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Oxóssi, o Caçador (Acadêmicos da Abolição - 2017) JUSTIFICATIVAO
G.R.E.S. Acadêmicos da Abolição desbravará
novos rumos nesse carnaval, construindo uma nova história e
vislumbrando um destino promissor, colhendo velhos frutos e plantando
novos, sem perder a essência dessa comunidade que tanto se
orgulha em clamar “Sou Abolição!”.
Com gana de vitória, em 2017 apostaremos na juventude dessa nação, na força de vontade, na dedicação, e na garra de quem ama de verdade a verde e branco da Zona Norte. Òke Aro! Arolé! Com o intuito de sintetizar um novo conto, com uma nova roupagem e novos destinos, o G.R.E.S. Acadêmicos da Abolição apresenta “Oxóssi, o Caçador”. O enredo baseia-se em algumas das lendas e histórias de Oxóssi, o orixá da caça, da fartura e do sustento, o senhor das florestas e de todos os seres que nela habitam. SETORIZAÇÃO SETOR 01: A Origem de Oxóssi – O Caçador de uma flecha só SETOR 02: Oxóssi - O Orixá da mata. E de Ossain. SETOR 03: O Rio de Iemanjá SETOR 04: Oxóssi no Brasil SINOPSE Há muito tempo, na cidade de Ifé, no continente africano, comemorava-se o fim da colheita do inhame em uma grande festividade, evento que marca o início do ano Yorubá. A fim de agradecer a fartura e o bom proveito, parte do que havia sido colhido era ofertada aos deuses. O clima de festa e paz, portanto, pouco durou. Após a divisão, as mulheres pássaros, as Yami Oxorongá, indignadas com o esquecimento dos homens, derramaram sua fúria sobre aquela terra. Por vingança, enviaram um grande pássaro, que trouxe sob suas asas o medo e a destruição. As pessoas se desesperaram e buscaram se esconder, uma vasta sombra tomou a cidade. Vendo tamanho o caos, Olofin, rei de ifé, convocou os melhores arqueiros para salvar a província e ordenou que fosse atirada a flecha certeira a fim de libertar seu povo da maldição. Para combater o grande pássaro do medo, foram chamados Oxotadotá, o arqueiro das 50 flechas de Ilarê, Oxotogi, o arqueiro das 40 flechas de Morê, e Oxotogum, o arqueiro das 20 flechas de Idô. Todos dispararam seu arsenal, mas nenhuma das várias flechas acertou o animal, e eles acabaram aprisionados por ordem do rei. De Irém, vinha a última esperança: era Oxotocanxoxô, o caçador de uma só flecha. Temendo que seu destino fosse o mesmo dos outros guerreiros, a mãe do jovem entregou seu desespero a um babalaô, que consultou o Ifá, e disse que a vida do caçador estava entre a morte e a felicidade, e só uma oferenda às mulheres pássaros seria capaz de transformar a desgraça na bonança. O sacrifício então foi feito, e a ave aterrorizante abriu suas asas. Oxotocanxoxô atirou e a única flecha do jovem guerreiro atravessou o peito do pássaro do mal. A sombra do medo aos poucos foi dando lugar à luz da bonança. Era novamente dia. A terrível ave teria sucumbido, e todos cantaram em louvor ao caçador, que passou a ser chamado de Oxóssi, que na língua Ketu, significa “O Caçador Oxô é Popular”. Depois de um tempo, Oxóssi passou a morar com os irmãos Exú e Ogum, nos territórios da mãe, Iemanjá. Exú era o mais complicado dos três e acabou sendo mandado embora pela mãe. Assim, só ficaram Oxóssi e Ogum caçando nas matas. Iemanjá teve um mau pressentimento e consultou o futuro ao babalaô: para que o guerreiro de uma só flecha não corresse perigo, ela deveria proibi-lo de caçar na floresta, pois poderia ser enfeitiçado por Ossain, que ali habitava. O caçador, porém, não ouviu sua mãe e continuou a se aventurar pela floresta escondido. Num determinado dia, Oxóssi saiu para caçar, mas não voltou. No meio da floresta, o caçador encontrou Ossain, que o ofereceu uma poção misturada com folhas. O Deus da caça bebeu do líquido e sua memória se apagou: ele não lembrava mais quem era, nem onde morava. Assim, ficou vivendo na floresta até que Ogum sentiu sua ausência e decidiu resgatar o irmão mais novo. Encontrou-o vagando sem rumo e levou-o até a presença da mãe, que se recusou a receber o filho. Ogum ficou indignado e decidiu ir embora das terras da mãe. Oxóssi, ainda sem memória, foi caminhando para a floresta até que não mais se ouviu falar do guerreiro. Vendo que seus três filhos não estavam mais perto dela, Iemanjá chorou um rio de tristeza: suas lágrimas ganharam curso junto à sua dor e se transformaram num volumoso rio. O rio em que se transformou Iemanjá veio a desaguar no Rio de Janeiro, trazendo na memória de suas águas, as lembranças dos grandes feitos do caçador de uma flecha só. Seus adoradores, que por muito tempo foram impedidos de cultuá-lo, viram no martírio de São Sebastião a imagem do caçador. No Rio, tornou-se São Sebastião, padroeiro da cidade e dos filhos guerreiros da Acadêmicos da Abolição. Oxóssi passou a viver nas florestas brasileiras cuidando para que a fartura nunca faltasse na mesa de seus filhos. Na umbanda, criou sua legião: os caboclos, que trabalham com as forças da natureza para questões de saúde, vitalidade e a quebra de correntes espirituais negativas. Na avenida, somos todos guerreiros, unidos em prol de um ideal. Que a sabedoria de Oxóssi em conciliar suas forças guie cada alma e cada mente em nosso desfile. Salve o rei da mata, rei de Ketu, rei da caça! Òke Aro! “Eu vi chover, eu vi relampear. Mas mesmo assim o céu estava azul. Samborê, Pemba, Folha de Jurema Oxóssi reina de norte a sul” Autor do Enredo: Lucas Milato Pesquisa, desenvolvimento e texto: Lucas Milato, João Francisco Dantas e Leandro Thomaz. |
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