PRINCIPAL    EQUIPE    LIVRO DE VISITAS    LINKS    ARQUIVO DE ATUALIZAÇÕES    ARQUIVO DE COLUNAS    CONTATO

SILVINHO DO PANDEIRO

SILVINHO DO PANDEIRO

      

     

        Nome Completo: Sílvio Pereira da Silva

 

 

        Ano de nascimento: 1935

 

 

       Ano de falecimento: 2001

                                                                     

Para a Portela, escola que detém o maior número de campeonatos no carnaval do Rio de Janeiro, nada mais justo que estar bem servida de bons intérpretes ao longo de sua história. O que ficou mais tempo com o microfone principal foi Silvinho do Pandeiro.

Durante 17 anos Silvinho foi o puxador oficial do pavilhão portelense. Tamanha era sua identificação com a escola que logo ficou conhecido também como Silvinho da Portela.

Começou a desfilar na azul e branco de Madureira aos 16 anos, na época em que a escola se firmou como a mais vitoriosa da história do carnaval carioca. Músico e frequentador das rodas de samba nos subúrbios de Oswaldo Cruz e Madureira, logo em seguida ingressou na ala de compositores da escola.

Nos anos 60, Silvinho fez parte do bloco carnavalesco Boêmios de Irajá, no qual atuava como ritmista e compositor. Ao lado dos ritmistas Elizeu e Jorginho Pessanha, fez parte da delegação brasileira que se apresentou no 1º Festival de Arte Negra, em Dakar, no Senegal, em 1966. Na ocasião, integrou o grupo de músicos que acompanhava Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Ataulfo Alves, Heitor dos Prazeres, Paulinho da Viola, entre outros.

Assim como seus contemporâneos Ney Vianna e Aroldo Melodia, Silvinho também viveu a transição do “puxador de samba” para o “intérprete”. Apesar de as escolas de samba sempre terem contado com pessoas responsáveis por puxar o canto, foi só muito mais tarde que surgiu a figura do intérprete oficial. Silvinho foi o primeiro a ocupar tal posto na Portela, estreando como puxador principal em 1969, com “Treze Naus”, samba composto por Ary do Cavaco.

Em 1970 Silvinho foi o vencedor do concurso de Cidadão Samba da cidade do Rio de Janeiro. Devido suas altas habilidades com o pandeiro, acabou incluindo o instrumento musical como sobrenome artístico. Vivenciou uma época áurea de sambas antológicos não só na história da Portela como na da própria MPB. Entre os sambas, cantou “Lendas e mistérios da Amazônia” (Catoni, Jabolô e Waltenir), de 1970; “Lapa em três tempos” (Ary do Cavaco e Rubens), de 1971; “Ilu-Ayê” (Cabana e Norival Reis), de 1972; “O mundo melhor de Pixinguinha” (Evaldo Gouvêa, Jair Amorim e Velha), de 1974; “Macunaíma” (David Corrêa e Norival Reis) e “Contos de Areia” (Dedé da Portela e Norival Reis). Em algumas oportunidades, teve o luxo de dividir o microfone com nomes do quilate de Clara Nunes, Candeia e David Corrêa, como no carnaval de 1975, no enredo “Macunaíma”.

Silvinho do Pandeiro gravou três discos em sua carreira fora do carnaval: dois LPs no ano de 1972 – e que foram batizados com seu nome – mais “Silvinho e Suas Cabrochas”, de 1978. No ano seguinte participou da coletânea pau-de-sebo “Cinco Grandes do Samba-Enredo”, que reuniu os puxadores Aroldo Melodia, Dominguinhos do Estácio e Ney Viana, a cantora Júlia Miranda, além do próprio Silvinho. Seis anos antes, em 1973, participara de um outro projeto, chamado “A Voz do Samba”, no qual interpretou duas músicas de sua autoria com parceiros: “Amor de Raiz” e “Escrevi”. O grupo A Voz do Samba era formado por sambistas de diferentes escolas, como os portelenses Silvinho e Walter Rosa, Noel Rosa de Oliveira (Salgueiro), Darcy (Mangueira) e um jovem compositor vindo das bandas de Vila Isabel chamado Martinho.

Na década de 80, Silvinho passou a integrar a ala de compositores da Unidos da Viradouro. Venceu vários carnavais cantando sambas na vermelho e branco do Barreto no tempo em que a escola desfilava na Avenida Amaral Ferrador, em Niterói. Na Portela, conquistou vários prêmios, entre eles, o Estandarte de Ouro de Melhor Intérprete, pela sua atuação no carnaval de 1983, cantando o samba-enredo “A ressurreição das coroas”, de Hilton Veneno e Mazinho da Piedade.

Silvinho fez seu último desfile na Portela em 1986. Já estava se acostumando com a aposentadoria como cantor de carnaval quando a diretoria do Império Serrano o convidou para gravar “Jorge Amado, Axé Brasil”, de autoria de Beto Sem Braço, Aluízio Machado, Bicalho e Arlindo Cruz, para o carnaval de 1989. No entanto, apenas gravou no disco, já que na avenida quem conduziu o samba foram Paulo Samara e Roger da Fazenda. Foi o último registro fonográfico com a voz de Silvinho em um disco oficial de samba-enredo. Em 1993, participou da coleção Escolas de Samba Enredo, produzida por Rildo Hora, para a gravadora Sony. No CD dedicado à Portela, colocou voz nos clássicos “Lendas e Mistérios da Amazônia” (1970) e “O Mundo Melhor de Pixinguinha” (1974), mostrando que ainda estava em plena forma vocal.

