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ENREDO
2014
Pra Tudo se Esquecer na Quarta-Feira Nossa
história começa lá pelas bandas de Oswaldo Cruz e
Madureira. Em 1939, Paulo da Portela resolveu lecionar um grande "Teste
ao samba" aos espectadores dos desfiles.
"Vou começar a aula Perante a comissão Muita atenção, eu quero ver Se diplomá-los posso" Trazendo um gigante quadro-negro como alegoria principal, foi o primeiro desfile a levar para a Praça XI fantasias com temas adequados ao enredo. Por utilizar materiais caros, muitos portelenses acabaram não tendo condições financeiras para desfilar. Pode-se dizer que este desfile foi fundamental para o carnaval como conhecemos hoje: luxuoso, com fantasias exuberantes; era ali onde tudo começava, e o sambista apaixonado já ia ficando de fora da grande festa. Festa essa que se modernizou, ganhou padrão internacional, e os verdadeiros sambistas foram cada vez mais sendo jogados para os bastidores. Escondidos atrás de gigantescas alegorias, ou meses antes enfurnados no barracão, eles ainda são os grandes responsáveis pelo carnaval acontecer. Cada lágrima, cada gota de suor vale o título na avenida. E a comunidade se despe de todo e qualquer problema pessoal, para defender a sua escola naqueles mágicos minutos. "Glória a quem trabalha o ano inteiro Em mutirão São escultores, são pintores, bordadeiras São carpinteiros, vidraceiros, costureiras Figurinista, desenhista e artesão Gente empenhada em construir a ilusão" Através de pessoas como estas, o carnaval continuou crescendo e se modernizando, chegando assim à era das Indústrias do Carnaval. Por um carnaval mais preparado começa a haver nas Escolas de Samba uma procura maior por diversos tipos de profissionais a trabalho. Com esta profissionalização do carnaval, começam a aparecer pessoas que transformam esta festa num trabalho fixo, fazendo com que os desfiles cresçam cada vez mais e mostrando ao mundo que existe gente que sobrevive da folia, mesmo após a quarta-feira. E a passarela foi virando a cada dia o paraíso do "quem dá mais". A rainha de bateria que paga seu posto com os shows do marido, mostrando sempre que está com o samba "na ponta da língua", e com o enredo "na mente". Afinal cada ano é uma escola nova, um enredo novo, um samba novo... Aqui o que vale é aparecer. O carnaval virou publicidade, quem não quer sua marca sendo cantada por centenas de pessoas? Seja da cidade-saudável e autossustentável que se transforma num paraíso, ou do slogan do iogurte que você encontra no mercado. E a história do sambista? Ah, essa aí nem faz mais diferença... O que importa é o lucro. "É fantástico Virou Hollywood isso aqui Luzes, câmeras e som Mil artistas na Sapucaí" Não reclame, apenas finja sorrir. Pode pegar mal na imprensa. Quem somos nós, brasileiros, para interferir num espetáculo "Hollywoodiano" para os turistas do mundo inteiro? A verdade é que somos coadjuvantes dessa linda festa para gringo assistir. E o personagem principal? O dinheiro. Ele é quem rege e comanda tudo, mas é claro que as emissoras de TV dão aquela força. As rainhas cada vez mais exuberantes posam para a foto, e os "ricaços" tomam conta das arquibancadas. Quem vai à Marquês de Sapucaí para ouvir samba? A moda agora são boates de música eletrônica, lounges em pleno camarote. Essa coisa de samba-enredo está ficando muito "demodê". "E por falar em saudade", de um tempo onde quase "todos curtiam o verdadeiro samba"; os Gaviões Imperiais estendem seu pavilhão e reverenciam aquelas que sempre botaram em primeiro lugar aqueles que realmente dão a vida pelo carnaval, através de desfiles memoráveis. "Mas o show tem que continuar", e a gente espera um dia onde o sambista saia da sarjeta, para ser reconhecido frente a todo o povo brasileiro. Coisa de quem tem muita história pra contar... "Olha a crítica!" Leandro Thomaz e Matheus Araujo Enredo inspirado na música "Quero Ver Quarta-Feira" de Emicida |
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