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Pernambuco

SINOPSE ENREDO 2021

Pernambuco

Sinopse:

Introdução:

O Clube Carnavalesco Virtual Cangaceiros reeditará para o LIESV Carnaval Virtual 2021, o enredo “Paranampuka, Leão do Norte”, do GRESV Altaneiros do Samba, escola que desfilou no Grupo Especial no ano de 2011. A partir da letra da música dos compositores Lenine e Paulo César Pinheiro, homônima ao nome do Enredo, a escola discorreu sob a história de Pernambuco, sob os aspectos histórico-cultural.

Título: “Pernambuco”

“Sou o coração do folclore nordestino
Sou Mateus e Bastião do boi bumbá
Sou um boneco de mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba.
Ao som da Orquestra Armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo num baque solto de um maracatu
Eu sou um auto de Ariano Suassuna.
No meio da feira de Caruaru
Sou Frei Caneca no pastoril do Faceta
Levando a Flor Da Lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luís Gonzaga
E eu sou do mangue também
E vou dando cheiro em meu bem
Eu sou mameluco
Sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco
Sou Leão do Norte
Sou Macambira de Joaquim Cardozo
Banda de pife no meio do canavial
Na noite dos tambores silenciosos
Sou a calunga revelando o carnaval
Sou a folia que desce lá de Olinda
O Homem da Meia Noite
Eu sou puxando esse cordão
Sou jangadeiro
Na festa de Jaboatão
Eu sou mameluco
Sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco
Sou Leão do Norte”

1º Setor: Paranampuka, Pernambuco Leão do Norte

Paranampuka, nome tupi-guarani, significa “o mar que bate nas pedras”. Vem daí o nome do estado de Pernambuco, conhecido como Leão do Norte. A alcunha, por sua vez, vem do brasão das armas do donatário Duarte Coelho Pereira, quem deu mais um nome à Capitania Hereditária: Nova Luzitânia.

Criado no século XVI, o brasão oficial do estado traz na sua heráldica a estampa altiva de um leão, por sua história de lutas e conquistas em grandes batalhas e revoluções. O Leão representa, sobretudo, a bravura e a raça do povo pernambucano perante as adversidades enfrentadas durante sua rica trajetória na história do Brasil.

A ascendência vinda do cruzamento de índios com brancos, o Mameluco, é de onde vêm as forças do pernambucano miscigenado, do guerreiro lutador de cada dia.

Casa Forte é um dos bairros mais tradicionais do Recife, onde ficava o engenho homônimo de Anna Paes, que ajudou na campanha da expulsão holandesa, simbolizando a fortaleza da mulher durante esse período.

2º Setor: Terra de guerras e conquistas.

A Insurreição Pernambucana (1645-1654) teve sua principal batalha, a dos Montes Guararapes contra o Domínio Holandês, na disputa do território e pelo “Ouro Branco”, nosso açúcar vindo dos grandes canaviais. A vitória do pernambucano é considerada o primeiro grito de nacionalidade do povo brasileiro.

A Guerra dos Mascates, a Revolução de 1817, a Confederação do Equador, em 1824, a Praieira, de 1848, e, recentemente, a redemocratização do país são exemplos claros de que o homem pernambucano não foge à luta e não baixa a cabeça para desmandos da coroa portuguesa.

Tanta força e perseverança fizeram brotar uma cultura que reflete essa independência e identidade intrínseca, nativa e única, portando em sua essência todo o orgulho do povo pernambucano. Viajaremos dentro desse enorme caldeirão cultural.

3º Setor: Folguedos Pernambucanos.

O bumba-meu-boi, folguedo do período das festas juninas, é considerado o mais puro dos espetáculos populares nordestinos. É um auto ou drama pastoril que tem como mote a morte e a ressurreição do boi, figura feita de pano, com armação de madeira, carregada por uma ou duas pessoas. Mateus namora a negra Catirina; além do casal, Bastião, o filho do mestre do folguedo – que atende pelo nome de Capitão Boca-Mole – são os principais personagens.

Já o Teatro de Mamulengo dos bonecos, que começou com caráter religioso, profanou-se. Acompanha-se de uma pequena orquestra. O enredo é jocoso e picaresco, mas os desfechos são belos e poéticos.

A peça Coronel de Macambira (1963), auto baseado no bumba-meu-boi e no capitão – mestre do cavalo-marinho, do poeta e engenheiro pernambucano Joaquim Cardozo, foi inspirado no chefe do bando de cangaceiros do Morro, na Paraíba, Chico Fulô, que havia trabalhado para ele, quando demarcava terras devolutas da União em território dos caboclos descendentes dos aimorés, onde havia canavial, nos idos de 40.

Ainda na Zona da Mata, nos intervalos da lida nas lavouras do cultivo de cana-de-açúcar, inventou-se uma mistura de dança e teatro, uma festa de terreiro chamado Cavalo-Marinho. Semelhante ao folguedo do Bumba-meu-boi, porém com origens em Portugal, a brincadeira é composta por diversos personagens, todos vestidos com máscaras, tiras e ornados por espelhos, divididos em três categorias: animais, humanos e fantásticos.

