Sinopse Em Cima da Hora 2009
Sob
as barbas de Noé, colori de azul e branco a Arca de Vinícius
(Em Cima da Hora - 2009)
Considerações
iniciais:
É com muito orgulho que nossa agremiação apresenta o Enredo:
"Sob as barbas de Noé, colori de azul e branco a Arca de
Vinicius".
A fim de possibilitar melhor entendimento, a Sinopse do Enredo
assim como a justificativa, bibliografia, fontes de pesquisa e
outros aspectos serão apresentados de modo que, entrelaçados
com o samba, nossas alegorias, fantasias e a infinita alegria de
nossos componentes possa transmitir ao público toda a beleza da
arte que nos propomos a levar à passarela.
Justificativa / Histórico:
Em 1970, Vinicius de Moraes, o famoso POETINHA, lança o livro A
ARCA DE NOÉ, com 32 poemas, quase todos falando sobre bichos.
Vinicius musicou "A Casa" e "O Pato" ainda na
década de 70 e os outros poemas receberam melodia quando
Toquinho, grande parceiro, e amigos, homenagearam o Poetinha.
A homenagem resultou em dois discos e especiais para a
televisão: "Arca de Noé 1" (1980), lançado em
horário nobre e agradando telespectadores / ouvintes de todas as
faixas etárias; e "Arca de Noé 2" (1981).
Arca de Noé (1 e 2) foi sucesso de público e crítica!!!
O melhor da MPB se fez presente nas canções: Chico Buarque,
Vinicius de Moraes, Paulinho Soledade, Toquinho, Elis Regina,
MPB-4, Ney Matogrosso, Clara Nunes, Tom Jobim e outros,
totalizando 25 canções.
No primeiro disco, ao som dos primeiros versos que viram
canções, é possível ter a exata noção da procissão de
animas que saem para povoar a Terra depois de 40 dias e noites em
que viveram na Arca sob forte chuvarada.
Noé, responsável pela construção da arca e embarque dos
animais assiste a tudo...
Vinícius, em sua obra, dá preferência aos pequenos animais
como "As Abelhas", "A Corujinha", "O
Peru", "O Gato", "O Pato", que têm suas
características marcantes e engraçadas.
Mas a Arca não é composta somente de bichos. Temos "A
Porta", "A Casa", "O Relógio" e, até,
"Aula de Piano".
Aula de Piano na Arca??? Sim!!!
Vinicius, homem extremamente inteligente, provavelmente conhecia
a obra do músico francês Camille Saint-Saens, autor de O
CARNAVAL DOS ANIMAIS, onde, entre cangurus, galos, galinhas, etc,
aparecem pianistas. Daí a motivação. É também de
conhecimento que, anos antes de escrever a Arca de Noé, o
Poetinha traduziu o livro Orações na Arca, da religiosa
francesa Carmen Bernos de Gastold.
Com ritmos simples e graciosos, o Poetinha fez os versos de sua
arca com um humor muito agradável. Sua verdadeira inspiração
parece ser a tradição popular, reaproveitando o motivo bíblico
da reunião dos animais e a pressa que todos têm em encontrar o
"seu" lugar no mundo. Também no fraseado dos textos,
muitas expressões usadas cotidianamente se fazem presentes,
carregadas de espontaneidade e proximidade afetiva com seu
público.
Um retorno à infância? Um sonho delirante? Não sabemos, mas
através de seu sonho, Vinicius de Moraes nos brinda com sua
poesia, encanta gerações inteiras, mas principalmente as
crianças. "A Arca de Noé" é um marco na história da
literatura e da música. As poesias provindas de Vinicius e seus
parceiros tornam-se brincadeiras de roda, músicas para ninar,
uma verdadeira festa infantil. Desde menino, Vinícius aprendeu a
sonhar acordado.
Sinopse:
Conduzidos por Noé, ei-los a terra benquista. Que passam,
passam, até onde a vista não avista.
Sete em cores, de repente, o arco-íris se desata, na água
límpida e contente, do ribeirinho da mata. O sol, ao véu
transparente, da chuva de ouro e de prata, resplandece
resplendente, no céu, no chão, na cascata.
E abre-se a porta da arca, lentamente surgem francas, a alegria e
as barbas brancas do prudente patriarca.
A arca desconjuntada parece que vai ruir, entre os pulos da
bicharada, toda querendo sair. Afinal com muito custo, indo em
fila, aos casais. Uns com raiva, outros com susto, vão saindo os
animais. Os maiores vêm à frente, trazendo a cabeça erguida, e
os fracos, humildemente, vêm atrás, como na vida.
Longe o arco-íris se esvai. E desde que houve essa história,
quando o véu da noite cai, erguem-se os astros em glória.
Enchem o céu de seus caprichos, em meio à noite calada, ouve-se
a fala dos bichos, na terra repovoada.
