Sinopse Caprichosos 2008
De
Santo Antônio de Sá ao Pólo Petroquímico, Itaboraí... Uma
terra abençoada! (Caprichosos - 2008)
Assim o tempo me
ensinou: que de tudo que se avalia, segredo, mistério, magia.
Índio como sou eu já pressentia... Vinha de uma pedra bonita
escondida na água toda sabedoria. Bendita pedra que tudo podia,
dela até palavras sagradas se ouvia: "abençoada seja esta
terra". Predestinada, cumpriu o que se dizia de suas
entranhas a "Fonte de Itaboraí" nasceria. E é no
caminho das águas que tudo se inicia, Itaboraí é cria que
semeia e procria o fruto de sua profecia.
Desvendando sigo encantado, como um "arauto" abençoado
que na folia chego pra dá o meu recado. Tamoio, tupi, são
indígenas, que muito antes das estabelecidas sesmarias, povoavam
Itaboraí. Estendendo nossos olhares além daqui, a
colonização. Era português, francês, numa só invasão, tudo
de olho no nosso torrão.
Recordo a tradição, que no sopro do vento esses homens aqui
chegaram com um novo procedimento. E o nosso encantamento? Como
hei de ficar? A "Fonte de Itaboraí" passou a se chamar
Santo Antonio de Sá, em nome dos fidalgos portugueses que
acabaram de chegar.
Um curato jesuítico ditava o sermão: criar aldeamentos é o
primeiro passo à nossa ocupação. Pois lhe digo: que não narro
de memória, mas sim por ter vivido ao longo dessa História. Sou
o índio, que na formação dessa terra fiquei entre a paz e a
guerra.
Engenhos, Capelas, Fazendas. Fé e trabalho se abrem como fendas,
num prodigioso acadar, plantaram a cana-de-açúcar como doce ao
seu paladar. Extensos canaviais: eram muitos, eram tantos que nem
dá pra precisar. Mas aqui fica a certeza de que a exportação
dessa "natureza" fez Itaboraí prosperar.
Plantar, colher e exportar. Num vai-e-vem que parecia não
acabar; na época, Itaboraí era o celeiro: o maior empório
comercial da cidade do Rio de Janeiro. Agora tudo se encaixa, era
de lá, do Porto das Caixas que partiam os produtos para
além-mar.
Na benção seu caminho foi traçado. Itaboraí ergue-se da
terra, modula-se no barro, adornada segue sem pecado. Lança-se
no tempo como ninguém viu: ferrovias, fábricas, olarias. Desde
então, já se via em seu solo varonil uma rica produção de
telhas, tijolos e até cerâmica à construção civil.
De um jeito ou de outro é indígena a herança de seu povo.
Neste sentido, procede que Itaboraí tem lá os seus mistérios.
Tal segredo vem do calcário; da terra, descobriu-se um sítio
paleontológico: fosseis e artefatos de um povo muito distante. E
não faltou comentário, a cerca de um parecer datário, como
fonte de estudo de cientistas e universitários.
Terra abençoada! Que daqui do espelho d'água vejo como é bela
e delicada. E por tudo que Deus criou: a água, a terra, o fogo e
o ar. Itaboraí de sua "Fonte" sempre os valorizou...
Mas Itaboraí vai além. De sua terra provém um santo, que por
ela caminhou lavando as dores e enxugando o pranto. Antônio de
Sant`Anna Galvão que, aqui, em romaria é lembrado em canto e
oração.
Essa mistura não se deu à toa. Itaboraí exalta dessa terra
boa, a fé e a magia. Traz dos "céus" a estrela guia e
mostra na Avenida o cortejo da folia. E nos caminhos da alegria,
como não podia faltar, tem manifestação da cultura popular.
Vem da festa da laranja a sua forte simbologia, representada pela
vida que a todos contagia, é a ligação entre a terra e o seu
povo em harmonia.
Ergue sua pedra, que fora escondida e, agora não mais. Singela,
como um aceno na beira do cais, nasce de sua profecia,
caprichosamente, um samba de paz.
Marca a esperança como fruto de sua bonança e na certeza de que
no futuro o melhor está por vir, Itaboraí se faz
"Nação". Pólo petroquímico, novos ciclos
econômicos, tudo que vem de ti, aqui, se mostra em ação e, nos
encanta como fonte de sua "Criação".
Vem brincar! A Caprichosos de Pilares se veste de Itaboraí nesse
carnaval. Nessa alegria, sem igual, vem sambar. Para te
homenagear, vem também o Marquês de Sapucaí e o Visconde de
Itaboraí e desse eu não preciso nem falar, o seu nome já diz o
quanto lhe é familiar.
Na linha do tempo eu me achei e, na Avenida, minha linda
Itaboraí, eu te abraçarei. E tão logo que pra
"Fonte" eu voltarei, levarei comigo a certeza de quanto
tu és iluminada e que para sempre serás a nossa terra
abençoada.
Carnavalesco: Lane Santana
Pesquisa e texto: Marcos Roza