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Sinopse Sereno de Cachoeiro 2011
Do Livro das Maravilhas, um Ensaio sobre a Cultura dos Povos

Introdução:

Por muitos séculos, os europeus juravam que a terra era quadrada. O grande abismo do medo não ia muitas léguas além de Portugal. Ao sul da Abissínia, povos selvagens confundiam-se com os confins austrais, enquanto a leste, o sol iniciava por desertos eternos. O Norte fazia fronteira com a imensidão de gelo. E apenas uma pequena parte, já demasiadamente conhecida, estava infestada de medo, sujeira e ignorância. Mal sabiam os “Grandes Sábios da Europa Medieval”, que estes eram meros marginais de um planeta civilizadamente florescente, com civilizações riquíssimas em cidades e palácios amplamente ornados com os mais finos metais e joias. Até que um grupo de irmãos venezianos resolveu buscar a origem desses povos, e, ao retornarem, levaram um mero adolescente que tornar-se-ia, à posteriori, louco e pioneiro, respectivamente.

Setor de Apresentação: “Milioni di Favole Fantasiose!”

Sim, esta foi a maneira que o maior ensaio sobre a cultura dos povos foi recebida pela “elite intelectual europeia”. Após mais de duas décadas de viagem, Marco Polo, Filho de Messer Niccolò e sobrinho de Messer Matteo, acaba preso pouco depois de chegar em sua terra natal, Veneza. Acontece que apenas mais uma das infindáveis guerras entre a importantíssima cidade comercial medieval supracitada com a arquirrival Gênova traria momentos de Agitação na cidade. Mesmo preso, Marco Polo trouxe muitos apaixonados pelos seus relatos fantásticos dos mais longínquos povos do oriente. Um dos colegas de cela, particularmente, interessou-se com muito entusiasmo dos relatos, sugerindo ao próprio narrador de tantas aventuras, a escrita de um livro, para eternizar relatos tão importantes para a época. Trata-se Rustincello, escritor e romancista nascido em Pisa. Tamanha riqueza de detalhes e diferença gritante entre os países e impérios visitados, e a medíocre sociedade europeia do século XIII, deixaria Marco Polo como um lunático mentiroso, porém, alguns séculos mais tarde, veriam que não se tratava de fábula, e sim de um mundo séculos a frente dos costumes cristãos. Enquanto a sociedade “intelectual” desdenhava, o povo festejava tamanho intercâmbio jamais visto até então.

Setor 2: o início da saga: a viagem até a Pérsia.

Após anos de estadia nas terras de Kublay Khan, o grande imperador dos imperadores, Niccolò Polo e seu irmão Matteo, retornavam para a Europa, a pedido do Gran-Khan, como Kublay era chamado por todos, para retornarem ao Catai com 100 missionário das 7 artes, os mais sábios sacerdotes cristãos, um pouco do óleo que mantém a chama do santo sepulcro e deveriam também entregar uma carta mandada pelo próprio Gran-Khan ao Papa. Porém, este havia falecido recentemente, e, aguardando o conclave para decidirem o novo líder da Igreja Católica, Messer Niccolò foi ver sua esposa, já falecida, e acabou por encontrar seu filho, Marco, já com quinze anos. Dois anos se passaram, e a família Polo já preparava-se para a jornada ao Catai (região norte da China), levar ao menos parte dos pedidos de seu admirável imperador. Quando estavam em Accri, o novo papa, Gregório X, havia sido escolhido. Lá mesmo, o papa abençoou os três e mandou dois missionários para acompanhá-los até as terras de Kublay Khan, mas estes desistiram após quase serem saqueados na altura da cidade Bizantina de Ayas. Portanto, apenas os três seguiram viagem.

A mesma não foi fácil. Passando pelas altas terras da Geórgia, Marco deparou-se com uma fonte que jorrava um óleo inflamável, usado por todos para queimar durante a noite. A Leste, viu-se na amada Babilônia de Alexandre, o Grande, que agora fazia parte dos arredores da gigantesca e próspera Baghdad. Chegando ao porto de Hormuz, com seus jardins e roseiras, a família Polo preferiu seguir viagem desbravando o império persa, ao invés de descer navegando pela Índia. Chegaram ao coração do Império que outrora florescia com Xerxes, Dario e Alexandre, Agora era um estado vassalo dos Tártaros. De Cashimir, Qandahar e Bamiyan, até Pharsa, Marco Polo poderia dizer que havia passado pelo túmulo dos reis magos, onde jaziam próximos ao poço do fogo eterno, pela famosa árvore seca, que testemunhou a batalha final de Alexandre com Darío, e chegaram, finalmente, a Balac, célebre pelo matrimônio de Alexandre com Roxana. Eterna Pérsia dos Sonhos e das Mil e Uma noites, Terra de montanhas de sal e de jardins que por pouco não foram os verdadeiros paraísos de Deus.

