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Do Ventre da Terra, Raízes para o Mundo (Unidos de Bangu - 2019) nos quais, passo ante passo, a comunidade enaltece, com a força, o suor e o sangue vermelho do Pavilhão, as histórias de vitórias e devoção! E nesse caminhar engajado e emocionado, grita, Bangu, bem alto! Ferve a Sapucaí hoje e sempre! Entra forte na avenida com os Deuses à frente, pois grandes raízes têm as mais fortes sementes! O tapete da vitória, assim, se estende, e com lágrimas de alegria, louros e glória a toda tua gente! Tapete estendido para a estória então, Vêm os deuses coroar dando, à grande raiz, a criação! Inti, o Deus Sol que tudo abrange, a ela concedeu energia! Pacha Mama, com as mãos dedicadas à semeação, ofereceu, à raiz, a força da vida: nutriu-lhe de nutrição, predestinou-a à satisfação. Do alto da Cordilheira ao sul do mundo, a qual tocava os céus, desciam as raízes que, incessantes, alimentariam nobres reis e o povaréu! Era a predestinação: matar a fome nos quatro cantos de forma simples, sem coroação, mas carregado, o tubérculo, de força, sublime realização. Sorrindo-lhe a bem-aventurança divina, atravessou o mar com espanhóis para aportar na Europa. Esparramou-se nos solos da terra de lá, ofertando-se a raiz dos Incas ao antigo continente, requinte de bondade andina com os esfomeados, coitados! Boa fartura no lugar das revezes, e a beleza das flores do tubérculo na lapela dos reis que a olhavam de soslaio. Pois, sem lugar na Bíblia, primeiro causou dúvida e espanto; o medo, a fome, contudo, suplantando! Na dor das barrigas vazias, venceu, o tubérculo, o cansaço: reis ordenaram sua plantação, papas comiam-no, pela saúde, em oração, e, enfim, a aceitação: eis a raiz de um Novo em um Velho Mundo, os pilares de toda refeição, a base alimentar! O mundo sonhando sem a dor da fome! A raiz, potente, fazendo seu nome. Sem interromper as teias do destino, surgiram novos caminhos! À época da vinda da Família Real, aportou, a raiz, nesta terra indígena postulada por Cabral. E, aqui, os deuses do alto da Cordilheira reviram seus irmãos da Floresta: Sumé, sábio, recebeu a raiz parecida com a já conhecida por matar a fome dos seus, Jetica, mais doce do que a nova trazida, e a fartura das duas raízes, comungadas: roças firmes para ambas em juntas moradas. Velho e Novo mundos (re)unidos em plantação! Pelas bandas de cá, as raízes estiveram e chegaram com a imigração. O nobre feito de matar fome de um mundo inteiro dada às mãos do trabalhador brasileiro, aos seus pés rachados na terra dura sem esmero, às enxadas firmes para manter a vida da raiz, para nós e por ela! A força que vem do tubérculo usado para plantar ele próprio, batendo forte, pelo sustento, o rijo ferro na mãe-terra! Comam, pois, mundo inteiro! Brasil, vocação para celeiro! Finaliza, portanto, Bangu, teu canto nesta festa animada, saudando aquilo que, quando nasce, comem todos, e, dela, não sobra nada; confraternizando com aquilo que, quando nasce, espalha rama pelo chão! Eis, aqui hoje, querido pavilhão, a raiz que, convenhamos, precisa ser nomeada? Pelo sim, pelo não, está aí a homenagem: um grande salve à guerreira batata. Edson Pereira e Alex Oliveira |
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