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Seria injusto não falar de você, Beth Carvalho. Esse é o Botafogo que eu gosto! (Botafogo Samba Clube - 2020) Carnavalesco: Rodrigo Marques
♫ Coisinha do Pai… “Você vale ouro todo o meu tesouro Tão formosa da cabeça aos pés Vou lhe amando lhe adorando Digo mais uma vez Agradeço a Deus por que lhe fez…” 1♫ Apesar de possuir uma extensa lista de prêmios recebidos dentro do Brasil e no exterior aliado a uma carreira recheada de prestígio, Beth Carvalho jamais poderia esperar que teria sua música levada para fora do planeta Terra. Este fato ocorrera em idos dos anos 90, quando sua música “Coisinha do Pai”, composta pelos sambistas Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos foi acionada por engenheira brasileira da NASA, em uma missão para acordar um robô em Marte. A partir daí, podemos dizer que Beth se tornou uma cantora interplanetária, feito este inédito para um artista brasileiro. ♫ Andança… “Vim, tanta areia andei Da lua cheia eu sei Uma saudade imensa Vagando em verso eu vim Vestido de cetim Na mão direita, rosas Vou levar…” 2♫ O primeiro contato de Beth Carvalho com a música começou cedo, tendo sua família papel fundamental para tal. Aos 8 anos, teve como inspiração canções de Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, grandes amigos de seu pai, que a levava com frequência aos ensaios das escolas de samba. Já sua mãe, tocava piano. Portanto, agregado a essas inspirações paternas, Beth viria a despertar futuramente sua veia artística, tornando-se sambista. Na adolescência, inspirada pela bossa nova, começou a tocar violão e acabou virando professora de música. Beth começava a respirar o samba e, rompendo barreiras acabou dando voz a gênios esquecidos. Passou então a gravar sambas-enredo numa época em que apenas homens o fazia, tornando assim pioneira no segmento. ♫ As rosas não falam… “Bate outra vez Com esperanças o meu coração Pois já vai terminando o verão Enfim…” 3♫ Embaixo do pé de uma tamarineira conheceu o tradicional bloco carnavalesco Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, local frequentado por ela durante sua infância. Sendo uma grande admiradora do bloco carnavalesco, Beth ajudou a dar fama internacional ao Cacique de Ramos, através de “Caciqueando”. Outro reduto da música que teve grande relevância em sua formação pessoal e profissional foi a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Foi lá que Beth Carvalho cantou uma vez e se encantou para sempre. Daí, acabou se aproximando de Cartola e Nelson Cavaquinho, dois grandes gênios, assumindo assim o papel de madrinha do samba desde então. Anos depois, quando já era uma sambista batizada, crismada e torcedora da mangueira, Beth seria evidenciada na rival Portela, que reconheceu nela a importância da união e amizade por através da música, recebendo esta homenagem das mãos da Velha Guarda portelense. Foi um reconhecimento pelo fato de ela ser a cantora que mais gravou canções dos compositores da tradicional agremiação de Madureira. E por falar em Carnaval, agremiações como Unidos do Cabuçu e Alegria da Zona Sul já dedicaram desfiles a Madrinha do Samba. ♫ Camarão que Dorme a Onda Leva… “Não pense que meu coração Não pense que meu coração é de papel Não brinque com o meu interior Camarão que dorme a onda leva Hoje é o dia da caça, amanhã do caçador E camarão que dorme Camarão que dorme a onda leva Hoje é dia da caça, amanhã do caçador…” 4♫ Com todas essas referências culturais, Beth atingiria o ápice de sua carreira sendo agraciada com o Grammy Latino, anos depois. Dona de uma voz única e interpretações memoráveis, imortalizou clássicos do samba de diversas épocas, entre os quais Andança (de Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), Folhas Secas (de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), O Mundo é um Moinho e As Rosas não Falam (ambas de Cartola). Seu sucesso era tanto que rompia fronteiras. E independentemente da barreira linguística, Beth se apresentava em vários palcos do exterior, alegrando o público com um bom samba e empolgando nações. Exibiu-se em importantes cidades do continente americano, bem como na Europa e na África. O dom de Beth de resgatar e revelar inúmeros músicos e compositores é sempre lembrado. Entre seus muitos afilhados estão Zeca Pagodinho, o grupo Fundo de Quintal, Arlindo Cruz e Jorge Aragão. ♫ Esse é o Botafogo que eu gosto… “Esse é o Botafogo que eu gosto Esse é o Botafogo que eu conheço Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus Deixa eu festejar que eu mereço…” 5♫ Se por um lado seu coração passou a bater mais forte pelo verde e rosa da Mangueira, por outro já batia preto e branco no futebol desde o berço. Foi dentro de casa que Beth aprendeu a carregar no peito a Estrela Solitária. Fã confessa da habilidade e classe de Nilton Santos, soube, quando o conheceu, que era ídolo do ídolo. Mas foi com a folha-seca de Didi e com os dribles de Garrincha que acabou se empolgando. Anos depois, quando já cantora, jogadores como Jairzinho, Paulo Cesar Caju, Marinho Bruxa, Afonsinho tornaram seus amigos nos encontros no Cacique de Ramos. Bem depois, em 1995, teve com Túlio Maravilha seu momento inesquecível como torcedora do clube que se sagraria campeão brasileiro naquele mesmo ano. Sua paixão por futebol era tão grande que ela acabou se casando com um jogador de futebol, tendo gerado sua única filha, Luana. Beth Carvalho dizia: “Não existe no mundo nada mais emocionante do que ser enredo de uma escola de samba. É a maior consagração que um artista pode ter”. Sendo assim, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Botafogo Samba Clube levará para 2020 o enredo “Seria injusto não falar de você, Beth Carvalho. Esse é o Botafogo que eu gosto!” Festejaremos lá! Uma homenagem à Beth Carvalho. Trecho 1: Música – Coisinha do Pai Trecho 2: Música – Andança Trecho 3: Música – As Rosas não Falam Trecho 4: Música – Camarão que Dorme a Onda Leva Trecho 5: Música – Esse é o Botafogo que eu gosto |
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