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Sinopse Arrastão 2008

Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 Anos de História (Arrastão de Cascadura - 2008)

Roteiro de Desfile:

1º Setor: Chegada da Família Real ao Brasil em 1808, sua ida para o Paço de São Cristóvão, e os principais feitos de seus ilustres moradores.

2º Setor: Transferência do Museu Nacional do Campo de Sant'Anna para o Paço de São Cristóvão e  seus acervos, como: Antropologia Biológica, Paleontologia, Arqueologia Brasileira, Arqueologia Greco-Romana, Gladiadores, África, Arqueologia Pré-Colombiana e a Etnologia Indígena Brasileira.

3º Setor: A história do Meteorito “Bendegó”, A Biblioteca do Museu, As exposições de Botânica, Entomologia, Invertebrados, Animais Empalhados, Egito Antigo, Ataúde/Sarcófago, A existência da “Torá” mais antiga do mundo e também As tentativas de vôo de Santos Dumont antes do 14 Bis.

Setores:

1º Paço de São Cristóvão: Nos séculos XVI e XVII, a área onde atualmente se localiza a Quinta da Boa Vista, integrava uma fazenda dos Jesuítas nos arredores da cidade do Rio de Janeiro.  Com a expulsão da Ordem em 1759, à propriedade foi desmembrada, tendo passado à posse de particulares. Quando da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808, a Quinta pertencia ao comerciante português Elias Antônio Lopes, que havia feito erguer, por volta de 1803, um casarão sobre uma colina, da qual se tinha uma boa vista da baía de Guanabara – o que deu origem ao atual nome de Quinta da Boa Vista. Dada a carência de espaços residenciais na cidade  do Rio de Janeiro de 1808, diante da chegada da Família Real e de cerca de quinze mil pessoas da Corte Portuguesa, Elias doou  a sua propriedade ao Príncipe-Regente D. João e sua esposa Carlota Joaquina, que decidiram transformá-la em Residência Real. Após o seu casamento em 1817, D. Pedro, filho de D. João, e a Imperatriz, D. Leopoldina, passaram a residir no paço.  Ali nasceram a futura Rainha de Portugal, D. Maria II (1819), e o futuro Imperador do Brasil, D. Pedro II em 1825.  Em 1826, a Imperatriz faleceu de parto.  Em 1882 D. Pedro proclamou a independência do Brasil. No Palácio cresceu, foi educado e viveu D. Pedro II, que com sua paixão pela ciência mantinha um laboratório de astronomia no Paço. Em 1846 nasceu a Princesa Isabel, filha de D. Pedro II e Dona Teresa Cristina.  Em 1888 a Princesa assinou a lei Áurea, libertando os escravos. Com o fim da monarquia e o banimento da família imperial em novembro de 1889 o antigo Paço de São Cristóvão foi palco, em poucos meses depois, do leilão dos pertences do antigo monarca. Em 1891, o palácio passou a sediar a primeira Constituinte Republicana.

2º Museu Nacional: O Museu Nacional está vinculado a UFRJ.  É a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e antropológica da América Latina. Criado por D.João VI, em 06 de junho de 1818 e, inicialmente, sediado no Campo de Sant'Anna, serviu para atender ao interesses de promoção do progresso cultural e econômico no país.  Originalmente denominado de Museu Real, atualmente o Museu integra a estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Alojar-se no Paço de São Cristóvão, a partir de 1892 - residência da Família Imperial brasileira até 1889 - deu ao Museu um caráter ímpar frente às outras instituições do gênero. O Museu Nacional reúne os maiores acervos científicos da América Latina, laboratórios de pesquisa e cursos de pós-graduação. As peças que compõem as exposições abertas ao público (cerca de ·três mil atualmente) são parte dos 20 milhões de itens das coleções científicas conservadas e estudadas pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Invertebrados, Vertebrados, Geologia e Paleontologia. O Museu dispõe ainda de um Horto Botânico e de uma Biblioteca Central (aberta ao público) situados na parte sul da Quinta da Boa Vista.

ACERVOS:

ANTROPOLOGIA BIOLÓGICA: Exposição que apresenta a história do processo evolutivo humano, que se inicia com o Australopithecus  aferensis e o Homo habilis há 4,6 milhões de anos até o Homo sapiens moderno presente atualmente.

