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Tem Gringo no Samba (Caprichosos - 2016)
O
mundo é uma bola, que a cada giro nos indica o caminho a
percorrer… E comigo não foi diferente! Foi correndo
atrás da bola que ganhei o mundo e correndo atrás do
mundo que cheguei até aqui, no país do samba e do futebol!
Aqui essas duas artes sempre caminharam lado a lado e, entre um jogo e outro, me tornei amante do samba e do carnaval. Foi assim que comprovei que gringo não tem samba no pé, apenas nos “dedos”. Mas não me importei muito com isso. O que eu sempre quis foi fazer parte dessa festa e ver de perto essa mistura de cores e culturas, essa diversidade de artes e artistas… O samba nasceu lá na Bahia, e tem como origem o samba de roda, mas foi no terreiro da Tia Ciata que grandes personalidades consolidaram a história de um gênero musical que hoje é patrimônio cultural. A partir daí, gravou-se o primeiro samba, surgiu a primeira escola de samba, e o poeta de Ubá “pintou” uma aquarela que coloriu o mundo inteiro ao som de um “Brasil Brasileiro”, entoado pela bela jovem portuguesa e seus balangandãs. Assim, vários outros países, inclusive o meu, conheceram o samba. E é exatamente nesse “ritmo” que eu quero mostrar a importância dos estrangeiros como colaboradores na cultura brasileira. “Made in Sérvia”, vim trazer minha arte e meu talento para este lugar, onde tantos outros gringos talentosos deixaram e deixam suas marcas. Foi aqui que um famoso americano fez nascer o papagaio malandro, sambista e genuinamente carioca. O gênio francês da fotografia retratou uma Bahia em preto e branco. Já o italiano – de olhar caricato – fez das curvas da mulata o seu atalho, ilustrando as mais belas gravuras… E até o Lord Inglês, quem diria, caiu no samba e nos encantos da melanina de nossa Cinderela negra. Que “Maravilha”… Aqui tem gringo de telas e palcos, gringos que cantam e dançam. Gringo que mostra sua arte nas calçadas e gringo que decorou as escadas. É gringo no funk e gringo que virou funk. “É o Pet, é o Pet, é o Pet”… Tem gringo na favela e gringo na abertura da novela. Tem aquele que veio só olhar. E o que veio, se encantou e resolveu ficar. Enquanto o Francês faz comida, o Polonês faz carnaval! Adotamos este país que fala uma língua universal, principalmente quando o assunto é viver em alto astral. Quando cheguei por aqui, trouxe na bagagem um sonho e no peito a paixão pelo futebol. Vim carregado de vontade de mostrar minha arte. Suei a camisa, brilhei nos gramados, defendi grandes clubes, ganhei fama e vi na bola uma ferramenta social para formar campeões. Com espírito de vencedor deixei para trás lembranças ruins, toquei a bola pra frente e assisti de camarote meu país se reerguendo e transformando sonhos em realidade. Aqui fiz grandes amigos e me sinto em casa, pois os sérvios são muito parecidos com os brasileiros; simpáticos, hospitaleiros e muito alegres… Principalmente quando tomamos nossa “cachaçinha” de ameixa. Aí é que dançamos até o dia clarear. No meu lugar a natureza é bela, é lindo ver o encontro das águas dos rios cortando um solo tão fértil que, a cada colheita, floresce o sorriso de um povo simples que valoriza uma agricultura saudável. A religiosidade está acima de tudo. Cada família tem seu Santo protetor e São Jorge Guerreiro ilustra nossa história com uma das mais belas obras do lugar. Salve Jorge! É carnaval, e mais uma vez de azul e branco, com muito orgulho, vou desfilar nessa avenida! Quero ver a arquibancada tremer e o coração bater mais forte. É a Caprichosos que vai passar! Sou Dejan Petkovic, o gringo mais brasileiro do mundo! “Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras”. Sinopse: Amauri Santos e Depto. Cultural |
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