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O
Mestre-Sala dos Mares
O
som das chibatas ecoava junto aos gritos de dor. O sangue se misturava
às águas frias, tão frias quanto os
corações dos oficiais. Era chegada a hora de intervir,
hora de Olokum enviar seus dragões para vencer as
injustiças e acabar com o sofrimento de seus filhos. O mar,
antes calmo, se tornava revolto. A luta pela justiça, a partir
daí, se inicia. João Cândido Felisberto, um
dragão na figura de um feiticeiro de alma corajosa, na dignidade
de um mestre-sala, passaria então a enfrentar o possível
e o impossível, sob as bênçãos de Olokum.
Ah, João... A história jamais iria lhe esquecer. Nascido nos Pampas ingressou na Marinha logo cedo, ainda adolescente. Rodou o Brasil até chegar ao Rio de Janeiro, um novo Rio a se modernizar oprimindo as camadas populares, um Rio a chocar quem chegava. De lá ele partiu rumo ao continente europeu para acompanhar a construção de navios de guerra. No requinte dos portos europeus, Londres e Marselha foram sua parada. Entre batalhões e mocinhas francesas, as idéias de revoltosos em terras inglesas e ideais da revolta do Encouraçado Potemkin eram a influência que faltava para enfim levar justiça e igualdade a marinha brasileira. Era hora de retornar às terras tropicais do Rio de Janeiro. No retorno ao Rio, era visto que o sofrimento perdurava, os castigos se tornavam constantes e cada vez maiores. A humilhação trouxe a revolta. Não mais disposta a sofrer, a tripulação do “Minas Gerais” se apoderou do navio e exigiu o fim dos penosos castigos executados, e então outros navios aderiram ao movimento. Com os “homens da bandeira vermelha”, a cidade enlouqueceu, o governo se espantou, muita gente fugiu, a repercussão foi tamanha. Depois de cinco dias de revolta, desaparecia assim o uso da chibata como castigo na Marinha. A vitória dos marinheiros era então decretada? Não! Nesse violento jogo de xadrez a Marinha tinha um xeque-mate em vista. A anistia foi decretada cinco dias após a revolta. Falsa anistia, fraudada pelo próprio Presidente da República com sede de vingança. Porém, essa farsa custou vidas de homens, mulheres e crianças. A informação foi repassada entre os marinheiros e se iniciou então uma rebelião na Ilha das Cobras. Para aonde João Cândido foi enviado diante de uma injustiça. Na temida lista da morte lá estava o nome de João Cândido, dentre inúmeros outros. Porém, seria um atoestúpido o fuzilar. É decidido que ele seja enviado à Amazônia com o intuito de ser esquecido. Quando parecia que João seria mais um herói a ser esquecido pelo tempo, uma ditadura, através de um golpe militar, chega ao poder. Tempos onde era necessário ir contra a opressão, tempos onde os jovens saíam às ruas em protesto contra o sistema. Era preciso inspiração a esses jovens, e esta veio através de heróis rejeitados por esse mesmo sistema durante toda nossa história. João Cândido passa então a ser considerado um dos pilares da história recente e aclamado como herói, não somente pelos marinheiros, mas pelo Brasil inteiro. Dentre tantas homenagens, a mais bela e marcante até hoje é a forte composição deJoão Bosco e Adir Blanc aclamando o almirante negro: “O Mestre-Sala dos Mares”. Depois de quase um século, chega enfim a hora do perdão. O então Presidente da República Lula assina uma anistia póstuma ao grande herói João Cândido, erguendo um simbólicomonumento em suas formas e seu nome. Finalmente era feita a justiça. “Salve o almirante negro, que tem por monumento as pedras pisadas no cais...” Considerações Finais A
Camarões dos Pampas em sua estreia no Grupo Especial vem contar
uma história real de um dos maiores heróis da nossa
história recente: João Cândido, líder da
revolta da chibata inspirada na obra "Mestre-Sala dos Mares", de
João e Aldir Blanc e na peça "Exu Chibata", de |
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