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Timbó (Império Gonçalense - 2018)
O
sangue e o solo nobre de mãe África e a ancestralidade
guerreira da Terra Brasilis deram origem a Timbó: a tulipa
negra, a jóia rara, o poderoso feiticeiro cafuzo, mas conhecido
como caboclo homem de fé e de dons divinais. A Ilha de
Marajó, com suas riquezas e encantos, o acolheu. A mãe
marajoara o criou em berço de palha e de amor. Cresceu
solitário, às margens do rio e do povo. Sua velha cabana
era seu altar. Seu Castelo era de sapê, mas recheado de
bênçãos dos guias, dos espíritos
indígenas e dos orixás. Tinha poderes de cura, mas era um
curandeiro? Jamais! Sua simplicidade não permitia tal
título. Sua imagem refletia marcas de dor, de uma vida
difícil, o que causava medo e certo espanto aos povos que o
rodeavam. Sua alma boa, repleta de boa vontade e obstinada a matar a
fome da comunidade do Pará, contudo, o eternizou como um caboclo
lendário.
“Um dia Timbó faleceu e do germe do seu sangue na terra nasceu a tulipa negra dos sonhos meus…” Diz a lenda que, logo após sua partida, pássaros semeadores voaram livres por toda a ilha, e polenizaram toda a terra com os restos mortais do nobre e misterioso feiticeiro. E por onde seu pó fora depositado pelas aves, uma bela e vigorosa planta brotou, cresceu e frutificou. O povo paraense tentou entender tamanho mistério, e não demorou para concluir sobre o quão bom e generoso foi em vida aquele homem dono de uma aparência má, mas de coração puro e repleto de amor. Disposto a saciar a fome da comunidade ribeirinha, nosso caboclo, desencarnado, usou os pássaros para eternizar-se nas raízes de uma planta que ficou conhecida como Cipó Timbó, e que tem efeitos anestésicos. Um dia, um pescador jogou uma semente da planta no mar e um milagre da fartura aconteceu. Em questão de minutos, milhares de peixes surgiram em sua direção. O poder da planta envenenava os peixes, sem contaminar o homem, nem natureza, para que as águas pudessem dar de alimento aos pobres. A fartura dos peixes o consagrou como mito, um ser de luz para muitas tribos indígenas e povos locais. Tornou-se uma referência de amor e bondade em muitas lendas e histórias incríveis do Pará. Em homenagem ao caboclo guardião, várias aldeias e pequenos povoados passaram a comemorar a abundancia das pescarias com muito batuque, sempre madrugada a dentro. Índios, brancos, pardos e negros reuniam-se ao redor do poderoso pé do sagrado cipó. Nos encontros, pretos velhos faziam o cerimonial e, num lindo dia, ao pôr-do-Sol, Timbó surgiu em meio a natureza para abraçar e dar as bênçãos a todo o povo. Logo o caboclo ganhou centenas de admiradores e seguidores de fé. Estes, levavam suas oferendas e dançavam para celebrar o grande Império de fartura e amor no qual foram agraciados. Hoje, Timbó esta eternizado no Pará, em Marajó e vem saudar São Gonçalo com sua luz de sabedoria. O Império Gonçalense abre seu primeiro carnaval aplaudindo essa linda história de um homem que viveu e morreu pelo povo. Saudamos o samba e saudamos Timbó! “num batuquejê, mandava oró, a karubande la do Marajó, é descendentes dos marajoaras e é meu xodó!” Leandro Valente, Carnavalesco |
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