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SINOPSE
2011
Moro onde não Mora Ninguém, mas Sambo onde Você Samba Também Bom dia, boa tarde, boa noite. Queria
lhe pedir uns minutinhos de atenção. Meu nome é
Antônio, nasci no Rio de Janeiro em Agosto de 1942, mas isso
não importa muito.
Sabe, seu moço, a minha vida
foi difícil. Nasci e cresci no Morro da Providência, no meio da
miséria e da violência. O meu pai, era músico, mas
perdi quando ainda era menino. Assim, passei a trabalhar para sustentar
a minha mãe, que era faxineira lá no Morro. Aos 18,
entrei para a Aeronáutica, mas acabei sendo expulso. Fugia
sistemáticamente para viver um de meus maiores prazeres: as
mulheres.
A minha vida profissional
começou como Office-Boy da Embaixada da Alemanha, no Rio de
Janeiro, mas o batente começou mesmo lá na extinta
TELERJ, como um simples técnico projetista. Mas, apesar do samba
ter começado pelo telefone, meu negócio não era
ser técnico projetista não. Eu queria mesmo era ser um
cantador !
Cantador. Isso mesmo, seu
moço! Cantar, fazer o povo feliz, fazer meu pé de meia, e
quem sabe, até aparecer nessa Televisão, que corre o
mundo de meu Deus. E foi assim que começava a minha
história como um cantador. De Samba, Baião,
Romântico, um Forró, um samba-enredo ou até mesmo
um Partido Alto. Sabe aquelas músicas populares, de boemia,
tomando uma cachacinha, comendo uma lingüiça e beijando na
boca uma menina de cabelos longos? Era disso que eu gostava, seu
moço.
Nos anos 70, a garotada só
queria saber de Tropicalismo, cabelos ao vento, o
iê-iê-iê, cantar contra a Ditadura Militar. Me
chamavam de brega, de malicioso e até de bizarro. Mas eu fui a
luta. Em 1975, ao lado do amigo Canário, lancei num compacto
minha primeira canção, que até o Wando regravou,
era mais ou menos assim:
Moro... Onde não mora ninguém
Onde não passa ninguém
Onde não vive ninguém
É lá onde moro
Que eu me sinto bem...
Não dava nem pra acreditar.
Gente, o meu compacto virou sucesso! E com essa canção,
eu finalmente ganhava as rádios e vitrolas deste meu
país. 950.000 cópias. E foi a partir daí que eu
começava a minha carreira pra valer.
Com um terno e um par de sapatos,
igualmente brancos e um estilo pra lá de
romântico-sensual, passei a embalar os bailes do interior do
Brasil. Mas a resistência da imprensa e das Rádios FM
não iam embora. Era difícil lutar contra a mídia e
esse pessoal de música mais sofisticada. Ninguém queria
saber de mim não. Mas até que um amigão de
São Paulo, chamado Gilberto Vasconcelos, me apelidou de
Sambão-Jóia.
E, três anos depois, veio o
segundo LP. Porém, a música mais famosa deste disco,
tinha um balanço tão gostoso que dizia assim, olha:
Êi...Êi....Êi !
Menina de Cabelos Longos
Quero te levar pra longe
No primeiro bonde
A gente pode partir
...
Pra comer, beber, dormir...
Pra comer, beber, dormir...
... e não pagar
Com tanta gente nesse meu Brasil
ouvindo minhas músicas, após o compacto de 1975, surgiram
mais um, dois, três LPs. E junto do trabalho ao lado de parceiros
maravilhosos, veio o reconhecimento. E, no balanço do
romantismo, do samba e do baião, fui parar na grande
mídia. Em 1984, eu tive até uma canção que
foi parar na novela "Vereda Tropical", da Rede Globo. Era a "Deixa Eu
Te Amar". Com essa canção tocando toda hora na novela, e
a novela fazendo bonito na audiência, o disco atingiu um
milhão de cópias. É isso mesmo. Fui o primeiro
artista de samba a vender um milhão de cópias e ganhei
uma Mercedes da gravadora. Virei até capa da Revista Veja dois
anos depois! Isso mesmo, a imprensa que não queria nada comigo
nem com minhas músicas, nos anos 70, veja você, agora eu
era reportagem de capa da principal revista deste país
tão popular.
Ah, e a música que estourou na novela? Canta comigo, canta...
