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Um Banho de Mar à Fantasia (Cubango
- 2016)
Sou água! Tal como ela, fluo e
inundo…
Há bilhões de anos, do espaço sideral, viajei “a bordo de cometas” e venci os desafios de um planeta em formação. Espalhei-me sobre a superfície da Terra, entre derramamentos de lava e erupções, ao surgimento da vida. Como “na natureza, nada se cria, nada se perde e tudo se transforma”, desaguo, evaporo e da Terra novamente broto: “às vezes lagoa, outras tantas ribeirão, às vezes chuva fina, outras tantas tempestade com trovão…” E sigo faustiano, como cachoeira, contornando os obstáculos, a caminho do oceano. Para além do universo, irrigo a imaginação do Homem com fantasias e lendas… Bravos navegantes cruzam a barreira das imensas águas salgadas e aventuram-se sobre minhas costas…deslizando suas caravelas em busca de um destino além-mar. Entre o bem e o mal navega um mar de significados, que povoam o “mundo aquático” com fantásticos personagens: criaturas marinhas, espécies gigantescas, peixes voadores e luxuosos reinos submersos na imensidão do Oceano Atlântico. Do Tenebroso Mar governado por Netuno – o deus dos mares –, os ávidos europeus trazem os “seres mitológicos” para o Novo Mundo e se deslumbram com o paraíso de águas fartas e límpidas protegidas por uma gente avermelhada. Os homens, nativos e fiéis ao conteúdo mítico de seus rituais, transcendem os mistérios e a beleza dos mitos das águas. A partir da oralidade do povo indígena, sou “Boiúna: a cobra-grande”, quem detém o segredo das profundezas dos rios e o poder da criação da noite; sou “estrela das águas”; sou a “Mãe D’água” – Iara, a sereia de belíssima face e de cantos inebriantes… Sou a magia de um “boto cor de rosa”, que, em tempos de festas nos arraiás, se transforma num belo homem encantado, deixando apaixonados os corações das “meninas-moças”. Banho a fértil imaginação da crença humana! Sacralizada entre o céu e a terra, ganho leveza… Sou eu a deusa da natureza, que purifica a alma nos ritos de origem africana. Ao absoluto estado de grandeza, sigo o curso dos rios e dos mares…e vibro ao som dos batuques à sagrada oração. Banhada de axé, saúdo a Oxalá na “Lavagem do Bonfim”, bailo nas águas doces de Oxum e emano da fé, em nome de Iemanjá. Sou presente divino do tempo, o líquido mais precioso da vida… Mesmo sob os meus cuidados, o Homem naufraga com suas intenções maléficas, não domina sua insensatez e emerge do seu próprio dilema: se água acabar de vez? Sonhar com um Brasil de água limpa é fundamental, é vencer a poluição de qualquer temporal… Mas sejamos otimistas diante da grave situação: o sentimento olímpico, dos esportes aquáticos, alia-se à esperança e acende a chama da preservação. Revela uma simbiose natural – mutuamente representada pela água e o atleta. E nesse encontro mágico e poético chamado Carnaval, a Acadêmicos do Cubango personifica as fantasias que banharam e banham a nossa imaginação e, num sincretismo carnavalesco, celebra um revigorante “banho de mar à fantasia” – protagonizado pelos piratas da folia. A Cubango é água, é vida, é a “Embaixadora das Águas” que resplandecerá na Avenida. Ideia Original e Carnavalesco: Cid Carvalho Pesquisa e texto: Marcos Roza |
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