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Sacopenapã (Alegria da Zona Sul - 2014) Devoção e Fé
– O Batismo de Sacopenapã
A história e a riqueza cultural de Copacabana não têm sua origem baseada apenas na cultura brasileira. Há centenas de anos, Nossa Senhora de Copacabana – a padroeira e santa que deu nome ao lugar, era símbolo da fé de um povo proveniente das Américas. Uma tribo indígena do império Inca, que praticava rituais às margens do Lago Titicaca na Bolívia/Peru, trouxe para o Brasil a imagem da santa padroeira das águas – também conhecida como Nossa Senhora de Kopakawana (a deusa da fertilidade) – em uma expedição para acumular riquezas, como o ouro e a prata (final do séc. XVII). Ao desembarcarem no Brasil (em Copacabana), os índios peruanos, de origem Quíchua, construíram uma capela em meio a rochas e pequenas montanhas, à beira mar de Sacopenapã – primeiro nome de Copacabana, que significa “o caminho dos socós – aves raras” em tupi, para continuarem o culto a sua santa. Sacopenapã teve na fé a diversificação da sua cultura. Um bispo da igreja católica do Rio de Janeiro acreditou que Nossa Senhora de Copacabana (Kopakawana), a santa soberana das águas, salvou a vida de alguns pescadores nativos em alto-mar, durante um naufrágio. Dessa forma, o bispo da Igreja Católica do Rio de Janeiro emancipou Nossa Senhora de Copabacana (Kopakawana) em nossas terras e mandou construir uma igreja no alto das pedras, perto das águas do mar, em sua homenagem (séc. XVIII). A santa ganhou fiéis e seguidores, se tornando por aclamação nome do lugar e a virgem padroeira da “nova Copacabana”, a riqueza mais bonita que o Rio de Janeiro estava para conhecer. Um verdadeiro paraíso tropical. A Nova Copacabana O bairro passa ganhar vida e o povo a conhecer e visitar o lugar de Nossa Senhora de Copacabana. No início do século XIX, um grupo de artistas franceses veio para o Rio de Janeiro com a missão de transformar o pensamento da sociedade e as artes em geral. A missão revolucionou a sociedade e a arte carioca, transformando o Rio de Janeiro. Com mudanças no sistema acadêmico, houve uma difusão de idéias quanto às Belas Artes e à Arquitetura Neoclassicista. Copacabana acabou sendo o bairro que mais aderiu aos “ideais” franceses, se tornando a “morada” da arte francesa no Rio de Janeiro. Uma citação do pintor francês Jean Baptiste Debret em seu livro, “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, escrito quando o artista estava no Brasil para a Missão Artística Francesa, em 1834, mostra o quanto Copacabana passara a ser admirada, se tornando uma obra-prima do Rio de Janeiro. Junto da influência francesa, surge no bairro um novo um grupo de artistas. Os “vendedores de arte”, que faziam das ruas de Copacabana as suas paisagens, vendendo quadros com as belezas naturais do Rio de Janeiro. Os vendedores foram inspirados pelos artistas franceses que vieram para o Rio de Janeiro junto com a missão artística, trazendo consigo uma arte ainda desconhecida na cidade, a “arte natural”. Eis que o progresso trouxe para Copacabana traços da urbanização. Em 06 de julho de 1892 é inaugurado o primeiro túnel do bairro, abaixo do Morro da Vila Rica, integrando-o ao resto do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, a ampliação das linhas férreas (bondes) da Igreja de Nossa Senhora de Copacabana ao Forte do Leme trouxe para o bairro novas casas e ruas, principalmente após a inauguração da Avenida Atlântica, que separa o bairro da praia, abrigando também diversas personalidades. No inicio do século XX, devido aos avanços armamentistas e as evoluções na tecnologia naval, o Rio de Janeiro decidiu proteger a sua costa e construir uma fortaleza à beira-mar. Em 1914, o presidente da república, Marechal Hermes da Fonseca, inaugura o forte de Copacabana, a “Fortaleza na Ponta da Igrejinha”. Com grande apelo cultural, por ser construído junto à Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, o forte se torna um patrimônio, sendo hoje um dos cartões-postais da cidade. E assim, unindo progresso e arte, é construído em Copacabana o hotel mais luxuoso e famoso do Rio de Janeiro. Diversas vezes eleito como o melhor hotel da América do Sul, o Copacabana Palace foi projetado pelo arquiteto francês Joseph Guire, que se inspirou em grandes hotéis da Riviera Francesa. O hotel foi decorado com mármores e cristais importados e, consequentemente, marcou a era do “Luxo e do Requinte” no Rio de Janeiro, hospedando grandes astros da música, televisão, esporte, política e da alta sociedade. Dez anos após sua inauguração, o hotel já era famoso em todo o mundo, e assim se tornou inspiração cinematográfica, no musical americano "Flying Down to Rio". O filme conta uma história de amor em terras brasileiras. Copacabana Cultural Com a propagação de Copacabana nas telas do cinema americano, surge a “Terceira Cinelândia Carioca”, o lugar onde as estrelas internacionais e os grandes astros nacionais poderiam acompanhar os maiores sucessos do