Setor 3: O longo caminho até a corte do Gran Khan

Passada a Pérsia, era hora de chegar ao impressionante império Tártaro. O coração da famosa Rota da Seda, caravanas incrivelmente abarrotadas dos mais valiosos tesouros das mais variadas terras dividiam espaço com desertos e paisagens onde realidade e mito se separam por mero acaso da vida. A Tartária era terra onde luziam mesquitas de ouro e turquesa, como as de Samarqand, ou onde as montanhas uivavam como se fossem espíritos. Pradarias perdiam de vista com os mais lindos cavalos e asnos selvagens, ou desertos tão inóspitos que poucos homens ousavam atravessá-lo. Atá Karakhoum, foi assim a viagem, cercada de miragens não tão fantasiosas assim, perigos inimagináveis, que, se não fosse o grande poder que o Gran Khan excercia aos seus vassalos e aos seus domínios, os Polo já teriam perecido sem dificuldades. Quando chegou a Karakhoum, Marco Polo tomou conhecimento do primeiro imperador dos Tártaros, Gêngis Khan. Para muitos um sanguinário, para outros um gênio, Gêngis transformou um apanhado de bárbaros nômades em provavelmente o maior império da história do planeta. Ao contrário dos bárbaros que tomaram o Império Romano, Gengis não dizimava seus oponentes, pelo contrário, adotava-os para engrandecer ainda mais seu exército e seus domínios. Foi assim que toda a Ásia, à exceção das Índias e da Arábia, passou a ser governada pelos seus descendentes. Sejam eles orientais ou ocidentais. De Karakhoum, Marco Polo estava preparado para ter uma das visões mais incríveis que alguém poderia ter tido naquela época. Ele finalmente chegaria em Khambaliq (hoje, Pequim), a mais rica e mais maravilhosa cidade do mundo. Palácios decorados com ouro, prata e pedras preciosas. E os animais!? Jamais vistos pelos povos do ocidente! Leões rajados de vermelho, preto e branco, Ursos brancos com manchas negras, leopardos, papagaios, grous multicoloridos... Tudo isso poderia ser visto nos jardins do palácio ou nos bosques aos arredores da grande capital.

Setor 4 - dezessete anos no grande império Tártaro

O Gran Khan é um homem muito generoso, possui quatro esposas e 22 filhos. 7 deles são reis em estados vassalados de Catai. Os outros são barões de incrível confiança do próprio.

O grande Império Tártaro possuia uma Capital de Verão, Xanadu, onde havia o palácio desmontável, todo em bambu, ouro, prata e seda, e Khambaliq, a Capital de Inverno.

Tudo funciona neste vastíssimo império. As leis são as mais justas possíveis, o povo não passa necessidades, os crimes são duramente repreendidos, as produções são sempre estrondosas. É tudo tão superlativo, que não se sabe qual a veracidade dos fatos, mas nada deixa de ser incrível. Marco também relatou que o Gran-Khan era apaixonado por caças, e este ia com mais de quarenta mil homens para a caça, com os mais habilidosos cães, falcões, girfalcos e até leões de caça. Os animais caçados abasteceriam o necessitado mercado de peles para confecção de roupas, armaduras e calçados. Tamanho era o encanto de Marco Polo para com o Gran-Khan, por quem era tratado como filho, que este permaneceu pelas terras de Catai por longos 17 anos. Marco além de ter desbravado as mais longínquas terras do império, de Mangi à Tonquim, de Lhasa até os confins de Hangzou, foi, por 3 anos, governador da província de Mangi, a sudeste da gloriosa capital Khambaliq.

Setor 5 - O choro do maior dos Imperadores.