O cantor trabalhou em dois filmes. O primeiro, de forma indireta: em “A Idade da Terra”, o diretor Glauber Rocha filmou os desfiles de Arrastão de Cascadura, Portela, Salgueiro e União da Ilha no carnaval de 1978. É possível ouvir a voz de Silvinho cantando “Mulher à Brasileira” no trecho em que a Portela aparece, durante uma cena interpretada pelo ator Tarcísio Meira. O segundo trabalho cinematográfico aconteceu em “Orfeu”, de Cacá Diegues, no qual fez uma participação afetiva como figurante, numa cena em que toma uma xícara de café com o personagem do ator Paulo Tiefenthaler servida pela atriz Zezé Motta, que fazia o papel da mãe de Orfeu (vivido por Tony Garrido), nos primeiros dez minutos do filme.

Silvinho do Pandeiro faleceu às vésperas do carnaval de 2001, aos 66 anos, em decorrência de um câncer na próstata. Meses antes de falecer, participou da disputa de samba-enredo na Unidos do Viradouro, concorrendo com um samba de sua autoria. O veterano intérprete foi enterrado no cemitério de Inhaúma, no Rio. Deixou cinco filhos, 16 netos e quatro bisnetos.

 
INÍCIO: Bloco Carnavalesco Boêmios de Irajá, em meados da década de 60.
1969 a 1978 – Portela (microfone principal)
1979 a 1982 – Portela (apoio de David Corrêa)
1980 a 1983 – Unidos do Viradouro (microfone principal, desfile na Amaral Ferrador, em Niterói)
1984 a 1986 – Portela
1989 – Império Serrano (gravou a faixa no disco, mas não cantou na avenida)

GRITO DE GUERRA: Silvinho era da época em que o grito de guerra não era muito comum entre os puxadores. Só adotou o recurso a partir de 1983 e se limitava a bradar o nome da escola esticando as vogais, no caso, Pooorteeelaaa!! e Império Seerraaanooo!! em seu último registro fonográfico, no disco de 1989.

CACOS DE EMPOLGAÇÃO: Não era muito afeito a cacos. Às vezes destacava determinados trechos do samba com cacos cantados, casados com a harmonia do samba, geralmente fazendo a chamada com as primeiras palavras dos versos do samba.

SAMBAS DE SUA AUTORIA: “Amor em tom maior” (Viradouro/1981, com Passarinho e Zelito).

SUCESSOS:

“Um Grande Amor Se Acaba” (com Onofre do Catete e Xavier) – Canta: Neguinho da Beija-Flor no disco “É melhor sorrir” (Top Tape, 1982);
“Saudade Colorida” – Canta: Mestre Marçal no disco “Pela Sombra” (BMG, 1989); Canta: Silvinho do Pandeiro no disco “Os Cinco Grandes do Samba Enredo”;
“Samba Manifesto” (com Roberto Nunes) – Canta: Bezerra da Silva no disco “Violência gera Violência” (BMG, 1988);
“Só Lágrimas” (com Almir de Oliveira) – no disco Grêmio Recreativo Escola de Samba da Portela (1972).

PREMIAÇÕES:

Cidadão Samba em 1970.
Estandarte de Ouro: Intérprete (1983).

DISCOGRAFIA SOLO:

LP Silvinho do Pandeiro “Não Posso Ir Pro Samba Assim” (Continental, 1972)
LP Silvinho do Pandeiro “Andaraí Ê” (Musicolor/Continental, 1972)
LP Silvinho do Pandeiro e Suas Cabrochas (Polydor, 1978)

DISCOGRAFIA DE CARNAVAL:

LP Sambas Enredo Grupo 1 1969 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1970 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1971 AESEG (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1972 (faixa Portela)
LP Grêmio Recreativo Escola de Samba da Portela – Coletânea Pau-de-Sebo (Continental, 1972)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1973 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1974 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1976 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1977 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1 1978 (faixa Portela)
LP Cinco Grandes do Samba-Enredo – Coletânea Pau-de-Sebo (Entré/CBS, 1979)
LP Sambas Enredo Carnaval de Niterói 1981 (faixa Unidos do Viradouro)
LP Sambas Enredo Carnaval de Niterói 1982 (faixa Unidos do Viradouro)
LP Sambas Enredo Carnaval de Niterói 1983 (faixa Unidos do Viradouro)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1983 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1984 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1985 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1986 (faixa Portela)
LP Sambas Enredo Grupo 1-A 1989 (faixa Império Serrano)
CD Escolas de Sambas-Enredo Portela – Coletânea Sony (1993)

FILMOGRAFIA:

A Idade da Terra (1980, de Glauber Rocha)
Orfeu (1999, de Cacá Diegues)

MAIS FOTOS DE SILVINHO DO PANDEIRO

Silvinho canta, na avenida, o lindo samba "A Ressurreição das Coroas" durante o desfile portelense de 1983 e abocanha o seu único Estandarte de Ouro na carreira (merecia mais). Na primeira foto, ao seu lado, aparece Hilton Veneno, um dos autores do samba da Portela de 1983. Fotos by Rixxa Jr.

'

Na reprodução do desfile de 1983 pela Globo (foto: Juca Tatu)

'

Silvinho participando do "Cassino do Chacrinha" em 1984

Silvinho e o instrumento que lhe rendeu o sobrenome artístico em foto tirada no concurso em que foi eleito Cidadão Samba em 1970

'

Capa do 1º LP de Silvinho, de 1972

Capa do 2º LP de Silvinho, também lançado em 1972

'

Capa do disco Silvinho do Pandeiro e Suas Cabrochas (1978)

Silvinho (de camisa listrada) faz uma ponta no filme "Orfeu", atuando com Paulo Tiefenthaler (ao centro) e Zezé Motta (à dir.)

Com a faixa de Cidadão Samba
'

'Voltar à seção Intérpretes