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SINOPSE ENREDO 2014 O Carcará JustificativaComposta por João do Vale em 1963 e eternizada na voz de Maria Betânia, a música faz uma analogia entre o pássaro e a difícil vida do povo do Nordeste brasileiro. O Carcará é considerado pelos índios como a ave da má sorte, sendo também a forma viva do poder e da resistência. O pássaro também povoa o imaginário da região nordestina com lendas e folclore, os sertanejos contam que ele carrega galhos em brasa para promover queimadas em lavouras. A lenda do Carcará saiu do Nordeste e alcançou todo o Brasil nos anos de 1960, quando tudo possuía uma veia ideológica. Então, apesar de toda a maldade que a ave poderia representar ela também era vista como uma heroína que passava por cima de tudo e todos para poder levar o alimento para a sua família. Num paralelo com o homem, ela representava a imagem do bravo sertanejo que vencia a seca e fazia-se ouvir Brasil afora. "Carcará, pega, mata e come Carcará num vai morrer de fome Carcará, mais coragem do que homem..." A partir de então, a música com seu aspecto ideológico passa a representar a vida de diversos ícones do povo brasileiro, que vieram do sertão nordestino, como Antônio Conselheiro, Lampião, Padre Cícero, Gonzagão, Glauber Rocha e o ex-presidente da República, Lula. A ideologia que construiu a personificação do heroico sertanejo permanece até hoje e assim coroou o Carcará como Rei do Sertão brasileiro. Voando alto com sua valentia vence todas as mazelas existentes em sua terra e causa temor aos que se opõem a sua imagem. É ave, é maldade, é seca, é causo, é verso, é homem e até Rei! "Carcará é malvado, é valentão É a águia de lá do meu sertão Os burrego novinho num pode andá Ele puxa o umbigo inté matá" Sinopse Carcará... O sopro ardente do sol é revelador... Bicho malvado, do bico de gavião... Canta, voa e rodopia quando o fogo beija a roça do sertanejo. Oportunista, a espreita da presa mais fácil... É filhote, Carniça, Inseto, Plantação do pobre jagunço, E "inté" cobra queimada. "Quando chega o tempo da invernada O sertão não tem mais roça queimada Carcará mesmo assim num passa fome" O velho caboclo já dizia, bicho ruim traz consigo o mau agouro. Solitário, aos pares ou em grupo, plana junto ao chão e resiste até o fim. Arranha o solo, sai em disparada a par do urubu e até do lixo faz alimento. Animal sanguinolento, não perde o estribilho! O Lavrador tem fé em São José! E o santinho há de findar o desespero e trazer consigo lágrimas lá do firmamento. Nós não "vai" ceder a fome! Jagunço brabo sonha o sonho de florescer a vida no sertão, faz causo e até lenda pra povoar o céu do meu cordel. Folclore do chão seco que faz a poesia nascer tão dura, mas me enche de força e altivez. Mas também assombra e causa rebuliço quando o monstro fita a lua cheia! Vá de retro bando de coisa ruim! "Mais coragem do que home Carcará Pega, mata e come" O Carcará também é poeta! Lá do Lago da Onça, mais coragem do que muito gavião. O tal João versou o assombro de muita gente, voou e alcançou a cidade grande. No Teatro Opinião deu novo significado à ideologia do heroico sertanejo, foi resistência à opressão. Repressão que fazia a sua caçada em um povo explorado do sul ao norte sem deixar enxergar-nos a razão. Do verso fez um hino! O bicho então "avoou" que nem avião de volta pras bandas da Terra do Sol viu até Deus e o Diabo. E ganhou muitas faces... Rebelde Conselheiro, É Rei do Cangaço, Meu Padim Ciço, Sanfoneiro, E Foi "inté" Presidente do Brasil. "Carcará é malvado, é valentão É a águia de lá do meu sertão" Eu te entendo bicho bravo! A natureza que te fez assim, tu és o reflexo do tua terra e tua gente sofrida. Hoje a coroa de Rei é tua. A passarada visita o sertão para te coroar! O céu fica mais azul para a festa nas alturas. "Oia" a revoada! É a Coroação do Rei Carcará. Canta o Sabiá, Arara Vermelha e o Tucano vêm pra festejar, De flor em flor o Colibri perfuma o sertão, Da Terra o Canário ergue a voz, E o João de Barro traz no bico a Coroa. Deixa escapulir a emoção por entre essas asas ô malvado! Mensagem aos compositores Seja a voz do sentimento entre o sertanejo e sua ave. Anexo ao Enredo "Cárcara" João do Vale Carcará Lá no sertão É um bicho que avoa que nem avião É um pássaro malvado Tem o bico volteado que nem gavião Carcará Quando vê roça queimada Sai voando, cantando, Carcará Vai fazer sua caçada Carcará come inté cobra queimada Quando chega o tempo da invernada O sertão não tem mais roça queimada Carcará mesmo assim num passa fome Os burrego que nasce na baixada Carcará Pega, mata e come Carcará Num vai morrer de fome Carcará Mais coragem do que home Carcará Pega, mata e come Carcará é malvado, é valentão É a águia de lá do meu sertão Os burrego novinho num pode andá Ele puxa o umbigo inté matá Carcará Pega, mata e come Carcará Num vai morrer de fome Carcará Mais coragem do que home Carcará |
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