Apesar de ser feliz, Marco Polo sentia o desejo de voltar à sua terra natal. No auge de seus 84 anos, Kublay Khan não desejava essa volta, tamanho o apreço que ele tinha por Marco. Mas para isso, ele pediu para que Marco levasse uma prometida para se casar com o rei da Pérsia, Arghun-Khan, que enviuvara recentemente. Com uma Comitiva de 600 pessoas, os Polo deixaram Khambaliq em uma viagem de retorno. Visitaram Cipango (Japão), e desceram, até Ciamba (Vietnã). A viagem só se tornava cada vez mais incrível e inusitada. Quando chegaram em Iava (Bornéu), depararam com tribos canibais, idólatras que incorporavam o diabo em conjunção com civilizações avançadas que suportavam até erupções vulcânicas. Ao chegarem em Iava Menor (Sumatra), foram pegos pelas monções, que os obrigaram a permanecer por lá por cinco longos meses. Essa ilha possuía portos modernos e prósperos, e tribos que atacavam qualquer forasteiro que fosse. Alguns assemelhavam até mesmo a macacos, tamanha a selvageria de seus atos.

Findados estes cinco meses, conseguiram, após passa por ilhas lindíssimas e perigosas, chegar à costa de Malabar. Marco ficou maravilhado com a Índia, muito colorida e com uma população extremamente bizarra em seus costumes, que adoravam deuses de mil braços e centenas de cabeças, ou animais como o elefante, o rato e o boi, sendo que este último era extremamente proibido consumir a carne, sob a pena de morte a alguém que fizesse mal a algum animal desta espécie. Marco também observou, no Ceilão, o túmulo do primeiro homem que virou deus: Sidharta Gautama, ou Buda, um príncipe que, desiludido com as desigualdades do mundo, preferiu se esconder nas montanhas para viver uma vida de total pureza, até a sua morte. Ao deixarem a Costa Leste da Índia, foram para a perigosa cidade portuária de Chesmacora, famosa por seus corsários implacáveis. Tiveram muita sorte de terem passado por uma região tão diversa e incrível como é a Índia.

Setor 6 - A reta final da Viagem.

Após deixarem a incrível Índia, os Polo e seu séquito chegaram na ilha cristã de Socotra, onde viram a atividade ilegal dos Corsário, que atacava os idólatras e os Sarracenos na costa da Índia ,para abastecer o mercado negro dentro da ilha. Saindo de lá, foram para a exótica Madagascar, onde os mais maravilhosos e diferentes animais habitavam suas florestas. Havia relatos de grifos na região, que tinham força de suspender elefantes. De Madagascar, aportaram em Zanzibar, famosa ilha que vendia o melhor marfim do mundo. Partiram para a Abissínia, Terra Cristã próxima à Arábia, até chegarem finalmente, em Hormuz Novamente, após atravessarem Áden e Musqat. De Hormuz seguiram para Pharsa, onde foram, finalmente, entregar a princesa para o Imperador persa Arghun-Khan, mas este já havia falecido, cabendo ao seu filho, Mahmud Ghãzãn. Da pérsia à Sibéria, Rússia e Lacca, chegaram ao Mar Negro, onde finalmente retornaram para casa. Foi uma festa e uma grande surpresa, já que os três foram dados como mortos. O legado deles não seria apenas Literário. Trouxeram maravilhas orientais como a Pólvora, o Sorvete, o Leite em Pó, os aparelhos de navegação. Legado este que transformaria para sempre a história do mundo.

Setor 7 - De gênio a louco: O Inspirador dos aventureiros d'além Mar

Marco Polo, mesmo polemizado na época, morreu abastado e feliz, pois sabia que havia sido um dos mais sábios e experientes homens de toda a história da Europa. Além de produtos, conhecimentos científicos e técnicas trazidos da China, ele insipirou o homem europeu a singrar o Mar. Cristóvão Colombo, genovês, era fã do mercador. E este, sem medo de cair no abismo ao poente, acabou por chegar na América. Assim também fez Vasco da Gama, que testemunhou a veracidade dos relatos de Zanzibar, Madagascar, e da Própria Índia. Fernão de Magalhães foi vítima dos tão falados canibais nas Filipinas, e Pedro Álvares Cabral foi batizar um país que tinha uma madeira parecidíssima com a que florescia em Malabar: o Pau Brasil.

Seja inspirando os grandes navegadores a provar que a terra é redonda, a precisão geográfica de Marco Polo é assustadora. Ele deu origem realmente a uma nova era para o mundo, a era do intercâmbio cultural e, futuramente, à Globalização.

Globalização, tamanha, que rende até samba!

Autor do Enredo: Eduardo Tannús