PALEONTOLOGIA: No Museu Nacional está a réplica do esqueleto do dinossauro brasileiro Maxakalisaurus topai, um herbívoro de 9 toneladas e 13 metros de comprimento, que viveu há cerca de 80 milhões de anos na região do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. É o primeiro dinossauro brasileiro de grande porte montado no país.  Há também esqueletos de preguiça gigante, tigre dente-de-sabre, baleias e outros.

ARQUEOLOGIA BRASILEIRA: A primeira sala da exposição está à reconstituição da provável face de ‘Luzia’ — o fóssil humano mais antigo das Américas —, assim como a réplica de seu crânio original. A segunda sala exibe artefatos de povos mais antigos encontrados nos sambaquis, que são elevações construídas principalmente com restos de animais (conchas, ossos de peixes, aves, mamíferos e répteis), mas onde se encontram também esqueletos humanos. Os maiores sambaquis estão em Santa Catarina e chegam a ter mais de 30 metros de altura. A terceira e última sala deste circuito, conta com exemplares dos grupos indígenas Tupi-guarani e das culturas amazônicas Marajoara, Miracanguera, Maracá e Santarém (urnas funerárias, chocalhos, pratos, tigelas, tangas rituais, vasos, ídolos, muiraquitãs, etc.).

ARQUEOLOGIA GRECO-ROMANA: Nas salas de culturas do Mediterrâneo do Museu Nacional encontramos diversos utensílios gregos, etruscos e romanos que faziam parte da coleção Tereza Cristina, esposa do Imperador Dom Pedro II. Entre as mais de 700 peças dessa coleção, destacam-se, os afrescos de Pompéia – tipo de  pintura que é feita sob o estuque ainda úmido – que são muito encontrados em residências e prédios públicos. Os afrescos mostram cenas com elementos arquitetônicos, plantas e animais. Pompéia era uma cidade pertencente ao Império Romano que foi destruída pelo vulcão Vesúvio no ano de 79 d.C. Também as ânforas, recipientes para armazenamento e transporte de vinho, azeite, molhos e cereais, eram jarros com duas alças verticais paralelas ao colo que tiveram importância fundamental para a operacionalidade do comércio greco-romano.

OS GLADIADORES: Quando os combatentes chegavam em frente à plataforma do imperador, saudavam-no com a seguinte exclamação: ”AVE, IMPERATOR, MORITURI SALUTANT!” Tradução: “SALVE, IMPERADOR, OS QUE VÃO MORRER TE SAÚDAM!?”

ÁFRICA: Esta exposição apresenta um precioso material da costa ocidental africana, que inclui objetos de uso cotidiano (adereços e trançados), esculturas e máscaras rituais, instrumentos musicais (flauta, valica, chocalhos e tambores), armas de caça adornadas com grande riqueza de detalhes, além de um importante trono sagrado do Daomé.

ARQUEOLOGIA PRÉ-COLOMBIANA: História e cultura dos povos pré-colombianos. Estes povos alcançaram um elevado grau de desenvolvimento econômico, social e cultural até a chegada dos europeus à América.

ETNOLOGIA INDÍGENA BRASILEIRA: Apresenta peças de diversos grupos indígenas do território brasileiro, destacando-se uma máscara ritual Tukuna em forma de onça; duas esculturas em gesso de índios Xavante e Botocudo, respectivamente, pertencentes à Exposição Antropológica de 1882; cerâmicas da Coleção Rondon; cerâmica Karajá; canoas e remos; plumárias dos índios Kaingang e um manto, um diadema e um capacete Juruna.

3º Meteoritos: Meteoritos são fragmentos de asteróides, cometas, satélites naturais e planetas, que se chocam com a Terra. Destaca-se nesta exposição o meteorito “Bendegó”, o maior já caído em terras brasileiras, que leva este nome em homenagem ao riacho em que foi encontrado por vaqueiros no interior da Bahia em 1794.  Em 1886, Dom Pedro II mandou trazer este meteorito para o Rio de Janeiro, devido ao seu peso (mais de cinco mil kg) só pode ser transferido de carroça numa viagem que durou 126 dias.  Em 1925, Albert Einstein visitou o Museu para conhecer “Bendegó”, já famoso no mundo todo.

