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Da Avenida Central à Rio Branco do Carnaval (Mocidade Unida da Cidade de Deus - 2017)
Da Avenida Central à Rio Branco do Carnaval (Mocidade Unida da Cidade de Deus - 2017)

SINOPSE


A Mocidade Unida da Cidade de Deus escolheu como enredo a Av. Rio Branco, seu desenvolvimento, revitalização, acontecimentos e carnavais. Marco significativo na obra de urbanização do ex-prefeito Pereira Passos no início do século XX. Após pouco mais de 110 anos a mesma avenida passa por uma nova reformulação que faz parte do processo de revitalização da região central da cidade do Rio de Janeiro na gestão do prefeito Eduardo Paes.

AV. CENTRAL – ANTEONTEM

Rio de Janeiro, início século XX, Brasil República: A cidade carregava ainda caráter urbano colonial ultrapassado, superpovoado com foco de doenças tipo febre amarela e varíola, falta de saneamento, grande imigração européia e a mudança do trabalho escravo para o trabalho livre.

A economia brasileira crescia rapidamente despertando a necessidade de modernizar e transformá-la numa cidade cosmopolita. O então prefeito e engenheiro Pereira Passos promoveu grande reforma urbanística chamada Bota-Abaixo. O responsável do projeto foi engenheiro Paulo de Frontin. A demolição dos cortiços e desalojamento da população deu abertura à Avenida Central entre a Praça Mauá e região da Glória, o principal marco da modernização. Dava espaço às novas construções com edifícios modernos além do Theatro Municipal, Escola Nacional de Belas-Artes e a Biblioteca Nacional. Foi o auge do estilo eclético no Rio: Francês, Italiano, Neogótico, Neoclássico,… Possuía canteiro central ajardinado e iluminação elétrica, calçadas em mosaico português, tráfego de carros e ônibus elétricos da Light. Em 1908 começava a circular o primeiro ônibus à gasolina do Brasil. E haviam os bondes que inicialmente cruzavam as ruas transversais da avenida.

Após as reformas de Pereira Passos e o trabalho do diretor-geral de Saúde Pública, o sanitarista Oswaldo Cruz, a cidade do Rio de Janeiro ganha o título de Cidade Maravilhosa.

AV. RIO BRANCO – ONTEM, HOJE E AMANHÃ

O nome da avenida foi mudado para Avenida Rio Branco em homenagem ao Barão do Rio Branco no dia 21 de fevereiro de 1912. A partir dos anos 40 a cidade foi se descaracterizando devido ao avanço do concreto armado. Poucos edifícios originais permanecem preservados.

Importante via de acesso, até hoje ainda é o principal ponto onde encontram-se os principais escritórios, bancos e comércio variado. Palco de importantes acontecimentos: de movimentos políticos a blocos carnavalescos. É endereço certo para manifestações do povo como a Passeata dos Cem Mil, Diretas Já, Cara Pintada e demais ocorridas.

Atualmente a avenida passou por uma enorme revitalização e valorização urbana pelas mãos do prefeito Eduardo Paes. Ela está integrada ao maior projeto de reforma urbana do país, o Porto Maravilha. Ganhou um novo boulevard entre as avenidas Nilo Peçanha e Presidente Wilson permitindo acesso de pedestres, ciclistas e o bonde moderno, o VLT. Transporte coletivo que interliga a Transbrasil, rodoviária, metrô, trens, barcas, teleférico, aeroporto e terminal marítimo de passageiros ao todo centro da cidade. Passa em frente ao Museu do Amanhã percorrendo toda a Avenida Rio Branco. Havendo uma integração de todo o centro da cidade.

No último dia útil de dezembro nos despedimos do ano que passou com a tradicional chuva de papel picado. Renovamos nossa esperança e pedidos para um novo ano que chegará! … E na expectativa do que virá!

PASSARELA DO SAMBA RIO BRANCO

Década de 20, o carnaval da Avenida era tomado pelos Ranchos que na época eram a maior atração da rua. Seus componentes eram de classe média.

Passarela de Cacique de Ramos, Bafo da Onça, do grupo de Clóvis e Cordão do Bola Preta.

A partir de 1957 as escolas de samba passaram a desfilar também na Avenida Rio Branco e permaneceram até 2004. O público cresceu vertiginosamente, assim como os componentes das agremiações. Portela, Salgueiro, Estação Primeira de Mangueira e Império Serrano faziam parte do grupo das Grandes Campeãs. Juntas venceram o campeonato de 1960 com a antiga escola Unidos da Capela. Escolas como Beija-Flor de Nilópolis, Unidos da Tijuca, Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense, São Clemente, Estácio de Sá, Caprichosos de Pilares e Vizinha Faladeira, dentre outras já desfilaram por lá. Inclusive nesta lista, a partir de 1976 a Acadêmicos da Cidade de Deus (atualmente Mocidade Unida da Cidade de Deus) também desfilou na Av. Rio Branco. Todas as manifestações carnavalescas da cidade estiveram por lá.

Neste período surgiram os adereços de mão e a cronometragem. Período que também aparecem Dirceu Neri e Marie Louise, Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. E tantos mais inesquecíveis carnavais!

AVENIDA – FONTE DE INSPIRAÇÃO DOS POETAS

Enfim, esse “desfile pelo tempo”, dos bondes ao VLT, dos cortiços (do período anterior ao “Bota Abaixo” de Pereira Passos) à modernidade da Rio Branco dos tempos de Eduardo Paes é que fizeram da principal Avenida da Cidade Maravilhosa, a protagonista do enredo da Mocidade Unida da Cidade de Deus. O que esperamos de nossos compositores é que viajem conosco nesse “passeio” através do tempo de forma sintética, porém, alegre e poética. Que os bons fluídos dos anônimos e heróis da História que atravessaram esse pedaço de chão que vai do antigo Cais do Valongo à Cinelândia, antigamente conhecida como a Broadway Brasileira, possam inspirá-los na construção de suas obras.

Boa sorte e boa viagem a todos!

Guto Carrilho Set/2016