Deixa eu te amar
Faz de conta que sou o primeiro
Na beleza deste teu olhar
Eu quero estar o tempo inteiro
Depois da novela e da capa da
revista, não tinha mais volta. Eu finalmente era um cantador
reconhecido pelo povo do Brasil. Meu som, apesar de simples, era
sucesso. E, graças a Deus, não demorou para outros discos
e canções surgirem. Logo virei figurinha carimbada no
programa do meu amigo Abelardo Barbosa. O Cassino do Chacrinha. Um dos
programas de auditório mais famosos do Brasil, quem diria, me
recebia por sábados e sábados. E, ao som de "Virou
Mania", "Dona do Meu Ser", "Cama e Mesa", Cheiro de Primavera", "Boca
de Mel" entre várias canções de meus LPs, ao lado
de tantos parceiros queridos, eram várias tardes e noites
felizes, em programas de TV.
Seu moço, esqueci de te falar
uma coisa. Assim como você, eu também gostava muito de
escola de samba. E, como não podia deixar de ser, entrei para a
Ala de Compositores da nossa querida Portela. Não só da
azul e branco de Madureira, mas tinha um carinho imenso pelas escolas e
seus grandes baluartes. Além de concorrer com sambas-enredo na
Portela, poder regravar clássicos como "Das Maravilhas do Mar,
Fez-se o Esplendor de Uma Noite", "Festa Profana", "Portela na
Avenida", entre outros, pra mim, foi um prazer. Minha Portela
querida... Que saudades de você.
E vieram novos sucessos, novos
parceiros, novas gravadoras. Era "Ilê Ayê" pra cá,
era "Minha Cachaça" pra lá e a felicidade, que eu sempre
quis pro Morro do Juramento e pra todo esse meu Brasil, era real. O
tempo passou, e até que um dia, recebi um chamado daquele que a
vida inteira, agradeci imensamente por cada canção e cada
sucesso.
É que o negócio ali
pros lados do andar de cima, estava muito monótono, sem
graça. Ali não morava ninguém, não passava
ninguém, e o Criador me chamou para fazer, ao lado de anjos e
querubins, um lindo "Forró em Cachoeira", com um coqueiro alto e
um cachorro magro amarrado por lá. Afinal, se ali é mesmo
o paraíso, era preciso ter um pouquinho mais de alegria.
Já tem quinze anos que eu me mudei pra lá.
Hoje, sou saudades aqui na terra.
Mas, olha só. Sempre que quiser se lembrar de mim, só
lembrar daquela menina dos cabelos longos e olhar pra uma estrela, que
lá de cima, eu estou olhando por você também. Eu
quero sempre te ver com um sorriso no rosto.
Ah, o meu nome artístico?
Esqueci de dizer. Antônio Gilson Porfírio, ao seu dispor.
Mas, se quiser, pode me chamar simplesmente de Agepê. Muito
obrigado pela atenção, moço. Seja feliz aí
na terra que eu também sou bem feliz aqui em cima, sendo
homenageado pela Bambas Sambario, escola onde você samba
também.
Ninguém calará nosso barracão!
Luís Butti
Carnavalesco G.R.E.S.V. Bambas Sambario
Texto e Pesquisa:
Luís Butti, Marco Maciel e Thiago Meiners
Logotipo: Lucas Vagner Milato Fontes:
Almanaque Anos 80 - Luiz André Alzer e Mariana Claudino, Ed. Ediouro.
Revista Veja - Janeiro 1986
Encarte Agepê - Coletânea Millenium 2000 – Universal Music
Equipe 2011: Presidente: Marco Maciel Carnavalescos: Leonardo Moreira e Luis Butti Intérprete: Antônio Carlos Pesquisadores: Luis Butti e Thiago Meiners COMO ENVIAR SEU SAMBA: Grave o áudio no formato "mp3" ou "wma" (recomendamos o editor de áudio Audacity para as gravações) e coloque a letra no formato "doc" ou "txt", a anexando também no campo de mensagem. Envie tudo em anexo para sambariobr@yahoo.com.bre você estará concorrendo no concurso de samba-enredo da Bambas Sambario. Quem integra outras ligas virtuais não pode concorrer na Bambas, de acordo com o regulamento da LIESV. Estamos recebendo sambas até às 23h59min do dia 6 de fevereiro de 2011. |
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