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Toca Raul... no Samba
ENREDO 2014

Toca Raul... no Samba

Introdução

É característica marcante em todo brasileiro a persistência. Após um fracasso, surge no peito o desejo de tentar novamente, a necessidade de se superar. Tente outra vez! Ao depararmo-nos com esta frase é praticamente impossível não vir à mente a imagem de um ilustre brasileiro, Raul Seixas, o rei do Rock Nacional. E é com a certeza de que a glória está no fato de nos levantamos depois de cada queda, que a Guerreira Virtual faz uma nova tentativa, vislumbrando a sua reerguida no carnaval.

 

Sinopse

"Veja!

Não diga que a canção

Está perdida

Tenha fé em Deus

Tenha fé na vida

Tente outra vez!...".

 

Foi na boa terra que um pequeno garoto se recolhia no seu mundo imaginário. O seu maior brinquedo: uma biblioteca. O prazer de horas e mais horas trancafiado lendo livros lhe trouxe uma grande intimidade com as palavras e uma criatividade incrível. Como um presente, a música surgia em sua vida, mas ela não lhe causava tanto deslumbre. Com o passar do tempo, foi descobrindo e decifrando aquela que seria a sua grande paixão. Quis o destino que sua família se mudasse, e nesse novo lar, sua vida não seria mais a mesma, ele seria apresentado ao Rock and Roll.

A biblioteca já não era seu lar e a escola então, nem fazia parte dos seus planos. Seu desejo era curtir o Rock and Roll no Cantinho da Música e marcar ponto do Elvis Rock Club.

Camisa vermelha, gola virada para cima, olhar de lado, jeito durão, ele era o rock em pessoa. Elvis Presley e companhia encantavam aquele garoto fechado e abriram as portas para que o mundo viesse a conhecê-lo. Não só ouvia os discos de Elvis, mas incorporava a personalidade do rei do rock. Contudo, não bastava só ouvir, era preciso vivenciar a música, era hora de fazer parte desse grande show.

Raul juntou-se a cena do Rock que se formava na cidade de Salvador e formou uma banda que chegou a ter diversos nomes, sendo por fim batizada de "Raulzito e Os Panteras". Neste período, "Os Beatles" ganhavam destaque na música em todo o mundo e acabaram por influenciar o grupo. Em 1968, "Raulzito e Os Panteras" gravaram seu primeiro e único Disco que não teve sucesso de critica nem de público.

Em meio a fracassos, surgiu a oportunidade de Raul trabalhar em uma grande gravadora, utilizando seus enciclopédicos conhecimentos de música como produtor fonográfico. Essa experiência lhe credenciou a participar do seu primeiro festival.

Entre os anos 60/70 os Festivais de Música Popular Brasileira eram um ponto de encontro para as mentes mais criativas, onde poesia e música se misturavam nos palcos. Ser participante e, principalmente, vencedor de um festival era, não só uma excelente porta para o sucesso, como também o sonho de muitos jovens intelectuais da época que hoje se consagraram para além da música. Surgiu então o mito Raul Seixas, travestido de Elvis e misturando o rock com o baião, a fórmula certa para chamar atenção no espetáculo cenográfico musical.

O Brasil sofria com a Ditadura Militar e com a música não era diferente. A censura reprimia as composições, obrigando diversos intelectuais brasileiros à recorrer a subterfúgios cada vez mais engenhosos para dribla-la. Por sua vez, Raul não se contentou com o "Ouro de Tolo" e reduziu a nada as vantagens ilusórias ofertadas pelo regime. Com sua arte contestadora, de forte apelo social e crítico ao capitalismo, propôs alugar o Brasil para salvá-lo do caos. Além da liberdade de expressão, propagou também a liberdade no âmbito sexual: com "A Maçã" fez alusão à poligamia e no "Rock das Aranhas" fez uma crítica bem humorada à homossexualidade. Raul era o terror da ditadura, a "Mosca na Sopa" dos militares, usando sempre metáforas para burlar o sistema, sua música tornou-se um nicho de debate e crítica à ditadura, até ser preso, torturado e expulso do país.

Uma grande amizade marcou a sua vida. A parceria com Paulo Coelho trouxe ao mundo a Sociedade Alternativa. Como ia de encontro ao governo militar, foi considerada subversiva. O Mago foi preso, decretando assim o fim de sua vida thelêmica e início de sua realização mágica e pessoal. Raul seguia de modo independente e anárquico, nunca quis vinculo formal com qualquer organização de cunho thelêmico. No entanto, o seu LP Gita, gravado poucos meses antes de ambos terem sido exilados, fez tanto sucesso que os dois voltaram ao Brasil. Sucessos como "Há Dez Mil Anos Atrás" e "Maluco Beleza" elevam Raul ao topo do cenário musical. Com "Mata Virgem" a tão famosa parceria foi retomada. Logo depois, uma nova parceria surgiu na sua carreira - Paulo Roberto - a qual foi responsável por várias de suas canções mais conhecidas.

Sua fama rodava o país, levando-o a ser convidado para gravar o especial infantil Plunct, Plact, Zuuum na televisão, onde cantou a música "Carimbador Maluco", a qual foi motivo de muitas críticas, dentre as quais a de que Raul tinha se vendido ao sistema, com uma música simplória. Contudo, ela é uma pesada crítica à burocracia do governo que teima em selar, registrar, carimbar, avaliar, rotular, adiando e atrapalhando todo tipo de atividade. Seguiram-se outros álbuns, como "Metrô Linha 743" e Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum, com o que seria seu último grande hit: Cowboy Fora da Lei. Dois dias após o lançamento do disco "A Panela do Diabo", Raul carimbou seu passaporte para viver com as estrelas.

 

"Eu vou m'embora apostando em vocês.

Meu testamento deixou minha lucidez.

Vocês vão ver um mundo bem melhor que o meu..."

 

Até os dias de hoje, Raul permanece entre as paradas de sucesso. E agora, de repente, no meio da multidão, ouvimos alguém gritar: Toca Raul... E a Colibris completa: no samba!