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Nasceu... balançou, dançou! (Arranco - 2012)
Nasceu... balançou, dançou! (Arranco - 2012)

Carnavalesco: Marco Antônio

Autores do Enredo: Jaime Arôxa, José Carlos Netto e Marquinhos do Toldo

Autor da sinopse: José Carlos Netto

A DANÇA é arte cênica que encanta os povos desde os primórdios da Civilização. Ao lado do Teatro e da Música, a dança é a arte que mais faz a cabeça de todos nós através dos tempos. O G.R.E.S. Arranco resolveu apostar nessa forma de lazer para apresentar o seu carnaval 2012.

Numa forma bem mais popular, o enredo traz um pouco da história da dança, que é tão grandiosa, e se confunde com a própria história da humanidade, com reflexos no surgimento dos folguedos populares que se espalharam mundo afora.

Nasceu o mundo, nasceu a dança! E o primeiro balanço que o corpo deu, nasceu o ritmo. Homens e mulheres da pré-história já encontravam as fórmulas de conectar o corpo com esse som, com esse balanço.

Já naquela época, esse balanço aliviava as dores fazendo abrir sorrisos. E o que era mais importante: estancava guerras, previa boas colheitas, assim como os dias de chuvas. Até mesmo, por incrível que pudesse parecer, as danças dos primórdios dos tempos, em certas ocasiões, imitavam o bailar das chamas das fogueiras que eram acesas para aquecerem os seres humanos.

O carnaval do Arranco começa por aí. Os fatos e lendas acontecidos ou criados no nascedouro do mundo abrirão o nosso desfile. Conta a lenda, ou o fato, que Shiva (ou Xiva) é Deus (Deva), o destruidor (ou transformador, renovador) na tradição hindu. Sendo que as primeiras representações surgiram no período Neolítico, por volta de 4000 a.C., na forma de Pashupatim, o “Senhor dos Animais”.

A YÔGA, cuja criação prática é dessa época, produz transformação física, mental e emocional, portanto, intimamente ligada à dança e a ele. Por isso, Shiva é o (a) Deus (a) supremo (a) da Dança, por onde passa e repousa toda a alegria de dançar.

No Egito milenar de Antão já se dançava em tributo ao poderoso Deus Osíris. Eram comuns as danças clássicas dos povos asiáticos da época. Na Grécia Clássica, a dança era seguidamente atrelada aos jogos, em particular aos Olímpicos.

A Dança se caracterizou, através dos séculos, pelo uso do corpo seguindo de movimentos improvisados, a chamada dança livre.

É comum, em todos os casos, a dança com passos cadenciados e acompanhados ao som e compasso de música (aqui no nosso caso, do samba), envolvendo expressão de
sentimentos potenciada por ela.

A Dança é assim mesmo. Ela tem o poder de inebriar quem a pratica, como também embriagar quem a assiste e ouve. Foi assim com os chefes hindus na Índia tribal, na casta da dinastia chinesa e no Egito dos Faraós.

Foi assim ainda na Roma Antiga, quando, no então território judeu dominado pelos romanos, a bela e lascívia princesa Salomé seduziu o cruel Rei Herodes e, através de uma dança erótica, conseguiu a cabeça do condestável João Batista, que vivia sentando a mamona em todo mundo.

A dança invadiu o Velho Mundo. E ao penetrar nos suntuosos salões dos castelos medievais acabou criando hábitos e tudo mais. Nos salões elegantes só dava a boa valsa e ela rapidamente ganhou o mundo.

Com a valsa, vieram e se expandiram outras formas, como o minueto e o tango. Este último por si só representa um capítulo como forma de dança pelo mundo afora. O balé clássico foi outra forma de dança que ganhou o mundo e hoje chega ao popular.

Além de manifestações regionais das mais populares, como o famoso Baile de Veneza e suas pomposas e elegantes fantasias e máscaras, citamos ainda a grande ópera Bolero de Ravel e os hilariantes Saltimbancos, que tantas e tantas gerações encantaram por todo mundo.

Como seria natural, a Dança ultrapassou os requintados salões chegando ao campo através das improvisações do povo camponês, dando início a forma mais rudimentar e autêntica que o mundo conhece de se dançar.

Quando a Dança da elite ganhou o mundo em forma de operetas e de outras manifestações, surgiram então dançarinos e bailarinos fenomenais, entre qual a grande
Isadora Ducan, cuja vida nos palcos ou salões representa um capítulo a parte na história da dança no mundo artístico.

Aqui no Brasil, apenas em preito de reconhecimento, o Arranco lembra e destaca a grande Ana Botafogo, que coloca DANÇA, em forma de delicadeza, no mais alto pedestal.

Também aplaudimos de pé a presença sempre constante de Débora Colker, que é sempre destaque em qualquer tipo de espetáculo que realiza e participa.

Há de se destacar ainda as colonizações europeias que, muitas vezes a ferro e fogo, trouxeram para o Novo Mundo o mistério e a leveza da dança. O conquistador europeu aqui já encontrou uma forma selvagem e rudimentar de dançar. Os selvagens brasileiros e americanos, bem como os povos da América Central, já dançavam em louvor aos seus primitivos deuses.

No Brasil não foi diferente. Primeiro os portugueses, que quando chegaram implantaram danças típicas da santa terrinha. Só que o índio nem se tocou. Restou aos galegos somente dançarem entre si. Mais tarde, com a chegada do negro vindo acorrentado da África, os lusitanos assistiram boquiabertos aos escravos caírem dentro da sua própria dança. Na verdade, os negros nas senzalas, campos ou canaviais dançavam batucando seus tambores em louvor aos seus próprios Orixás. Orixás estes que nasceram diante do sincretismo da religião do branco colonizador.

Todas as danças nascidas ou desenvolvidas no Brasil chegaram aos dias atuais em formas de folguedos populares de ruas e próprios de cada religião brasileira.
 
Por isso, a escola de samba Arranco rende tributo para todas estas manifestações, notadamente para ACADEMIAS DE DANÇAS, que vivem a tradição de que dançar é o melhor remédio de corpo e alma para todos nós.

A Dança, nascida com o princípio do mundo, hoje está presente nas escolas de samba através do gingar dos passistas; na evolução das alas no bailado do mestre-sala e porta-bandeira e, finalmente, nas soberbas coreografias musicais das modernas e tão bem ensaiadas COMISSÕES DE FRENTE. São justamente para elas as homenagens do Arranco no Carnaval 2012.