BIBLIOTECA: A Biblioteca do Museu Nacional é especializada em Ciências Naturais e Antropológicas, contando com o rico e extenso acervo que compreende, dentre outras publicações, livros e periódicos de séculos passados. O acervo totaliza cerca de 470.000 volumes.  Em suas competências, a Biblioteca tem a função de apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão do Museu Nacional e desenvolver serviços e produtos para difusão da informação.

BOTÂNICA: Estudo de milhares de exemplares de plantas, algumas com finalidade medicinal.

ENTOMOLOGIA: Estudo dos insetos. Milhares deles, de todos os tipos e tamanhos.

INVERTEBRADOS: Exposição de moluscos, conchas, animais do fundo do mar, crustáceos e etc.

ANIMAIS EMPALHADOS: Centenas de répteis, mamíferos, aves e peixes empalhados.

EGITO ANTIGO: A Coleção Egípcia do Museu Nacional é uma das mais antigas e importantes do gênero na América do Sul e a terceira maior do mundo, reconhecida por sua importância e seu valor arqueológico, histórico, científico e artístico. A maioria de seu acervo foi arrematada por D. Pedro I em 1826, em leilão realizado na antiga Praça XV, quando da passagem do mercador italiano Nicolau Fiengo pelo Rio de Janeiro. De fato, Fiengo partira de Marselha com destino a Buenos Aires, para vender a sua coleção de antiguidades egípcias e clássicas. Por sua vez, adquiridas as peças, D. Pedro I às doou ao então Museu Real. Posteriormente, D. Pedro II acrescentou novos itens ao acervo.

A DIFERENÇA ENTRE ATAÚDE E SARCÓFAGO: Sarcófago é a denominação mais correta para designar os “caixões” de pedra. Na exposição do Museu Nacional só encontraremos ataúdes, feitos de cicômoro, uma madeira porosa que com o tempo seca e fica bem leve.

CURIOSIDADES: É importante dizer que no acervo do Museu está uma “TORA” (livro sagrado dos judeus) originária do Iêmen com cerca de oitocentos anos, provavelmente a mais antiga do mundo.  E que Santos Dumont fez algumas tentativas de vôo com um pequeno propulsor amarrado na cintura e que saiu menos de um metro do chão nos jardins do Museu antes de criar o 14 Bis.

Glossário:

PAÇO – Palácio.

FAMÍLIA REAL – Família que foi obrigada a deixar sua pátria(Portugal), vindo para o Brasil.

QUINTA – Propriedade agrícola.

DOM JOÃO – Chegou ao Brasil príncipe e mais tarde foi coroado rei, com o título de Dom João VI.

DONA CARLOTA JOAQUINA – Esposa de Dom João.

DOM PEDRO I – Filho e herdeiro de Dom João, passa a governar o Brasil após o retorno de seu pai a Portugal.

DONA LEOPOLDINA – Esposa de Dom Pedro I, filha do imperador da Áustria.

DOM PEDRO II – Filho e herdeiro de Dom Pedro I, governou o Brasil por 50 anos.

PRINCESA ISABEL – Filha de Dom Pedro II.

INDEPENDÊNCIA – Ato de Dom Pedro I, que separa o Brasil de Portugal.

LEI ÁUREA – Ato da Princesa Isabel, que liberta definitivamente os escravos no Brasil.

MONARQUIA – Forma de governo em que o poder supremo é do monarca.

MONARCA – Soberano, quem domina.

MUSEU – Coleção de objetos de arte, cultura, ciências naturais, etnologia, história, etc... local destinado a estudo.

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro.

ANTROPÓLOGIA – Conjunto de estudos sobre o homem, como ser animal, social e moral.

BOTÂNICA – Ciência que tem como objetivo o conhecimento dos vegetais.

ENTOMOLOGIA – Parte da zoologia que trata dos insetos.

BIBLIOTECA – Coleção de livros, dispostos ordenadamente.

GEOLOGIA – Ciência que trata da origem e constituição da terra, reveladas pelas rochas.

PALEONTOLOGIA – Estudo de espécies desaparecidas, baseado em fósseis.

DINOSSAURO – Répteis gigantes, já extintos do planeta.

HORTO – Pequeno terreno onde se cultivam plantas próprias de jardim.

FÓSSIL HUMANO – Restos de corpos encontrados na terra.

INDÍGENA – Pessoa natural do país, aborígine.

