PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

Filhos de Jah: Da Glória aos Reis à Jamaica Brasileira
ENREDO 2014

Filhos de Jah: Da Glória aos Reis à Jamaica Brasileira

JUSTIFICATIVA

JAH RASTAFARI!

A Sereno de Cachoeiro, de volta ao Grupo Especial, apresenta em 2014 o enredo "Filhos de Jah - Da Glória dos Reis à Jamaica Brasileira", enaltecendo a cultura rastafári, desde a origem da dinastia salomônica na Etiópia, encontrada no relato bíblico da visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão em Jerusalém e também no livro sagrado da Igreja Ortodoxa Etíope, o Kebra Negast ("Glória dos Reis", em língua amárica). Contaremos um pouco da história do povo etíope, a escravidão em terras jamaicanas, a ascensão de Haillé Selassié, imperador considerado o messias, Rei dos Reis, Leão conquistador da Tribo de Judah e a propagação do ideal rasta pela música reggae, chegando no Brasil pela Bahia e, por fim, São Luiz do Maranhão, capital brasileira do reggae, a "Jamaica Brasileira".

 

SINOPSE

Os mensageiros anunciam a chegada da comitiva real. Precedida pelos guardiões, entra no palácio do Rei Salomão a Rainha Makeda, governante de Sabá, soberana da Abissínia e Etiópia. A corte salomônica se espanta com tamanha riqueza: marfins, peças de ouro e pedras preciosas, peles de animais selvagens... mas a maior beleza estava em Makeda. Tal beleza seduziu ao Rei Salomão, que lhe concede tudo o que seu coração desejava. No caminho de volta, a Rainha leva em seu ventre a maior riqueza de Israel, a semente da dinastia de Salomão na África, o futuro rei Menelik.

Passam-se os anos, o menino sábio, já crescido, deseja conhecer seu pai e parte para Israel. Ao ver o jovem que se apresenta no salão real, Salomão o reconhece como seu filho e o recebe com honras, cedendo seu próprio trono, coroando-o Rei da Etiópia. Para o retorno, Salomão ordena que os primogênitos de seus nobres o acompanhem, o que gerou revolta nos mesmos. Para se vingar do Rei, um dos primogênitos rouba a Arca da Aliança, substituindo a réplica dada por Salomão pela real, retirada do Templo. Ao perceber o acontecido, Salomão manda seu exército no encalço da comitiva, que já se encontrava muito longe de seu alcance. A viagem da comitiva é rápida, com as carruagens flutuando no ar, graças à proteção do Arcanjo Miguel, protetor da aliança entre Deus e os homens. Menelik e a Arca são recebidos com festa em Axum, capital do reino, sendo coroado rei pela sua mãe Makeda, que renuncia ao trono em seu favor. Começava aí a dinastia salomônica na Etiópia, a raiz israelita no continente africano, verdadeiros filhos de Israel. Hebreus negros ainda vivem na Etiópia sem nenhum contato com o mundo judaico, sendo assim a Etiópia a verdadeira Sião, onde está a Arca da Aliança e o trono de Davi.

Séculos depois, o Cristianismo chega às terras da Etiópia pela fé de um dos eunucos da rainha Candace. Surge a Igreja Ortodoxa Etíope, independente de Roma, que venera a imagem de um Cristo negro como seu povo, um Salvador que promete voltar à Terra para levar seu povo ao Paraíso. O poder desta fé ajudou a Etiópia a não se curvar ao invasor, à lutar contra toda e qualquer dominação, sendo a única nação africana não dominada pelo branco europeu. Enquanto homens e mulheres das nações vizinhas eram levados à força de sua pátria para o Novo Mundo, Menelik II, rei guerreiro, expulsou as tropas italianas de Axum, enfrentando canhões com lanças e escudos. Enquanto isso, milhares de africanos cruzam o mar acorrentados sob o jugo da escravidão. Muitos são levados ao Caribe, à uma ilha que se tornaria o berço de uma cultura. Os séculos de opressão e exílio nos canaviais da Jamaica trouxeram sofrimento e dor.