cinema americano que acabara de explodir. O Cine Americano (1916, primeiro cinema do bairro) sobreviveu durante décadas até o descaso de governantes, que o transformaram em um cassino. O único que resiste de tempos antigos é o Roxy, um “palácio cinematográfico”, referência na história do cinema carioca. E Copacabana, com seu ar de poesia, abraçou os poetas. Suas riquezas naturais se transformaram em inspiração para músicas de um novo estilo musical que estava surgindo. A música popular brasileira via estourar em suas casas de shows, a Bossa Nova. Com influências do Jazz americano e do samba naturalmente brasileiro, a Bossa Nova fez com que sambistas e estrelas da música internacional se unissem ao clima romântico que o Rio de Janeiro e Copacabana exalavam. Consagrados nomes da música se tornaram adeptos e criaram em Copacabana (meados dos anos 50 e 60) o Beco das Garrafas - primeira morada do estilo que iria revolucionar a música do Brasil, que, com seus bares, boates e cabarés, se firmava como o centro de artistas e personalidades do Rio de Janeiro e o bairro seguia sua evolução natural, tornando-se um “refúgio da arte e da cultura”. O dedilhar de um violão à beira-mar... Canções de amor... Tudo deixava de ser apenas um sonho, e se tornava símbolo do nosso bairro. Um desses grandes músicos, pioneiros na Bossa Nova, fez de Copacabana sua musa inspiradora para uma canção que tocou no sentimento do carioca. Antônio Carlos Jobim – Tom Jobim – interpretava a canção de João de Barro e Alberto Ribeiro, uma das mais belas canções em homenagem a toda beleza do bairro carioca. Tal músico, aliado a outros grandes artistas como Nara Leão e Braguinha, consagrou uma travessa sem saída, chamada de Duvivier, que fez sucesso durante anos, fazendo da noite em Copacabana a morada da boemia e da boa música. Assim, o bairro se desenvolvia... Seu pedaço de terra passara a ser disputado por muitos. Lugares rústicos e pobres são adotados por pessoas humildes e trabalhadoras... Dos barracos das favelas “chiques” de Copacabana, surgiam versos e melodias geniais, de mestres do samba... Bezerra da Silva, Doca, Alcides Fernandes, Haroldo Santos... A arte popular se prosperava ali. A poesia e a boêmia carnavalesca desceram os becos e ladeiras para conquistar toda a cidade... Com desenvolvimento de misturas de ritmos musicais, surgem as marchinhas, e o carnaval de rua passa a ganhar destaque no cenário nacional, principalmente em Copacabana. As ruas enfeitadas... confetes e serpentinas, amores e paixões de um tempo que parecia infinito... O bairro se tornava o lugar onde bailes e blocos gostavam de brincar. Seu chão era romântico, o clima nostálgico encantava... Afinal, quem não se divertia no famoso “banho de mar a fantasia”? A Princesinha do Mar – Um Cartão-Postal do Brasil E assim, de mãos dadas com a alegria... Vamos terminar de onde começamos, com fé... Fé que batizou esse lugar, fé capaz de fazer o homem sucumbir a todos os defeitos de uma vida, que refaz o seu sincretismo na terra e no mar. Nossa Senhora de Copacabana recebe de braços abertos, Iemanjá, a Rainha do Mar. Todo ano, antes da tradicional festa de réveillon, é organizada uma festa em forma de procissão, homenageando a rainha e abrindo os caminhos para o ano que virá. Iemanjá, santidade de religiões afro-brasileiras, é louvada e adorada no Brasil, tendo milhares de fiéis que seguem este ritual desde 1950, quando um grupo de candomblecistas fez pela 1ª vez a procissão em direção ao mar de Copacabana, levando oferendas, perfumes, frutas, espelhos, jóias e flores, para pedir paz, amor, prosperidade, felicidade e sorte para o próximo ano. A procissão segue o seu cortejo e no final, um barco é jogado ao mar com os pedidos dos devotos, agradecendo ou pedindo a chegada de ano melhor. Hoje, Copacabana recebe e sente o seu povo... É o lugar onde cada um pode sentir a paz e o clima ideal para viver. É ideal para a terceira idade... É ideal para os esportes graças a sua orla... É ideal para eventos culturais e artísticos... Sua história mostrou que Copacabana pode receber tudo e todos com o mesmo carinho. E o destino colocou Copacabana no caminho do Alegria da Zona Sul. Teu centenário se confunde com a nossa fundação (1992). Junto ao samba, criou mais um capítulo na sua história. Da inspiração de poetas boêmios, sambistas de fato e apaixonados por carnaval, nasce uma jóia. De uma fusão de dois blocos carnavalescos, no dia 28 de junho de 1992, o Alegria da Zona Sul se torna a “minha escola do coração”. Escola que não esquece suas raízes e nem os talentos e mestres do seu passado. O nome de Copacabana está no altar do samba. Vamos admirar toda beleza que a vida pode nos oferecer e agradecer o presente que a natureza nos deu. Com a bênção da padroeira e da grande rainha do mar, o G.R.E.S. Alegria da Zona Sul tem fé e faz a sua louvação. Que hoje a nossa terra seja ainda mais abençoada e nos traga a tão sonhada vitória. SACOPENAPÃ! |
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