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São
Paulo aos Olhos do Poeta
Enredo: Diego Araújo Porque, São Paulo é toda minha! Ele é Mario Raul de Moraes Andrade, poeta e romancista, crítico de arte, de todas as artes. Ele é Mario de Andrade, o “poeta futurista”, a estrela que vem pro samba, vem dar vida a esse carnaval! Eu sou um escritor difícil Que a muita gente enquisila, Porém essa culpa é fácil De se acabar de uma vez: E só tirar a cortina Que entra luz nesta escuridez. (A Costela de Grão Cão) São Paulo, hoje embalada nos braços do artista, que incansavelmente te quis, e te conquistou. Vigiada por seus olhos, que buscaram sua alma, sua raiz; e nas linhas que cortam o papel como suas infindáveis ruas, o poeta te descreveu, te fez mais linda, mais bela. E agora a Flor de Lótus te canta e faz de você, “São Paulo aos Olhos do Poeta”, eternamente abençoada pela garoa. Sinopse Eis que chegam bandeiras! Em esquadras de aço reluzente, se camuflavam no cenário onde o metal toca as nuvens acinzentadas pelo progresso esfuziante que abraça a minha terra. Eram operários, operários-sertanistas, migrantes dos muitos brasis que formam o Brasil. Vieram em busca de uma vida melhor na metrópole selvagem, que em meio a engrenagens, parafusos e tijolos, crescia desordenadamente. Louca, inconseqüente, fruto dos sonhos dessa gente. Terra que não se deixa comandar, comanda. “Non Ducor, Duco”. É carnaval... É tempo de resgatarmos nossa história e criarmos uma fábrica de ilusões. Os caminhões rodando, as carroças rodando, rápidas as ruas se desenrolando, rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos... E o largo coro de ouro das sacas de café!... (...) (Paisagem N.4) Revelando São Paulo, maravilhosa! Ora a grande “Boca de mil dentes...” à luz do sol que faz arder às muralhas de pedra do teu cenário colossal, que verte e inverte o teu cotidiano, ora a “Bela Dama Garbosa...”, que costura uma colcha de retalhos com pedacinhos do mundo, iluminada pela lua que embala os sonhos. “Costureirinha (...) ítalo-franco-luso-brasílico-saxônica, gosto dos teus ardores crepusculares, crepusculares e por isso mais ardentes, bandeirantemente!” (Paulicéia Desvairada) Terra que vaga, divaga, desvaira! Paulicéia de mil faces, mil acordes, mil tons! Fez de Chopin tocador de berimbau. Era a arte em eterna mutação. Era o redescobrimento do Brasil nos seus cem anos de independência, que levaria a descoberta de mais cem anos de arte, muito além de moderna! Com as bênçãos do Bispo Sardinha, o antropofagismo foi inserido no mapa cultural da velha Piratininga, e no ano 374 de sua deglutição por tão cordiais indígenas, acabou inspirando um manifesto que em sete luas fez Jesus nascer em Belém...do Pará! E num “nhac”, o índio devorar o europeu. E numa revolução caraibamente arquitetada, a madame assumiu o poder, toda pomposa no seu verde-ouro-luxo. Tudo isso? Matéria de capa de revista! Furos, escândalos e desventuras do Tupy or not tupy, na mais paulista das south american way. Como um caldeirão de efervescentes idéias deu valores ao interior. Do caipirês às manhãs no campo, do bom cheiro do café, da culinária e tudo de mais puro que São Paulo tem nos caminhos do seu interior. Rumo a seu coração tão apaixonado, encantaram Congadas, tremularam bandeiras da tua fé. Louvações ao Bom Jesus, nessa terra onde Cristãos e Mouros ainda provam honra e bravura. Mas é terra que nunca foi catequizada de verdade, só fez carnaval, samba de roda, seu samba rural. “Oh! este orgulho máximo de ser paulistanamente!!!” (Paisagem N.4) E com poderes mágicos da imaginação, recrio esse reinado. Meu chão querido com saudades da maloca, “que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida”. Enfim catequizada, em cores alienantes, nas praças, em zorras do brilho das luzes alucinantes. Multicultural e profusa eternamente nesse caleidoscópio das artes, do poema e canção, que te transforma, te faz cosmopolita, te faz pedaço do mundo sem preconceitos. Nova Grécia onde ratos e titãs habitam o mesmo porão, onde a ira se faz música ao som do metal. São Paulo, “Comoção da minha vida...”, onde a última flor do Lácio fez morada pros teus filhos, embalados pela mãe gentil. São Paulo, eterna mutante livre, com asas de borboleta, alada na mistura technicolor tropicalista da divina comédia que não anda nada desligada. Por fim entrego esse novo reinado a Macunaíma. Herói sem caráter, que não é branco, não é índio e não é negro! É um pouco de tudo para conquistar seus sonhos bordados em esperanças. Esse é o paulistano, essa é a minha São Paulo. |
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