Os pastoris é um auto de Natal de origem religiosa. Tem dois cordões rivais, formados por mulheres: o azul e o encarnado. A Diana, ou Borboleta, é a mediadora. Elas cantam, dançam e se desafiam. O velho é quem comanda o pastoril, com suas anedotas, pilhérias com o público e suas canções de duplo sentido. Faceta foi um dos seus maiores mestres.

4º Setor: O Agreste de Caruaru do Mestre Vitalino ao Teatro de Nova Jerusalém

Indo para o agreste, em Caruaru do Alto do Moura, encontramos Vitalino Pereira dos Santos o “Mestre Vitalino”, maior ceramista pernambucano de todos os tempos. Filho de agricultor e de uma artesã de peças de barro, desde menino começou a fazer figuras de barro representando a cultura nordestina e seus folguedos. Influenciou toda a comunidade e Caruaru hoje é o maior centro de arte figurativa das Américas.

A feira de Caruaru tornou-se a mais famosa do Nordeste, pela sua variedade de ofertas, informalidade e a grande quantidade de artigos de artesanato popular à venda.

Caruaru tem ainda a Banda de pife: um conjunto musical tradicional, formado por pife, pífano ou pífaro – espécie de flautim de madeira com som agudo e estridente – além de zabumba, triângulos e às vezes sanfona ou pandeiro, como seu principal nome Biu do pife e a sua Banda de Pífanos.

Um dos lugares mais visitados do Agreste pernambucano é Nova Jerusalém, jóia do teatro brasileiro, onde é realizada a Paixão de Cristo durante a Semana Santa. O espaço é considerado o maior teatro ao ar livre do mundo, onde é representada a época em que Jesus Cristo foi crucificado.

A Xilogravura, que nada mais é do que a arte de se gravar na madeira o desenho para impressão, muito difundida na idade média, foi imortalizado no agreste pelo artista plástico, poeta e cordelista J. Borges, que inspirou diversos outros artistas, deixando o legado a chamada Literatura de Cordel, que conta os causos e poetiza a realidade do povo sertanejo, através de poemas em um livreto, ilustrado pela arte da Xilogravura.

5º Setor: Ciranda, Coco de Roda e Maracatu: riquezas da cultura popular.

A Dança de roda praieira, a ciranda tem suas raízes portuguesas e teve o seu auge de popularidade nos anos 70. A Ilha de Itamaracá é o berço da Ciranda e do Coco de Roda mais famosas. Os versos de canções como “Minha Ciranda” retratam a manifestação:

“Minha ciranda não é minha só
Ela é de todos nós
A melodia principal quem
Guia é a primeira voz

Pra se dançar ciranda
Juntamos mão com mão
Formando uma roda
Cantando uma canção”. (Lia de Itamaracá)

O Maracatu de Baque Virado ou Nação, cortejo afrobrasileiro de descendência nagô, evoca a coroação do Rei do Congo. Suas figuras principais são o rei, a rainha e toda a sua corte, com embaixadores, ministro e demais figuras; as baianas, as damas-de-passo, lanceiros e batuqueiros traduzem toda a influência das danças negras vindas da África nos remanescentes das senzalas e quilombos. O maior momento dessa manifestação é a Noite dos Tambores Silenciosos, cerimônia solene, que ocorre toda segunda-feira de carnaval, em frente à Igreja do Pátio do Terço. À meia-noite, reúnem-se os maracatus, que reverenciam Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a quem é destinada as loas. A calunga é a boneca de pano, madeira ou plásticos. Sempre vestida de baiana, ela encarna a divindade dos orixás, recebendo em sua cabeça os axés e a veneração da corte e seus vassalos.

Maracatu de Baque Solto ou Rural é uma mistura de vários folguedos, surgido na Zona da Mata pernambucana. Sem reis nem rainhas, sua figura central são os caboclos de lança, que são os trabalhadores da lida da cana-de-açúcar. Suas vestimentas são de cabeleira de papel celofane, cobrindo o chapéu de palha, rosto pintado, camisa e calça de chitão e carregam o surrão, armadura de madeira onde são presos os chocalhos. A dança é em forma circular e acelerada, num ritmo rápido ao som dos chocalhos.

Os Caboclinhos são uma das manifestações artísticas mais tradicionais do carnaval pernambucano. Desde o final do século XIX, eles simbolizam a memória da resistência dos povos indígenas e africanos escravizados. Estes grupos contam a vida cotidiana, em forma mitológica, do caboclo brasileiro, com forte presença da religiosidade de raízes africanas e indígenas, com o culto a Jurema e a entidades cuja denominação também são os Caboclos das matas.

6º Setor: Pernambucanos Imortais: Talentos que orgulham o povo brasileiro.

