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Pedra (Estácio - 2020)

Pedra (Estácio - 2020)

A pedra, para o ser humano, representa a permanência do tempo. A camada externa e dura da Terra, a rocha.

A beleza sólida desse material é a essência de nosso planeta. E foi essa beleza sólida que nossos ancestrais usaram como caminho para registrar suas passagens pelo mundo.

Descobriu-se a beleza dos diamantes, de tantas pedras preciosas ou semipreciosas e do ouro. Foi esta uma das primeiras atividades de exploração dos homens no Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, no século XVIII. A partir de 1771, criou-se a Real Extração, sob o controle da Coroa portuguesa, decreto que durou até mesmo depois da Proclamação da Independência. Foram as primeiras pedras que trilhamos no nosso caminho.

E vamos seguir pela estrada de Minas, pedregosa...

O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu e cresceu em Itabira, em Minas. Da janela de seu quarto, costumava observar o perfil montanhoso cujo destaque era o pico do Cauê.

"Chego à sacada e vejo minha serra, a serra de meu pai e meu avô, a serra que não passa... Essa manhã acordo e não a encontro britada em bilhões de lascas...".

Fora-se a Pedra, engolida pelo enorme trem, fora-se a pedra do poeta.

Outro escritor mineiro, Guimarães Rosa, enfocou "a biodiversidade do cerrado e o relevo constituído pelo calcário, rocha maleável e moldável pela ação das águas. O Morro da Garça só emite recados porque é uma pirâmide no meio de Minas e de uma história imemorial do garimpo, da pecuária, dos boiadeiros viajantes e da surda vidência sertaneja".

Outra pedra que faz parte do nosso caminho é a Serra dos Carajás. Recebeu o nome de seus antigos moradores - os índios Carajás. Segundo suas crenças, eles nasciam do interior do solo - solo rico e pedregoso, repleto de grutas. Quando nasciam, saíam desse mundo subterrâneo para ir habitar a superfície.

A região é uma pedra enorme toda feita de ferro, e em seu entorno nascem pequenas cidades. Segundo uma artesã do Centro Mulheres de Barro, na cidade de Parauapebas, surgiram muitos conflitos por aquele rico pedaço de chão.

A própria cidade é um amálgama de pessoas vindas de todos os cantos do Brasil. Vêm do norte e do nordeste, do sul e do sudeste, vêm do centro e vêm do leste. Todas sonhando em extrair daquela terra as muitas riquezas que ela guarda. E acabam também formando uma amostra da variedade do povo brasileiro.

A rocha mais antiga que conhecemos, uma lasca com pouco mais de dois centímetros, foi coletada na Lua pelos astronautas da nave Apollo. Tem quatro bilhões de anos.

A nossa Terra, vista da Lua, ainda é linda, azulzinha... Até quando?

Rosa Magalhães

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Cosmologia e Sociedade Karaja - Andre Amaral de Toral - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Museu Nacional - 1992 - pags 145 a 162

Pedra - O Universo Escondido - Denise Milan - S. Paulo - Bei Comunicação - 2018

Maquinação do Mundo - Drummond e a mineração - Wisnik, José Miguel - 1ª edição - S. Paulo - Companhia das Letras - 2018

Peret, João Américo - Mitos e Lendas Karajás - Rio de Janeiro 1979

A margem do projeto ferro carajás - Uma pequena contribuição a história social e cultural de Parauapebas 1980 - 2009 - Rocha, Avon Jose Araujo

A história de Parauapebas - Força e Trabalho em Carajá - Miguel Angelo Braga Reis - 2016