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Campo Grande Canta e Encanta, com o Canto das Três Raças (União de Campo Grande - 2018)

Campo Grande Canta e Encanta, com o Canto das Três Raças (União de Campo Grande - 2018)

Carnavalesco: Reinalto Silveira

No canto do Brasil, nascemos. No retumbante som de dor e felicidade, nossa forja, os matizes que nos formaram. Três mundos, nossa trindade sagrada, nosso orgulho, nossa glória, nossa resistência. Brasileiro é bicho solto! Corre, o mundo, nas suas raízes, na sua alma, no seu corpo. Um mundo de três, onde somos um em três, o mistério da trindade.

A voz da terra. O vermelho das etnias. O sangue, derramado, manchando a terra Brasil de vergonha pelo destrato dos seus. Os corpos da resistência. Os mistérios da mata, a força da tradição, os donos da floresta. Nosso herança e nosso futuro, os indígenas que nos formam. Reis de tudo, nunca coroados. A marca Brasil verdadeira no timbre do canto. A voz que existe!

A voz da África. Na vergonha da escravidão, a luta e o orgulho dos negros e negras que moldaram o tom do nosso canto e construíram nossa alma. A voz embargada pela dor do preconceito. A voz forte da perseverança. A voz da resiliência. A voz da tradição do Continente Mãe. A voz das senzalas, da fé e do amor dos Orixás! Epa, Babá! A voz que resiste e persiste.

A voz da Europa. De Portugal, feitos para o ritmo do canto brasileiro. As estruturas seculares de nosso começo. A casa-grande senhora do sofrimento, madame da chibata, dona da racionalidade ocidental. O branco do terrível mundo e dos passos das descobertas, do desbravamento! Moldada pelas outras, a voz que insiste!

Um Brasil de três. Três raças, um povo. Três vozes, um canto. Dores, glórias e lutas, uma nação. Herança de três, o coro uno da mata, da casa-grande e da senzala. Três ventres, três mães de ensinamentos diferentes. Três tons no mistério da trindade uma. O canto que se ouve longe…

– Brasil, aonde vais?

– Deixo meu canto me levar.