Uma voz se levanta na ilha, um negro profeta, ligado à luta de seu povo pela libertação conclama seus irmãos: voltemos à África! Voltemos à Terra Prometida! Era o profeta Marcus Garvey, Dizia ele em 1929 "Olhem para a África. Quando um rei negro for coroado, a redenção estará próxima."

E eis que, um ano após a profecia de Marcus Garvey, sobe ao trono um novo Imperador etíope, o Príncipe (Ras) da Paz (Tafari) Makonnen, coroado Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, o Leão da Tribo de Judah, com o nome de Haillé Selassiê, a divina encarnação de Jah (YHWH, Deus) na Terra. Este é reconhecido como o Messias esperado pelos que padecem longe da Mãe África, aquele que conduzirá os eleitos de volta à Zion, ao seio da mãe Etiópia, onde não haverá choro, dor ou tristeza. Esta esperança se alastrou entre os deportados negros, vendo no Imperador negro a face do Divino Mestre, um alento e uma força pela qual se uniram pela liberdade.

Surge então uma nova filosofia que, baseada na interpretação de que Haille Selassiê é o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Baseados no Livro do Apocalipse rejeitam a Grande Babilônia, a sociedade capitalista e exploradora, e buscam no contato com a natureza e na vida natural, a purificação e da libertação da alma. Para isso, usam de tudo o que Jah concede como dádiva: a alimentação natural (Ital) que permite consumir apenas o que a terra oferece, a purificação espiritual pelo uso sacramental da sagrada erva Ganja (ou Marijuana), o uso dos cabelos crescendo ao natural em dreadlocks como cumprimento ao preceito bíblico contido em Levítico 21,5.

Os Rastafaris se reuniam em celebrações chamadas Nyahbinghi, onde ressoavam tambores rituais e salmos eram entoados. A fumaça sagrada subia, libertando o pensamento e glorificando Haile Sellasie e o nome de Jah. Proclamavam o fim da Babilônia e a palavra de Jah era pregada às crianças. Da mistura de sons e ritmos nasceu a música que se tornou o estandarte do Movimento, o Reggae. Uma nova canção, que refletia em seus acordes o balanço do mar, o vento, o calor do sol, a chuva... e a luta. Poesia e mensagem unidas.

O movimento cresce e surgem profetas para anunciar ao mundo a palavra de Jah. Da Jamaica ecoa a voz do profeta, como um leão que ruge sobre o monte. Cantos que falam de amor, de luta. Marley cantou, Marley falou... e o mundo ouviu. As notas musicais viajam pelo mundo nas vitrolas dos marinheiros e nas ondas de rádio. A mensagem de Jah chega aos confins da Terra na voz de Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailler e outros. E assim, chegam ao Brasil.

Bahia, sempre Bahia! Pelas ruas do Maciel - Pelourinho o reggae lança suas sementes, que floresceram nos cabarés e vielas. Dois jovens artistas bebem nesta fonte e unem o reggae ao movimento da Tropicália: Caetano e Gil. O reggae se une ao samba e ganha as ruas pelo som dos tambores coloridos, fazendo o chão tremer: Olodum, Ilê Ayê, Muzenza...  Jah é levado aos braços do povo.

Nos anos 70, pelas ondas das rádios que vinham do Caribe, o reggae chegava a uma nova ilha ao norte do Brasil. Uma terra rica em sua história, em seu folclore, em seus tambores, sua magia. Em meio aos casarões azulejados, São Luís do Maranhão abriu os braços para o novo som e à cultura rasta. Nascia assim a Jamaica Brasileira, onde o som ganhou volume nos bailes promovido pelas radiolas, verdadeiras paredes de som carregadas de potência para espalhar a palavra de Jah por toda a ilha e formar novas gerações de amantes do reggae. Embora sejam poucos aqueles que seguem a filosofia Rasta original, os princípios de amor à paz, à liberdade e à natureza continuam os mesmos.

 

E todos são Filhos de Jah.

Jah bless you!