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Eternamente
Bangu (Unidos de Bangu - 2014) O Sol
brilha intenso. O raiar das luzes anunciam um novo tempo. Das terras
desbravadas, o simples homem do campo sonha com dias melhores. O
plantio é farto e a colheita é plena. As raízes do
solo ganham vida e solidez nessa terra regada a lágrimas e suor.
Grandes festas se constroem. Camponeses a agradecer o farto sinal
divino de dias melhores. A Fazenda Bangu está instalada.
É consagrada pelo plantio, pelo cultivo e uma forte onda acelerada. Do Barão de Itacuruçá, ao novo proprietário, uma sociedade ali formada. O açúcar, o arroz, a farinha são produtos raros nessa região, onde, de grão em grão, ideias surgem como um novo embrião. É a desapropriação e uma fazenda em extinção. O lúdico vira real, um sonho se torna a construção de um grande galpão. A antiga fazenda agora é lucro para a região. A Companhia Progresso Industrial é criada e com ela um projeto arrojado: fazer de um único espaço, um ponto inicial a um bairro administrado. Os imigrantes vão chegando e são bem-vindos: italianos, brasileiros e ingleses no mais arrojado projeto já encomendado. Os produtores se animam. Renova-se a esperança de um povo. A festa convida a sociedade, prestigiando uma nova comunidade, de emprego, moradia e igualdade. A Fábrica Bangu está instalada, a estrada de ferro dá o sustento, de locomoção e movimento. Os grandes responsáveis, os operários após uma viagem, começaram a cantarolar. O som e o canto a entoar uma nota sublime que um dia iria vigorar. Em tons de poesia, cantam-se o Cassino Bangu, um novo espaço de ritmos, som e cor. Como toda organização, o progresso vem surgindo. Do bloco carnavalesco Flor da Lira, Prazeres dos Morenos e outros mais que desfilariam de forma feliz e capaz. A paróquia foi outra grande conquista onde a burguesia estaria presente, prestigiando os seus descendentes. É o bairro em euforia, contente com o progresso conquistado e o trabalho bem realizado. Nas telonas o mundo se resume, os filmes estreiam em cartazes luminosos de poesia e cultura. E quem diria que nesse bairro surgiria um clube, uma paixão que o coração mantinha. Era o campeão carioca em tudo o que disputava: o Bangu Atlético Clube de corpo e alma lavada. Torcedores em festa, na avenida e na arquibancada. Surge um grito de gol, um sorriso e o eterno amor dos seus camaradas. Criado e bem pensado, um desfile descobriria talentos e rostos que, um dia, ganhariam o mundo e tudo o que quisessem. É o concurso mais famoso, mais disputado e mais adorado. Lá, certamente, dançava-se nas discotecas desse agora organizado bairro. Movimentos e compassos no ritmo da dança, nos bailes da madrugada, onde até mesmo a arte se mantinha, posteriormente, filmando o incrível filme “Meu pé de laranja lima”. O tempo se aproxima, os projetos ganham efeito de fato e direito. A Estátua da Liberdade, em Vila Kennedy, foi instalada como o símbolo de um novo momento econômico e arquitetônico. O AP de Bangu se reconhecia. Prédios em pé, diversas moradias. Sonhos realizados e um trabalhador motivado. Vem guardando noite e dia, a segurança ali se mantinha. Surge, naquele momento, um presídio sem movimento, cultivando dor e arrependimento. A cultura ganha vida, a Lona Cultural Hermeto Pascoal. Capoeira, desenho e violão embalam uma nova canção. Consagrados pela beleza, voltamos ao centro de toda nobreza. Calçadão reformado, o cartão postal de um bairro tão amado. Ah, minha Bangu! De uma fábrica desativada, a um comércio em plena expansão. O Shopping remonta uma história de suor, sacrifício e paixão. Faremos nossas compras sabendo que ali foi o início dessa fundação. Mas como todo sambista, seremos o grande artista. O samba é o sangue em nossas veias a passar. Não importa o tempo de uma casa de bamba; retorna nesse tamborim, uma incrível escola de samba. Unidos de Bangu, faz seu brilho reluzir em sua comunidade, acelerando o progresso de uma nova sociedade. É a escola de samba, voltando no pensamento de quem um dia criou e esperou viver esse momento. “Eternamente Bangu” Texto: Ney Junior Composição e revisão: Barbara Santos |
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