Sempre que o sol pinta de anil todo o céu, o girassol,
redondinho e amarelinho como o sol, fica um gentil carrossel, que
vai rodando, dando mel, dando flor, borboletas mostram o
resultado da transformação... Uma nova vida então!
Lá vai São Francisco, como um bom protetor, abrindo caminho
para bicharada, de pé descalço, tão pobrezinho, dormindo a
noite junto ao moinho, bebendo água no ribeirinho, lá vai São
Francisco de pé no chão, dizendo ao vento "bom dia
amigo" dizendo ao fogo "saúde irmão", Lá vai
São Francisco pelo caminho levando ao colo Jesuscristinho,
fazendo festa com o menininho, contando histórias pros
passarinhos.
A abelha mestra e as abelhinhas estão todas prontinhas, pra ir
para festa. Num zune-que-zune, lá vão pro jardim, brincar com a
cravinha, valsar com o jasmim. Da rosa pro cravo, do cravo pra
rosa, da rosa pro favo e de volta pra rosa.
Com um lindo salto, lento e seguro, o gato passa do chão ao
muro, logo mudando de opinião, passa do muro ao chão, pisa e
passa, cuidadoso de mansinho, pega e corre silencioso atrás de
um passarinho e logo pára, como assombrado, depois dispara, pula
de lado, se num novelo fica enroscado, ouriça o pêlo, mal
humorado, um preguiçoso, é o que ele é, e gosta muito de
cafuné, e quando vem a noite, vem a fadiga, toma seu banho
passando a língua na barriga.
Lá vem o pato, pata aqui, pata acolá, lá vem o pato, para ver
o que é que há. O pato pateta pintou o caneco, surrou a
galinha, bateu no marreco, pulou do poleiro no pé do cavalo,
levou um coice, criou um "galo", comeu um pedaço de
jenipapo, ficou engasgado, com dor no papo, caiu no poço,
quebrou a tigela, tantas fez o moço, que foi pra panela.
"Os bosques são todos meus!..." Ruge soberbo o
leão..."Também sou filho de Deus!". Rugindo como um
trovão, ele é o rei da criação, tua goela é uma fornalha,
teu salto uma labareda, tuas garras uma navalha, és o rei da
criação! Foi Deus quem te fez ou não?
Pintinho novo, pintinho tonto, não estás no ponto, volta pro
ovo! Não banque o galo, não dê "sopa", a raposa
está só te olhando com água na boca. Você se sente um
galetinho, acha que já pode sair sozinho, vai ciscar pela
cidade, o tempo inteiro terás um cozinheiro no seu caminho, por
isso digo: "Volta pro ovo, pintinho". Se de repente
você escapar, num forno quente tu podes parar. Tudo é lindo, a
vida é bela, mas seu fim pode ser numa panela. Então eu digo:
"Volta pro ovo!" E se ligeiro você escapar tem um
granjeiro que vai te adotar.
Glu! Glu! Glu! Abram alas pro peru! Ele foi a passeio, pensando
que era pavão, o tico-tico riu-se tanto que morreu de
congestão. O peru dança de rodar, numa roda de carvão, quando
acaba fica tonto, de quase cair no chão. O peru se viu um dia
nas águas do ribeirão, foi-se olhando foi dizendo "que
beleza de pavão". Foi dormir e teve um sonho, logo que o
sol se escondeu, que sua calda tinha cores, como desse amigo seu.
Coitada, coitadinha, da galinha d`angola, não anda ultimamente
regulando da "bola". Ela vende confusão e compra
briga, gosta muito de fofoca e adora uma intriga. Fala tanto que
parece que engoliu uma matraca, vive reclamando "Tou fraca,
Tou fraca!".
O pingüim sempre apressado quando caminha, parece o Chacrinha.
Ele se zanga e perde a estribeira, não pergunte por que, mas
todos os pôem em cima da geladeira.
A Azul e Branco de Cavalcante consagra a arte do
"Poetinha" juntando o clássico ao popular, a aula de
piano de Vinícius se funde a marcação do surdo, trazendo muita
alegria e cadência a nossa agremiação.
Quer brincar com a gente? É fácil! Abra a porta que fecha tudo
no mundo, mas vive aberta no céu. Ela fica em uma casa muito
engraçada, que não tem teto, não tem nada, mas foi feita com
muito esmero, na rua dos bobos, número zero.
Nossa Velha-Guarda, hoje em dia andas vaidosas, sabe com o quê?
Com o seu canto que de repente faz a gente estremecer. Sua
sabedoria nos faz aprender a viver, a Em Cima da Hora tem um
imenso orgulho em ter você.
Poderíamos ficar horas, a contar várias histórias, deste
artista genial, mas o tempo passa, vamos embora, no tic-tac com
alegria, dia e noite, noite e dia.
E como Vinicius já dizia: "Se o amor é uma fantasia, eu me
encontro ultimamente em pleno carnaval".
Sinopse:
Renato Figueiredo
Revisão de texto:
Jany Oliveira
Carnavalescos:
André Tabuquine
Anna Clara Tavares