Lenda dos Arauetés
No alto Amazonas é passada de geração em geração uma lenda
que conta que o "Pai-Mãe Terra" de Nhãngoron,
protetor das matas, ficava furioso com a destruição do seu
chão ou da floresta e rachava os "canions" fazendo
deles surgir cones de pedra que soltavam fogo e gás; com as
raízes das árvores nas costas se levantava do solo e mostrava
seus olhos flamejantes e suas narinas de onde saíam vapores,
canibalizava aqueles que provocavam a destruição.
Os Arauetés fazem um pacto com esse ser: tomariam conta da
floresta e pediriam a proteção de seu filho Nhãngoron
enquanto os guerreiros estivessem nas matas. Como retribuição,
a aldeia, de 12 em 12 luas cheias faria uma grande cerimônia
para a terra, plantando ao redor da tribao exemplares de
"orquídeas coração"; antes do plantio, as cunhãs
era untadas de óleo de flores e banhavam-se no lago de fogo,
onde o "Senhor-Senhora" da terra respirava. Exalado o
perfume das flore, a entidade permaneceria calma até o próximo
ritual.
As "orquídeas coração" simbolizavam o pulsar da vida
dos guerreiros que se foram defendendo a floresta abençoando-os
em sua jornada espiritual ao centro da terra onde seriam
recebidos pelo "Pai-Mãe" e aguardariam até voltarem
à vida como quaisquer novos seres da floresta. Ainda hoje essa
lenda é representada em festivais folclóricos no Amazonas.
Esse exemplo folclórico nos mostra que mesmo no coração da
floresta, seus habitantes já conheciam há muito tempo atrás,
através da força da natureza o "gás". Os índios
valorizavam este elemento, reverenciando e respeitando-o mesmo
que não o utilizassem para fins práticos. Essas manifestações
do solo aguçavam o imaginário indígena nos dando referências
do seu grau de conhecimento e respeito ao seu habitat.
6º Setor - Os novos desbravadores
O boom de construções pós-guerra durou até o anode 1960 e foi
responsável pela instalação de milhares de quilômetros de
dutos. Desde então, o gás natural passou a ser utilizado em
grande escala por vários países, devido às inúmeras vantagens
econômicas e ambientais. Uma década e meia após a
"explosão" do petróleo no Brasil, surge através de
muitas pesquisas o projeto mais audacioso da indústria de
combustíveis nacional: a base de extração e refino de gás e
petróleo de Urucú, situada na região de Coari, no meio da
floresta Amazônica.
Com uma concepção arrojada, a prospecção se daria sem
agressão ao meio ambiente; cada pedacinho de mata aberta seria
antes catalogado, extrair-se-iam mudas de todas as plantas e
flores e ninhosde pássaros e todas as espécies de animais
encontrados seriam recolocados, não existindo dessa forma uma
perda real para o ecossistema. Foi criada uma estufa botânica
reproduzindo a mata fechada e um orquidário para a preservação
e cultivo dessas espécies típicas da região.
O lugar é berço da maior borboleta conhecida no mundo, e de
outros animais exóticos que só se encontram por lá.
Respeitando essas particularidades, todo o processo industrial
foi concebido a ser inócuo. O lixo e os dejetos oriundos da
produção são cuidadosamente tratados. Os plásticos, metais e
papéis utilizados são reciclados e voltam para as indústrias
onde novamente se transformam em produtos. O lixo orgânico é
tratado de forma de vira adubo de "pH" equilibrado,
ajudando o replantio das áreas verdes; a água sofre uma
rigorosa filtragem antes de retornar ao rio. Podemos dizer, que o
processo também "recicla" gente, promovendo a
alfabetização de funcionários da região trazendo mais
eficiência para o trabalhador, agregando valor à mão-de-obra
local.
Por todo esse cuidado, tanto na produção quanto na
preservação local, a Petrobras tem hoje nesta unidade os quatro
maiores certificados de eficiência do mundo. O Brasil tem nesta
base e nos projetos de dutos de escoamento deste gás, a certeza
da auto-suficiência deste bem tão precioso.
7º Setor - Uma cidade do Futuro
Coari é a cidade sede da prefeitura da região com o mesmo nome,
encontra-se em franco processo de crescimento. Um novo porto
está sendo construído no Rio Negro para melhor escoar a
produção de gás envasado e injetado vindo de Urucú. As obras
concluídas da infra-estrutura da cidade apontam para um grande
aumento populacional. O ensino recebe cuidados especiais;
núcleos são criados para atenderem somente criança de uma
determinada faixa escolar e etária e seus equipamentos são
voltados para o foco de interesse dos alunos.
Algumas faculdades, universidades e cursos técnicos, também já
estão instalados na cidade e a direção acadêmica é
intimamente ligada a cinco vertentes: Indústria Petroquímica,
Biologia, para melhor atender a preservação do ecossistema;
Pedagogia, para melhor preparar os educadores para que atendam
aos anseios da população; Saúde, para preparar futuros agentes
de saúde também com conhecimentos sobre as floras medicinais,
abundantes na região e, por fim, Turismo e Hotelaria, área que
será também direcionada à Ecologia.
A preservação ambiental é uma preocupação mundial. A Vida
das futuras gerações depende de nossas ações imediatas.
Fontes de energia sustentável são primordiais para a
manutenção da vida. Desde a década de 60 ouvimos falar que o
petróleo irá se esgotar. A partir dos anos 80,
conscientizamo-nos de que a água potável está se tornando
escassa. Nossa terra vendo sendo alvo de cobiça, de exploração
de nossa biodiversidade; a água será em breve o mais precioso
bem que teremos em nosso território. É nossa responsabilidade a
manutenção do ecossistema, do equilíbrio de nossa natureza
tão farta e abundante, quanto misteriosa em seu potencial.
A exploração consciente do gás natural, sem a agressão da
vida animal, com respeito à população local, é a grande
bandeira deste projeto de Coari que tanto nos encantou.
Esse é mais um dia "Brasis" que o Brasil desconhece. A
Grande Rio tem a honra de através de nosso samba, demonstrar que
é possível crescer sem devastar. Somos hoje mais conscientes de
nossa terra; nos orgulhamos do nosso verde e amarelo quando
nossas imagens invadem os lares de todo o planeta levando nossa
maior festa, o Carnaval. Vamos fazer desta ocasião uma
oportunidade de mostrar nossa brasilidade, nosso engajamento
ecológico, nosso conhecimento de nossos valores, transformando
nosso desfile num grito de alerta ao planeta: Vamos preservar a
Vida! Vamos festejar esse bem tão precioso! Vamos atravessar a
Sapucaí esbanjando alegria com a Grande Rio sambando e cantando,
com todo o Gás.
Roberto
Szaniecki - Carnavalesco