ARQUEOLOGIA – Ciência das coisas antigas, estudo de antigas civilizações.

AFRESCO – Tipo de pintura que consiste em revestir paredes.

POMPÉIA – Cidade romana, foi destruída pelo vulcão Vesúvio.

VULCÃO – Orifício na crosta terrestre que dá saída a material magnético como: gases, fumaças, cinzas e lavas.

ÂNFORA – Grande vaso de barro com gargalo estreito e duas asas servia para conservar líquidos.

GLADIADOR – Homem que, nos circos romanos combatia contra outros homens e contra feras, para divertir o público.

DAOMÉ – Região da antiga África, de onde vieram muitos escravos para o Brasil.

PRÉ-COLOMBIANA – Fase anterior à era Colombo e seus descobrimentos.

ETNOLOGIA – Ciência que trata da divisão da humanidade em raças.

BOTÂNICA – Ciência que tem por objetivo o conhecimento dos vegetais e a descrição dos seus caracteres.

ENTOMOLOGIA – Parte da zoologia que trata dos insetos.

INVERTEBRADOS – Animal sem vértebras, que não tem esqueleto interno.

MOLUSCO – Animal mole.

CONCHA – Invólucro duro e calcário de animais.

CRUSTÁCEO – Animal que tem crosta.

EMPALHADO – Mesmo que embalsamado.

IÊMEN – Reino do sudoeste da Arábia.

INCAS  - Povo indígena que foi conquistado pelos espanhóis.

Texto Complementar:

Museu Nacional: O Museu Nacional foi fundado pelo Rei de Portugal Dom João VI sob o nome de Museu Real, numa iniciativa de estimular a pesquisa científica no Brasil, até então uma imensa colônia selvagem e desconhecida para a ciência. Inicialmente o Museu abrigava exemplares botânicos e animais empalhados, especialmente aves, o que fez com que o velho prédio em que se localizava no Campo de Santana, no centro da cidade do Rio de Janeiro, ser conhecido como “Casa dos Pássaros”.

Em seguida, com o casamento do Imperador Dom Pedro I com a princesa Maria Leopoldina da Áustria, foram para o Brasil alguns dos maiores naturalistas do século XIX, como o von Spix e von Martius, que trabalharam para o Museu. Outros pesquisadores europeus, como Auguste de Saint-Hilaire e o Barão Langsdorff, contribuíram para a coleção de exemplares botânicos do Museu Real quando em suas expedições pelo Brasil.

No decorrer do século XIX, refletindo tanto as preferências do Imperador Dom PedroII quanto o interesse do público europeu, o Museu Nacional passou a investir nas áreas da antropologia, paleontologia e arqueologia. O próprio Imperador, um entusiasta de todos os ramos da ciência, contribuiu com diversas peças de arte egípcia, fósseis e exemplares botânicos, entre outros itens, obtidos por ele em suas viagens. Desta forma o Museu Nacional se modernizou e tornou-se o centro mais importante da América do Sul em História Natural e Ciências Humanas.

O Imperador ainda era uma figura muito popular no momento em que foi deposto, em 1889. Desta forma, os republicanos procuraram apagar os símbolos do Império. Um destes símbolos, o Paço de São Cristóvão, a residência oficial dos imperadores, tornou-se um local ocioso e que ainda representava o poder imperial. Então, em 1892, o Museu Nacional, com todo o seu acervo e seus pesquisadores, foi transferido da Casa dos Pássaros para o Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, onde se encontra até os dias de hoje.

Em 1946 o Museu passou a ser administrado pala Universidade do Brasil, atual UFRJ.

Os pesquisadores e suas salas ocupam boa parte do Paço e alguns prédios erguidos no Horto Botânico, na Quinta da Boa Vista. No Horto ainda encontra-se a maior biblioteca científica do Rio de Janeiro. Atualmente, o Museu Nacional oferece cursos de pós-graduação ligados à Universidade nas seguintes áreas: Antropologia Social, Botânica, Geologia, Paleontologia e Zoologia.

O Paço abriga exposição de um dos maiores acervos das Américas de animais empalhados, minerais, coleções de insetos, utensílios indígenas, múmias egípcias e sul-americanas, meteoritos, fósseis e achados arqueológicos.

Ricardo Netto (carnavalesco)