No âmbito artístico, intelectual, literário e teatral, os grandes fatores do orgulho e reafirmação dessas inquietações não foram esquecidos na bela música:

Carlos Pena Filho, o poeta Azul, deixou entre suas obras mais importantes o Livro Geral e Memórias do Boi Serapião. Lourenço da Fonseca Barbosa, Capiba, como é chamado, foi o maior compositor da música carnavalesca de todos os tempos em Pernambuco.

A Orquestra Armorial de Câmara foi fundada pelo maestro Cussy de Almeida, sob a inspiração do Movimento Armorial, idealizado e liderado pelo romancista e dramaturgo Ariano Suassuna. Propunha-se a fazer uma arte brasileira erudita de raízes populares. Na música, valoriza o som áspero de instrumentos como a rabeca, a viola sertaneja e o berimbau, em conjunção com as harmonias ibéricas. Suassuna, paraibano de nascimento, mas pernambucano por convicção, consagrou-se internacionalmente com a peça O Auto da Compadecida, onde personagens como o esperto e traquino João Grilo e a presença de um Cristo Negro demonstram a influência teatral da Comédia Dell’ arte.

João Cabral de Melo Neto dedicou vários poemas e livros ao Rio Capibaribe, como Morte e vida Severina.

São Bento do Una é a cidade natal do cantor Alceu Valença, homenageado por ser um dos expoentes da música popular brasileira da década de 70 e até hoje mostra seu ecletismo cultural traduzido em música. Apaixonado por Olinda fixou suas raízes na cidade. Em um momento de pura intimidade, retratou esse sentimento pelo local em uma de suas belas músicas, chamando – a de “minha mulher”.

Símbolo da resistência e admirado pelo seu heroísmo, frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, ou Frei Caneca, foi um dos revolucionários de 1817 e um dos mártires da Confederação do Equador.

O sanfoneiro Luiz Gonzaga é chamado de o Rei do Baião e é o maior nome da música popular nordestina. Relata todo o sofrimento e vida cotidiana do nordestino. Asa Branca, Açum Preto, O Xote das Meninas e Cheiro da Carolina são reconhecidas músicas que relatam essa predileção do grande baluarte da música popular brasileira.

Francisco de Assis França, ou simplesmente Chico Science, foi o idealizador do movimento Manguebeat, o movimento dos “caranguejos com cérebro”. Trata-se de uma autêntica mistura de sons regionais, como Maracatu e Coco, com o som pop e mundial do hip hop, rock e o eletrônico. A intenção é retratar a verdadeira música escondida na lama dos mangues em meio ao caos das grandes cidades brasileiras. A influência decisiva foi o encontro com o bloco de percussão afro Lamento Negro, que tinha a energia como principal virtude. Por isso, ele criou a banda Chico Science & Nação Zumbi. O nome foi uma homenagem a Afrikaa Bambaataa, precursor do Hip Hop, que em seu projeto Zulu Nation formulou a ideia de paz, amor, união e diversão a esse ritmo musical.

7º Setor: Folia de Olinda na Folia de Jaboatão. E o Galo da Madrugada arrastando a multidão

Quem é folião sabe o que é subir e descer as ladeiras de Olinda, ao som do frevo das Pitombeiras dos Quatro Cantos, Maracatu Nação Elefante, Afoxés e até mesmo o samba do Patusco, seguindo as mais variadas agremiações. O Homem da Meia Noite é o mais antigo e famoso boneco gigante e foi fundado em 1932. Sai pelas ladeiras na meia-noite de Sábado para o domingo de carnaval, com o boneco puxando o cordão formado pela multidão.

O Bloco das Flores é uma das antigas agremiações carnavalescas de Pernambuco. Foi fundado em 1920, desfilando no carnaval como bloco do frevo canção e, no período natalino, como pastoril.

A famosa Festa da Pitomba é realizada em abril, em homenagem à padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, e aos jangadeiros de Piedade, Candeias e Barra de Jangada, seus devotos originais.

E o Maior Bloco Carnavalesco do Mundo é o Galo da Madrugada, reconhecido pelo Guiness Book como tal. Desde 1978, a troça carnavalesca arrasta mais de 2 milhões de pessoas, pelas ruas do Recife, no Sábado de Zé Pereira, abrindo o carnaval pernambucano.

Quando a quarta feira ingrata chega, um arrastão toma conta do Marco Zero do Recife, lavando as ruas com muito frevo e gente de todas as classes sociais, fantasiados ou não, ainda sedentos por festa e carnaval.

É dessa herança que o pernambucano se orgulha e transfere para as artes e cultura, endêmicas e intrínsecas a identidade de cada face, em cada olhar, em cada palavra escrita e falada em forma de sotaque peculiar, em cada nota ou música entoada.

Autor do Enredo: José Mauro – “Jmauro”.

Fonte: SAMBARIOCARNAVAL. Leão do Norte. Disponível em: https://www.sambariocarnaval.com/index.php?sambando=sinopsealtaneiros2011. Acesso em: 03 Nov 2020.

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Autor do enredo: José Mauro